Atitudes.= part II ( Violeta)

1541 Words
( Continuação) " Surpresas sempre são bem vindas, ainda mais quando eram tão ansiadas e desejadas." Por: Violeta . O dia havia chegado e eu segurava dentro de mim tanto a ansiedade quanto o nervosismo. Eram quinze horas e trinta minutos de uma quarta-feira e eu estava na sala do diretor do Hospital e Maternidade de Alegrete. _ Corremos um grande risco com o que a senhora está me pedindo. Sabe que hoje em dia qualquer um com um celular na mão pode causar estragos, não só na carreira, mas na vida dos outros. Estou arriscando o meu pescoço por permitir tal coisa, se alguém a deletar para a mãe das crianças, será o meu fim.- ele diz impaciente, tentando me fazer desistir do que pretendo. _O governador e o prefeito estão cientes. Tenho o aval deles e carta branca para agir.- respondo, firme e altiva com meus gestos e palavras. _ É certo que pessoas poderosas como a senhora e sua família tenham por trás de suas vontades esses figurões da política. Sei bem como as coisas funcionam nesse país e em outros cantos do mundo, senhora Grecco. No entanto, qualquer problema que surgir, quem vai segurar as consequências sou eu. - replica pensativo. _ Apenas deixe-me fazer. O senhor sabe controlar bem a língua dos seus funcionários, nada sairá do sigilo. - profiro, olhando nos olhos dele. _ A mãe das crianças, se souber, pode fazer um escândalo. - se expressa, batendo com a caneta em um bloco de papel. _ Ela não irá tão longe. Larissa encontrará portas fechadas, e eu me encarregarei disso. - falo, erguendo-me da cadeira. Geraldino suspira, sabendo que não terá outro jeito. Terei acesso aos bebês. Preciso ter livre acesso a eles. Muita coisa depende disso: um novo começo ou o fim de tudo. _ Jordana é a chefe geral da obstetrícia do hospital e irá te acompanhar. _ Não. Quero vê-los sozinha, sem a companhia de ninguém. - imponho minha vontade - apenas me diga quais berçários eles estão ocupando.- completo. _ Sinto muito, mas não posso deixar. Há mais recém-nascidos internados nesse local, além de levantar suspeitas dos demais funcionários e não poderá ficar por muito tempo, apenas alguns minutos. Os doutores suspeitaram se passar em demasia, a senhora entende, não? Fechei os meus olhos e respirei fundo, quase sacando a minha pistola e enfiando na cara do infeliz. Porém, se eu tivesse uma atitude tão precipitada, poderia colocar tudo a perder, e eu não estou disposta a isso. _ Apenas uma enfermeira e mais ninguém, por favor - peço. Sem médicos, sem perguntas, sem conversa ou especulações. _ Tudo bem, venha comigo que solicitarei à Gioconda, enfermeira chefe do setor, para lhe preparar e acompanhar, Jordana não será uma boa escolha, ela fará milhões de perguntas e não será conveniente para o momento. Terá de colocar um avental, touca, desinfetar as mãos, retirar relógios, anéis, pulseiras e brincos grandes e seguir os procedimentos padrões. Não o respondi. Seguimos por dentro do prédio e subimos para o segundo andar, onde sou totalmente preparada para adentrar na UTI neo-natal. Assim como pedi, tanto o corredor que dá acesso como boa parte do perímetro daquele setor estão vazios. _ Fique aqui e me espere, Antoni. Não deixe ninguém se aproximar enquanto nós estivermos lá dentro. _ Sim, senhora. Caminho seguindo a enfermeira e entro na sala iluminada. Sinto um suor frio descer pelas minhas costas e puxo uma lufada de ar abafado pela máscara. _ Os filhos de Larissa Medeiros Alencar? - pergunto, olhando ao redor e vendo várias incubadoras com bebês em seu interior, uns tão frágeis e feinhos que parecem filhotes de passarinho assim que rompem a proteção da casca do ovo. A mulher anda na minha frente e para perto de dois equipamentos que proporcionam a um recém-nascido um ambiente termoneutro, controlado pelos fatores fluxo de ar interior, umidade e temperatura. _ São esses, senhoras. - diz, olhando-me com curiosidade - Desculpe-me perguntar, mas qual é o seu interesse neles? A senhora é parente dos pequenos, bem que par... _ Meu interesse e o que eu sou ou deixo de ser das crianças não diz respeito a você. Estou sendo clara. - falo, erguendo meu queixo. Vejo a pele morena se tornar pálida e o olhar castanho da enfermeira ficar duro diante da minha áspera repreensão. _ Perdoe-me por ser tão invasiva, é que nunca tivemos um esquema diferente para receber uma simples visita a um interno. Só estou achando estranho - diz, sondando qual a minha intenção. Eu perguntarei para aquele magrelo do c****e qual parte das minhas exigências ele não escutou. A mulher fala mais do que deveria. Dou-lhe um olhar mortal, me volto para os bebês da Larissa e sinto meu estômago pesar. Me aproximo vagarosamente, meus olhos analisam o primeiro bebê, desvio para o segundo que parece ser mais forte, vejo os cabelos escuros e a pele sensível que reveste seu diminuto corpo. _ São dois meninos ou duas meninas? - pergunto para a enfermeira que se aproxima. _ É um casal, senhora, são gêmeos fraternos. "Um menino e uma menina. Ela teve uma menina, eu queria tanto ter dado à luz a uma também." - penso. _ Quem é o menino e a menina? _ Do seu lado esquerdo está o menino e no direito a menina. - responde - Deu para saber de quem eles herdaram os olhos lindos que eles têm. - diz olhando fixamente para o menino que mexe lentamente os pequenos membros. Ao ouvir isso, viro minha cabeça para a mulher. _ Olhos? - pergunto sem entender. _ Cinzas, como os da senhora. Quando a vi, notei imediatamente que é parente dos bebês, pela cor dos olhos. - diz levando seus dedos até os seus olhos, fazendo um círculo ovalado invisível. Engulo em seco, sinto um leve arrepio perpassar por meu corpo. Me viro para o bebê, que aos poucos abre suas pequenas pálpebras. Quase dou um grito quando vejo a cor de suas íris. Levo minhas mãos à minha boca, coberta pela máscara, e meus olhos se expandem. _ El... eles têm alguma marca de nascença? - pergunto, tentando deixar a minha voz o mais clara possível. _ Sim, uma mancha disforme perto do quadril, bem no fim das costas e início do glúteo direito. É algo bem raro, deve ser genético. Os dois têm e as manchas são iguais, apesar de serem gêmeos de placentas diferentes. - revela, sem saber o tamanho da emoção que está me causando. As lágrimas caem dos meus olhos sem controle algum. Meu coração se expande, meu interior vibra ao mesmo tempo que tenho vontade de rir tomada pela felicidade. Me ajoelho na sala, aos prantos, agradecendo aos céus por estar diante do que todos nós achamos impossível: a continuação da minha família, do meu sangue. A enfermeira fica exasperada diante da minha atitude e me ajuda a levantar. _ Eles são meus, são meus... são meus, Dio Santo! Dio Santo! Pietro é pai, meu filho é pai... - falo tocando a incubadora. Os olhares que recebo da mulher são de repreensão. Ela não sabe o que está acontecendo e nem o que aconteceu, portanto eu os ignoro com veemência. _ A senhora está muito nervosa, tremendo muito. Pode passar m*l. Vamos sair um pouquinho para beber uma água. _ Não. Eu quero vê-los mais um pouco. Quero saber como está a saúde deles? - pergunto, atropelando as palavras. Meu coração está disparado dentro do peito, minha respiração errática, e não consigo me conter. Me perco nesse mar de emoção, nessa confusão louca que me atinge em cheio. _ Os dois estão tendo um bom desenvolvimento. No início, tivemos medo pela menina, ela nasceu mais debilitada, com o apgar 1. No entanto, ela vem se mostrando uma vitoriosa. - diz, me amparando pelas costas. Minhas pernas perdem sua sustentabilidade, arrasto os pés no chão conforme nos afastamos para fora da UTI. Quando chegamos no corredor, Antoni vem correndo em minha direção com o semblante fechado. _ Algum problema, senhora? - pergunta, vendo o meu estado descompensado. _ Nenhum, eu só preciso de um tempo e depois podemos partir. - falo, aceitando o copo de água que a enfermeira me oferece. Olho para a mulher e, temendo que ela conte a Larissa sobre a minha visita, apelo para o emocional e a sensibilidade humana dela. _ Sou avó paterna dos bebês. A mãe não tem uma boa relação conosco, por isso eu vim visitá-los em sigilo. Te peço para não falar nada sobre minha estada aqui.- peço bebendo grandes goles de água. _ Que situação chata. Espero que vocês se acertem. A mãezinha dos bebês é bem novinha, mas a senhora precisa ver a dedicação dela com as crianças. - fala com admiração - Pode deixar que serei discreta, não se preocupe. - completa. _ Eu presumo que sim. - falo, lembrando das vezes em que fui injusta e fiz um péssimo julgamento da garota - obrigada pela discrição. - completo. Mas, Larissa, querendo ou não, aquelas crianças cresceram sob o meu olhar, no ceio da minha família, do meu clã e se for preciso, eu retiro a guarda dos meus netos da ragazza. ♡Continua.....................
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