CAPÍTULO 1

2584 Words
Charlote contornou os lábios lentamente com o batom rosado e olhou para o espelho, enquanto colocava a máscara branca, notou que o vestido havia ficado um tanto apertando no corpo, devia ser o nervosismo de semanas que a fazia comer demais. Era um vestido preto, como sua tristeza, justo na parte de cima, com um decote pequeno, com mangas de renda e que, ao chegar no quadril, caia até o joelho, estava com saltos altíssimos e aquilo assustava e a deixava com medo de caminhar, com medo da altura adicional. O cabelo estava solto e com a presilha por cima que evitava que o cabelo castanho invadisse o rosto e deixasse coberto os olhos castanhos. Ela era bonita, não apenas isso, ela tinha sua beleza diferente, um tanto padrão, mas que fazia ela ser notada como uma bela garota. Mas agora, como uma dama de preto, lindamente organizada por fora, diferente de dentro, que estava um completo caos e um completo vendaval de sentimentos. Por algum motivo, ela por fora estava diferente demais, hoje ela precisava estar assim, mas mulher e mais apresentável. Como nunca tinha sido antes, era importante isso acontecer. Mesmo que ela não ligasse pra isso, mas naquele dia era importante ela ser notada, tinha que alcançar seu objetivo e viver um pouco antes que a merda fosse concluída na vida dela. Ela odiava ficar apertada, mas agora precisava. Tinha planos. Na verdade, as pessoas fizeram planos para ela, planos que ela odiava ter que seguir. Se olhou no espelho e fechou os olhos, se lembrando o motivo daquele circo todo. Estava nervosa. Diferente de um homem que não estava muito longe dali, ele não tinha planos e nem sabia o que estava fazendo ali tão cedo, precisava estar na cidade só daqui a alguns dias, mas ele estava ali e não via a hora de rever sua querida noiva e futura esposa. Algo já planejado e algo elaborado. Teria uma festa e ele estaria nela, pra se aproximar de forma sutil e não forçada da garota. Foi assim que Dominik Barette iria chamar ela, querida noiva. Ele precisava dela para um acordo entre família e política, claro que não seria um sacrifício. Nenhum pouco. Ele conhecia a sua futura mulher, ele havia escolhido ela, pela beleza e pela alegria que tanto ouviu falar. Se fosse pra conviver com alguém desse jeito, que seja com alguém simpático. Ele era doze anos mais velho, tinha nesse tempo várias coisas a oferecer, entre essas coisas, podia oferecer um companheiro. Sabia que teria que a pegar e a colocar em uma cadeira, conversar atentamente sobre tudo, sobre as regras e a lei. Ele já estava a par que ela ficou assustada, que se recusava a aceitar aquilo numa boa. Ele tinha alguém que estava a olhando, desde o dia que foi anunciado para todos. Foi uma completa bagunça. Ele só quis agilizar, poderia ter feito tudo como manda o manual, mas ele odiava seguir o manual. Foi mais fácil escolher e ter. Dominik estava satisfeito, só não agora, estava com problemas longe dali, mas precisava estar naquela festa e se apresentar para sua dama, de uma vez por toda, definitivamente. Ficava pensando qual seria a reação dela ao ficar de frente para ele. Ficar na frente de um homem de quase dois metros de altura e com cara de bravo. Ela já devia ter visto foto dele e até não simpatizado com ele, ele entendia. Vejam, ele era o primogênito da família Barette, ele era conhecido por ter quase uma arma no meio do peito. Dominik não parecia que tinha a idade que tinha, na verdade ele nem agia na faixa de idade. Idade era número e ele odiava números. Gostava de humanas. Quando ficasse de frente Charlote, não saberia o que iria falar, ele iria respirar fundo e lembrar de todas as fotos que havia visto dela e só depois, analisar atentamente aquele rosto e começar a falar com ela. Como a noiva dele. Cada detalhe e, claro, ouvir o que ela irei querer em troca da união dos dois, havia uma garota que só ficou sabendo de tudo dias atrás, ele sabia que mesmo falando, haveria problemas graves em relação ao que ela fosse falar. Então ele, além do acordo com a família dela, precisava fazer um com ela, para ela aceitar aquilo. Dominik Barette estava esperando que ao olhar pra ele, ela se soltasse e não levasse aquilo como uma obrigação. Pelos céus, ele sabia que estava no século 21. Talvez o rostinho bonito podia ajudar e talvez facilitar o casamento que aconteceria em breve. E ele queria que não fosse uma dor de cabeça para ele. Dominik era bem franco ao dizer de si mesmo, um grande homem em tamanho e em beleza. Mulher nenhuma o havia negado, nenhuma que ele quis. E ele queria a sua noiva. Queria matar dois coelhos com um tiro só. Pow! Quando cruzou pela escada, atravessado e ainda arrumando a gravata, lembrou do detalhe: a máscara. Foi até os seguranças do lugar com máscaras pretas cobrindo todo o rosto, mas como ele era esquecido, ele não havia lembrado desse detalhe, foi aí que ajeitou o terno e foi até um dos homens de preto, não demorou a sair dali com uma máscara e entrar pela porta do salão e ver tudo e todos e ele só pensou em por fim a sua curiosidade em relação a Charlote. Foi quando pegou uma taça e começou a caminhar, não queria cumprimentos de ninguém. Ninguém sabia que ele estava ali, isso deixava ele muito satisfeito e com a máscara o deixava perfeito. Era um Barette, mas naquele momento era só um homem em meio a sociedade. Mas por mais que ele quisesses, ele não conseguia achar ela, sua mulher. Procurava e só via gente e mais gente, nem sabia o motivo da festa, não sabia se era apenas para diversão ou se tinha algum motivo fixo pra tudo aquilo. Não importava. Foi nesse pensamento do não importava, que viu uma mulher de preto, totalmente, parecia um anjo perfeito. Estava bem perto das entradas dos jardins. Dominik sorriu, era ela. Cada curva dela e cada passo dela o fazia vibrar. Ela era melhor pessoalmente que por foto, tinha que admitir. Dominik era bem aberto muito preparado, não havia erro ao começar a caminhar. Nenhum. Só o fato que ele estava a seguindo, e ele não fazia ideia para onde ela estava indo. Apenas a seguiu. Vendo cada gesto perfeito e como o modo dela andar era bonito. Charlote viu por canto de olho, que havia alguém a seguindo, não sabia se ficava feliz ou gritava de nervosismo. Ela tinha que ter coragem e determinação no que iria fazer agora. Era perfeito o plano, ela se afastou bastante pra poder se virar e encarar, ainda de longe, o homem que a seguia. E por Deus, era alto e ainda estava todo de preto, com as mesmas máscaras dos seguranças. Logo ela deduziu ser um deles e se fosse um aceitável, ela iria para a parte B do plano. – Você está me seguindo? – Eu... - Dominik abriu a boca, mas fechou quando Charlote se aproximou, parecia calma demais. O que ela estava fazendo? – Sabe quem eu sou? - Dominik sorriu e negou com a cabeça, se era um jogo, ele iria jogar. Ela não sabia quem ele era. Interessante, muito interessante. - Responda, por favor. – Você é a filha do governador, certo? – A voz, firme e confiante fez ela se arrepiar. Ele servia. - O que está fazendo aqui? Charlote era a filha do governador, podia ser perigoso ela estar ali. O governador não era lá um homem que descuidada da segurança dos filhos, ainda mais da garotinha dos olhos dele. Charlote se aproximou e ficou a um passo dele, sentiu um perfume bom atravessar suas narinas. Era gostoso. Olhou para os olhos e a boca do homem a sua frente, era a única coisa clara. Claro que também tinha a altura e ombros largos. Era um belo segurança, havia cabelos pretos e tinha um sorriso chamativo demais. Olha, poderia jurar que era Deus mandado uma luz e coragem. Ela precisava aproveitar aquele momento e deslizar, sair da linha e não de preocupar com quem era e o que fazia. - Me dá um beijo? - Charlote suspirou, medrosa como sempre, mas dessa vez era um medo decidido. Aos dezenove anos ela pedia a um estranho um beijo, um que ela queria tentar. O cara embaixo da máscara poderia ser feio e até ter bafo, mas era a aventura que ela procurava. Do outro ponto de vista, Dominik ficou alerta, quis tirar a máscara e falar que era ele, que ele era dela e ela dele. Mas o momento era muito estranho e ela havia pedido um beijo, para um estranho que ela nem conhecia. Ela realmente não sabia que não era ele? E ele não pode deixar de ficar irritado com o fato dela ser, talvez ou provavelmente, fútil demais por tal ato. Tudo bem que ela devia ter uma vida antes dele, mas essa vida não era lá engraçada ao pedir beijos para alguém que seguiu ela e ela nem conhecia. Era estranho até pra ela, uma garota calma e tranquila. – Um beijo? - Tentou lidar com aquilo da melhor maneira, mas por segundos, viu uma mulher que estava divina, lindamente divina, sentiu-se até empolgado com o fato de beijá-la,se não fosse ele, seria um estranho? Pelos céus, aquilo realmente incomodou ele. - Você não vai se casar? Está noiva, não esta? Ela imaginou, se ele não estivesse usando uma máscara iria ver uma sobrancelha levantada no escuro. Dominik colocou as cartas na mesa, mas foi aí que teve uma surpresa, um sorriso lindo da parte dela. O que era tudo aquilo? – Meu noivo é um i****a, anda, vai beijar ou não? - Charlote sabia que era um risco o que estava fazendo. - Acho melhor voltar de onde você veio então, eu vou voltar para dentro. Houve uma chateação antiga, aquela de terem medo de ficar com ela, pelo simples fato dela ser a filha do governador, na escola isso era pior, quando ficaram e beijavam ela saim de gabando, não por ela, mas pelo status que ela carregava, estava cansada disso. Queria algo simples e singelo. Mas nunca havia conhecido isso e nem tido a experiência, talvez se fosse pra outro continente poderia conseguir isso numa boa, mas naquele momento não conseguiu. Charlote se virou, mas sentiu uma mão forte no seu braço e um puxão, que a fez ficar de perna bamba e contra o peito de um homem alto que a olhava nos olhos. Ela mordeu o lábio e se perguntou se ela estava realmente louca de fazer aquilo, de estar ali. Sua respiração prendeu quando viu que ele se aproximava, lentamente. Era um beijo. Charlote havia beijado pouquíssimo e sempre pensou se o beijo dela era bom, sendo ou não, ela fazia o melhor que podia. - Vou beijar você – A voz saiu tensa da boca dele, seu tom de voz não permitia qualquer argumento. Ele não queria pensar em muito. Só fazer. Beijar a boca rosada. E preferiu o segredo. Pelo menos agora. O escuro esconderia tudo. Ainda constrangida em falar o que ela queria, qual o objetivo, ela fechou os olhos, quando sentiu a boca quente tocar a dela. Ela paralisou, não conseguiu se mover ao sentir uma boca sobre a dela, sentiu um arrepio só com aquele gesto e quis parar por alguns bons segundos. Aquilo parecia coisa que uma garota rebelde faria, ela nunca foi tão levada assim, mas estava sendo, era assustador pensar o que as coisas levaram ela a fazer. Logo ela estaria casada com um homem que ela nem sabia se iria tratar ela bem ou não, então devia aproveitar outros antes de entrar naquilo. Era um pensamento fútil e até imoral de se fazer, mas para ela fazia um pouco de sentido, mais que isso, tinha uma lógica de viver o máximo que dava, tentar fazer de tudo antes do casamento ou evitar. Evitar já envolvia sair de casa e sumir no mundo, se a certeza de ter paz um dia. - Abra a sua boca, Charlote. – Ela se afastou assustada, sentiu ele segurar seu braço e sentiu ele a puxar com força até ficar colada de novo com ele, literalmente, colada ao peito forte dele, com as mãos comprimidas e sentindo seu peito subir e descer pelas respirações pesadas. Naquele momento ela viu que não poderia aproveitar um estranho, ele poderia ser um maníaco ou até um psicopata. Isso era horrível. – Você me pediu um beijo, eu vou te dar um. – Por favor, não… - Dominik poderia ser imprudente, mas agora já era, queria saber como era beijá-la, até ter vontade de parar. – Acho melhor me soltar, meu dia já está muito r**m, por favor, não faça isso comigo. Foi um erro. Eu não devia. Ele aliviou suas mãos, então deu um sorriso, o mais sincero que podia receber de um completo estranho. Ela pensou conhecer aquele sorriso, mas não tinha certeza. – Por que acha que seu dia esta r**m? – Charlote tremeu, mas não de medo, pela lembrança de ter que se casar. – Eu vou me casar com um homem que eu não quero, isso esta fazendo meu dia r**m, na verdade pode ser até a vida – Dominik queria tirar a máscara, mas se conteve. – Você nem ao menos o conhece, devia… -Qual o seu nome? - Perguntou tímida, com um sorriso mais firme e sapeca. Uma coisa que ela conseguia fazer era amizade, ela era tímida, mas aberta a conversar, poderia conhecer uma pessoa do nada e conversar sobre tudo. Quando Dominik abriu a boca para responder, ele escutou um pigareio atrás deles e se virou, dando de cara com o pai dela, olhando para a cena de sua filha próxima demais de um homem de preto, um que não era conhecido. O governador era um homem baixo e magro e sempre tinha a barba grande e o bigode, o bigode mais conhecido. – Atrapalho, Charlote? – a garota dos cabelos castanhos tremeu, dos pés a cabeça, apavorada, era assim que ela estava agora. O pai de Charlote era um homem bem sério, muitos tinham medo dele, esses muitos incluíam ela, e quando ela se levantou, lentamente, olhou para o pai com aquela carranca dele, bem, ela quis morrer, ou sumir dali, mas não dava para fazer isso, ela deu um sorriso fofo, meigo para o pai, tetando não passar o nervosismo ou passar as intenções ao estar com um homem grandão ali, sozinha, no escuro. Dominik observou, analisou e então tomou uma respiração firme, tirou a máscara e olhou para o homem, lentamente, até que o governador reconheceu, até demais, abrindo um sorriso. – Vejo que se conheceram – Charlote mudou a expressão de medo para confusão, se ela se virasse saberia o motivo da cana mudar de patamar, mas ela ficou encarando a cara conformada e de aceitação do pai. – Por que não vamos para o salão? – Pai? – Filha. – Eu sou seu noivo Charlote, muito prazer – Ela se virou para o homem, sua ficha caiu naquele momento. A voz subiu para a cabeça e o arrepio desceu por parte do corpo dela, lentamente. Puta merda, era o noivo dela.
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