O RETORNO DA HERDEIRA DA MÁFIA

Lorena narrando Eu paro em um beco escuro e me sento naquele beco, não tinha sequer uma luz nele e pela primeira vez eu sinto a dor de nunca ter tido uma mãe. Eu acho que eu sempre mascarei a falta que eu sentia de uma porque nunca tive perto de mim um sentimento materno, na máfia era tudo tão seco, as mães com os filhos seguiam protocolos e a maioria engravidava por obrigação e é por isso que eu acho que eu nunca vou ser capaz de amar um filho. Escutar as palavras que saiu da boca dela com tanta verdade me fez ficar m*l e eu jamais admiti que alguém me deixasse dessa forma, ela quase me deixou sem palavras na frente de todo mundo, eu limpo as lagrimas que descia em meu rosto, eu nunca tive uma família de verdade e nunca vou ter uma. Eu conheci apenas o amor do crime, o sentimento de que o crime compensa, a ganancia por ser algo a mais, por está no poder, é isso que meu pai me ensinou, ele nunca me abraçou, me contou história ou qualquer outro tipo de coisa, ele me ensinou a matar, a sequestrar, a torturar , a comandar , a não ser vulneravel. E é assim que eu sou a 32 anos, é isso que eu quero ser, o que eu tive como exemplo. Nunca pensei que eu precisava de amor na minha vida, que eu precisava de uma família de verdade; E eu não poderia deixar que isso me machucasse. —    Lorena? – A voz de Marcos soa bem na hora que eu estou levantando e limpando as minhas lagrimas. – está tudo bem? —    Sim, eu acho que eu bebi de mais e acabei ficando tonta. A noite está agradável como eu gosto, eu tenho pavor de calor. —    O que foi aquilo lá dentro? —    Eu não queria ameaçar ninguém, mas a insolência daquela criança que se acha adulta me tira do sério. Eu acho que eu preciso de um bom banho e cama. —    Eu vou te acompanhar. —    Eu acho que eu consigo chegar na sua casa sozinha, volta para lá, pro baile é do seu morro, vai se divertir – eu olho para ele – realmente esses lugares não é para mim. —    Você parecia está se divertindo. —    Não, eu? – eu n**o quando a gente sai do beco – eu não me divirto – ele me encara. – na verdade a minha única diversão é matar eles e pegar o comando, ai sim, eu dou até um baile – ele abre um sorriso de canto. —    Vamos, você está bêbada. —    Eu estou bem. —    Você está bêbada – ele fala – você estava chorando? —    Eu? Chorando? Nunca na minha vida – eu falo – o dia que você me ver chorando , eu danço funk até o chão – ele começa a rir Eu chego no quarto e começo a retocar a minha maquiagem , ele para na porta e me encara. —    Porque está se maquiando para dormir? —    Preciso acordar bonita amanhã. —    Tira essa maquiagem – ele fala —    Não, imagina se eu vou tirar a minha maquiagem, ela nunca sai do meu rosto. —    Se desmonta vai – ele fala – tira essa maquiagem do rosto. —    Eu vou dormir com ela, essa sou eu Marcos , não tem como ninguém mudar isso. —    Se você quiser mudar, você pode – eu o encaro. —    Você me acha uma pessoa r**m? —    Eu não sei os motivos de você querer matar o seu pai e o seu marido, eu não vivi a minha vida ao seu lado, você é rasa nas informações, você quer que eu confie você e não confia em mim. —    Nos formamos uma boa dupla – ela fala se aproximando em mim – e tanto. —    As coisas que ela falou para você, mexeu com você? – ele pergunta —    É logico que não, desde quando o que sai da boca de uma pirralha , iria me atingir? —    Você não sente falta da sua mãe? Porque a minha mãe morreu e eu sinto falta dela, muita falta – eu o encaro. —    Não tem como eu sentir falta de algo que eu nunca tive, Marcos – eu olho para ele – você conviveu com a sua, eu nunca tive a minha. —    E não te machuca querer matar o seu pai? —    Não – eu respondo – nem um pouco, eu não sinto amor por ele, na verdade, eu não sinto amor por ninguém, a não ser por mim mesmo. – ele me encara e assente com a cabeça.