O fim. ( Pietro)

2504 Words
"Simplismente pense bem antes de dizer algo a alguém, as palavras tem o poder de ferir e fazer um estrago bem grande!" Por: Pietro . A minha mala já está pronta, aguardando o dia amanhecer para eu retornar ao país de onde não deveria ter saído. Meu pai está em viagem desde quarta-feira, minha mãe reclusa em seu aposento e eu estou aqui no quarto que evitei desde o primeiro dia que pus meus pés nessa fazenda. _ Vim me despedir, meu bem. Hoje é meu último dia aqui. - falo para uma foto ampliada dela pendurada na parede - Sem você, tudo tem sido tão difícil, meu amor. Queria poder olhar nos seus olhos mais uma vez, ouvir o som da sua voz. Eu só queria ter seu abraço para ver se eu disfarço essa falta que sinto de você, poder ouvir o compasso do seu coração. É, Pâmela, está tudo tão pesado sem você. - desabafo para o vazio do nosso quarto, olhando para as nossas fotos em cima de um aparador. Abro a primeira gaveta do móvel e retiro de lá algumas cartas que escrevi para ela, corro meus olhos pelas juras de amor que registrei com minha letra. Pego um prendedor de cabelos que minha esposa costumava usar, lembro dos seus fios loiros e de como eu amava tocá-los. Cerro meus punhos. _ Nada mais importa se você não está mais aqui, minha donna. - murmuro, deixando o cômodo e fechando a porta. Sigo para o meu carro, acompanhado por meus seguranças. Estou indo para a tal festa, angariar mais alguns aliados através de propina. Ao longo do caminho, flashes do momento que conheci minha mulher explodem em minha mente. Olho para o meu relógio e falta pouco para as onze da noite. Quando chego ao local, sou levado para um camarote onde a nata da política de Alegrete está reunida, juntamente com outros fazendeiros da região e alguns figurões do ramo industrial. Não demora para eu ser apresentado por Francisco, um deputado "fechado" conosco, aos demais. A conversa desenrola facilmente, entre os presentes e, quando a oportunidade aparece, marco as reuniões com os indivíduos que tem uma importância significativa para termos ao nosso lado. Cansado de ter que aturar um bando de asnos que só pensam em dinheiro, me despeço de todos usando falsa simpatia e, com mais alguns contatos novos adicionados à minha agenda, deixo o local. Corto por meio da multidão que se aglomera para poder assistir ao show que terá início. Com muita dificuldade, chego a um espaço mais aberto banhado por uma iluminação parca. Paro ao ouvir o som de uma risada que me atrai, e quando olho para minha esquerda, vejo Larissa conversando com um grupo de meninas. A ragazza não percebe que estou a poucos metros dela, observando-a. Meus olhos descem pelo corpo da menina, que está coberto por um sobretudo vermelho, cor de sangue. Acompanho o leve balançar de seus fios, roçando em suas costas. Pego meu celular e faço uma ligação para a ragazza, observo quando a garota pega o seu aparelho e se afasta do grupo para poder me atender. _ Oi, Pietro.- fala colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. _ Vem comigo, bella mia.- falo com meus olhos presos nela. _ Não estou em casa, estou na festa que está acontecendo na cidade. - fala fitando o chão. _ Eu sei, estou te vendo. _Como? Você est.... _ Olha a sua direita, piccola.- mando e ela obedece. Seus olhos me procuram ansiosos. Quando Larissa me encontra, ela dá uma olhada ao redor e assim que percebe que ninguém está prestando atenção nela. A menina corre em minha direção, mas trava quando vê os seguranças se aproximarem de mim. Estico a mão e peço que continue com um gesto, ela fica meio sem jeito, no entanto termina por completar o trajeto. Pego em sua mão e saio do local levando-a comigo. Ao chegarmos no estacionamento, meus seguranças ocupam seus respectivos veículos e eu sigo para o meu levando a garota. Antes de entrarmos no carro, roubo um beijo da ragazza. Partimos, eu querendo ter uma última noite com ela, nossa despedida. Dirijo, pensando no que me aguarda na Itália: um casamento que se aproxima e uma confusão dos diabos com outra organização. Contudo, isso era mil vezes mais fácil de enfrentar do que as dores que carrego no peito e que a minha vinda ao Brasil, fez serem reabertas. _ Você gosta desse tipo de evento, Pietro? - a ragazza pergunta, tirando o sobretudo e revelando uma blusa preta com uma leve transparência. _ Não gosto de festas, bella mia, vim exclusivamente por causa dos negócios. Larissa me olha com uma expressão de confusão, porém não diz mais nada. Algum tempo depois, estamos atravessando os portões da Caravaggio. _ Avise aos seus pais que passará a noite fora, quero que durma comigo, Larissa. - falo descendo do carro. _ Deus amado, vou ter que mentir, Pietro! - diz saindo do veículo e vindo para perto de mim - Por que paramos aqui? - pergunta, olhando-me com apreensão. _ Não iremos para o chalé, ficaremos no meu quarto. - falo, percorrendo com as pontas dos meus dedos sua bochecha. _ Você enlouqueceu, seus pais el... _ Não se preocupe com isso, meu pai não está e minha mãe, a essa hora, dorme profundamente.- acalmo a menina assustada- Ande ,avise seus pais. Acompanho atento, Larissa liga para os pais e dizer que vai dormir na casa de uma amiga chamada Sophia, que não precisaria o veterinário ir buscá-la. A coisa toda não dura nem três minutos para ser resolvida. Adentramos na casa e seguimos para o meu quarto, a menina entra e para, seus olhos me fitando. _ Quero te provar sem pressa. - digo, deslizando meu dedão por seus lábios rosados. - Despe-se para mim, bella mia. - peço, sentando-me na borda da cama. Assisto, embevecido, a garota revelar seu corpo para mim, travo meus dedos no colchão, sabendo que será a última vez que terei essa visão luxuriosa. Levanto, com minhas mãos comichando para tocá-la. Retiro peça por peça das minhas vestimentas, sem desviar os olhos dela. Quando me vejo totalmente nu, banhado pela vontade de senti-la, tomo a menina em meus braços e me entrego durante horas. Mergulho em seu corpo tomando cada suspiro, cada pequeno gemido, cada beijo. "Estamos chegando ao fim, bella mia." - falo mentalmente, enquanto estoco lentamente em sua v****a. Quando me sinto saciado, deixo o corpo da garota. - Eu sou sua, Pietro. - ela diz baixinho. "Não, você não é. Você sempre será apenas um desejo passageiro em minha vida. Coisa de momento." - penso. - Dorme, Larissa. - falo, levantando-me e indo ao banheiro. Tomo um ducha e, quando retorno, a menina está a dormir. Cubro o seu corpo com um edredon, caminho até o mini-bar que tenho em meu quarto, sirvo-me de uma dose de uísque e dirijo-me para o solário. Enquanto saboreio o líquido âmbar, observo a escuridão que se apodera da fazenda. Fico lá por alguns minutos e depois retorno para a cama, deitando-me ao lado da garota e sentindo o cheiro de morango que exala dos seus fios. Acordo com o som do meu celular a tocar, tateio a mesa de cabeceira à procura do aparelho, pego-o e sento-me com os pés para fora da cama, de costas para Larissa. Olho o visor são oito da manhã, o nome do meu irmão pisca na tela. _ Buongiorno. - falo atendendo a chamada. _ Pietro, preciso das coordenadas do galpão da Sacra Corona Unita na região da Puglia. - fala manso, sem apresentar destempero, atitude típica do homem frívolo que é. _ Vittorio, preciso de tempo para fazer essa pesquisa. Não pode esperar até eu chegar à Itália? Meu voo é daqui a pouco. _ Aqueles malditos se juntaram com a organização do Fausto para me prejudicar, vou ferrar com eles. - escuto sua respiração pesada - Você deve estar ansioso para sair logo do Brasil.- diz manso. _ Estou mais do que ansioso para deixar este país maldito, há muito tempo que nada me prende aqui. Minha vida está toda aí, Vittorio, você melhor do que ninguém sabe disso. _ Claro que sei, Pietro. Até breve, fratello. _ Até breve. - encerro a chamada. Escuto um suspiro sofrido ecoar atrás de mim, olho por cima do meu ombro e encontro Larissa sentada. "Caramba!" - penso. _ Vo...você está indo embora? - pergunta com a voz embargada. Levanto-me e viro-me para a garota, que tem os olhos marejados, no entanto percebo sua luta para não sucumbir ao pranto. _ Sim. - respondo. Ela abaixa o olhar, aperta os lábios um contra o outro. _ Você disse que nada te prende aqui. Mas e eu? O que eu significo para você, Pietro? - pergunta, erguendo a cabeça. _ Nesse momento, nada. Antes, você foi apenas um bom sexo. Um corpo quente que aplacou o frio do meu.- falo, cruzando os braços e lançando um olhar duro para a menina. Já era o momento dela parar de fantasiar, de alimentar a p***a de um sentimento que não é recíproco da minha parte. Larissa é gostosa, foi minha primeira virgem, uma jovem mulher submissa que adorei ter em minha cama. No entanto ela não passou disso, um casinho sem importância como tantos outros que tive com as prostitutas dos bordéis da famiglia, algo puramente carnal. _ Então você está terminando comigo? Me abandonando? - diz, num fio de voz. _ Não temos nada para terminar, simplesmente porque nunca começamos nada! Ela me lança um olhar ferido, levanta-se da cama com o corpo envolvido no lençol. - Como você pode ser tão vil, tão canalha! Eu disse que gostava de você, Pietro e você usou meus sentimentos para me levar pra cama! Você disse que eu era importante!- as lágrimas banham o rosto da menina. - Para com esse drama, eu sei que você gostava das nossas transas, nesse lance nenhuma das duas partes saiu perdendo, garota. Eu te dei prazer, você me deu prazer. Foi gostoso enquanto durou. - estalo a língua no céu da boca- E sobre ser importante, você foi, atendendo as minhas necessidades masculinas, se é que me entende. Larissa se apoia na parede perto da cabeceira da cama, curva seu corpo como se estivesse levando socos na região do estômago e não ouvindo palavras. - Como pude me enganar tanto? Eu pensei que conseguiria conquistar o seu coração, ter você para mim. - fala chorosa. _ Para uma caipira ridícula e cafona, você não acha que está querendo demais? Ter um homem de sangue europeu como eu. Olhe para você, garota! Não passa de uma chucra semi-analfabeta, uma latina rampeira. - falo com desprezo evidente - Uma roceira infeliz, sem cultura, uma mulherzinha vulgar, ordinária que achou que iria me prender só porque tinha uma b****a virgem no meio das pernas. - dou um esgar de sorriso frio e cortante. - Pensa que trepo somente com você? Engana-se, sua tola! Você para mim não é ninguém! Apenas um pedaço de carne mijada que fudi. Uma p*****a barata, sei lidar com espécimes como você! - falo mordaz. _ Não diz isso, por favor. - pede baixinho com a cabeça baixa. _ Conheço seu tipo, Larissa, garota fácil, doida para sair de dentro dos matos e da merda de vida que leva. Viu em mim uma oportunidade por isso abriu as pernas para mim com tanta facilidade, uma verdadeira cadelinha. - reverbero com acidez. Vejo os joelhos dela fraquejarem, Larissa sequer me olha. Aperto o nó do meu roupão, vendo a garota andar até onde estão suas roupas espalhadas pelo chão. Caminho até o closet, pego um terno completo e meus sapatos. _ Se veste e some da minha frente!- brado passando por ela. Coloco as peças que estão em minhas mãos em cima da cama e volto para buscar as minhas malas. Derrepente a porta do meu quarto se abre e dona Violeta passa por ela aflita. _ Figlio mio, preciso qu.....- os olhos da minha se arregalam com o que presencia ao virar a sua cabeça para a direita, direção em que fica a minha cama - Dio Santo! Pietro! Larissa! Mas o quê significa isso?- vocifera estupefata. A ragazza leva um susto e acaba por deixar o lençol cair, revelando o corpo semi nu, onde só a calcinha protege o seu sexo. A mãe da ragazza passa pela porta como um raio, seus olhos alternam entre sua filha e eu. Encaro a menina, que fica pálida ao dar de cara com a mãe. Luzia avança na direção da garota e dá um tapa forte em seu rosto, fazendo com que a cabeça da menina vire para o lado devido ao impacto. _ Sua despudorada, mentiu para nós para se refestelar na cama do filho dos patrões! - ela berra descompensada - Sua vagabunda! Larissa encolhe o corpo diante da mãe colérica, protegendo os s***s com as mãos trêmulas. Vejo a mãe arrastar a filha pelos cabelos para fora do quarto, ouço suas ásperas repressões sendo destinada para Larissa, enquanto atravessam o corredor. Minha mãe me direciona um olhar raiviso. _ Pietro, você não forçou a menina, né? _ Não mãe, foi tudo consensual. - respondo, sentando na cama. Dona Violeta se senta ao meu lado e olha para o teto, soltando um suspiro pesado. _ Me responda, figlio mio, ela era virgem? Olho para minha mãe, que continua fitando o teto. _ Sim. - revelo, acompanhando-a fechar os olhos com força e sibilar algo inaudível. _ Sente-se bem ao saber que arruinou a vida de uma menina de dezenove anos, Pietro? Porque é isso que a Larissa é, apenas uma menina que você marcou, não só o corpo, mas também a alma. Miro a parede fria, enquanto a resposta repercute dentro de mim sem ser externa: "Não, eu não me sinto nada bem." _ É melhor você ir de uma vez, ragazzo, sua passagem por aqui deixou estragos irremediáveis. - diz, erguendo-se e saindo do quarto. Sigo para o meu banho, me sentindo estranho. Penso que talvez seja a tensão por saber que terei uma peleja me esperando na Itália, assim que o avião pousar em solo europeu. Me enxugo e me troco, pego minhas malas e desço. Quando chego na sala, minha mãe me espera em pé perto da porta. Me aproximo e dou-lhe um beijo no topo de sua cabeça. _ Vai com Deus, Pietro! - ela diz, assim que passo pela porta. _ Arrivederci.- falo adentrando ao veículo onde, há pouco, o segurança colocou minhas malas, sentando-me no banco traseiro. O carro desliza pela saída da fazenda e a sensação r**m, como se fosse um presságio, não se desfaz. "Que p***a é essa agora? Nunca tive algo semelhante, nem quando Pâmela sofreu aquele maldito acidente!" - Travo meus dentes, nervoso, por estar ocorrendo algo comigo que está fora do meu controle.
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