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Morte
E aí, mulherada, é um prazer conhecer vocês, mas eu sei que vocês já me conhecem como o Bernardo. Só que agora eu cresci e me tornei o Morte. Eu sei que vocês acompanharam a minha infância, mas agora eu já estou com 25 anos e estou assumindo a Cidade Alta. Tá na hora do Dogão se aposentar, né?
Dona Luma surtou quando soube que eu realmente ia seguir os caminhos do meu pai, porque, na cabeça dela, eu ia ser um cara melhor, eu não ia me envolver com tráfico. Ela me obrigou a estudar nas melhores escolas e me obrigou a fazer faculdade, como se isso fosse adiantar alguma coisa. Como eu sempre digo: o crime tá no sangue, não tem como fugir. E eu sempre gostei do problema, agora eu só vou jogar ele no peito e assumir.
TH: Tá preparado pra hoje ou tá querendo correr?
Morte: Eu não corro nem da polícia, tu acha que eu vou correr de assumir o morro? O bagulho que eu sempre quis! Esse negócio de ir pra faculdade foi só pra enganar a dona Luma, pô, tu sabe disso.
TH: Sei mermo. Eu também tive que correr da minha mãe. Tu tá ligado que a Michele e a Luma pensam do mesmo jeito, né? As duas ficam batendo neurose com esse bagulho de tráfico porque elas não entendem que não tem problema em correr.
Morte: Tem nada. Mas me fala, tu tá preparado pra ser meu sub?
TH: Nasci pra isso.
Eu e o Théo crescemos como melhores amigos, assim como os nossos pais, desde sempre. Quando eu falava que ia assumir a Cidade Alta, ele falava que ia ser meu sub. A Luna até pensou em se envolver com o tráfico, mas com ela minha mãe já pega mais firme. Então, ela foi pro outro lado. Ela trabalha pra c*****o aqui no posto do morro e resolve vários bagulhos, tá ligado? Ela é advogada e defende várias pessoas daqui, várias causas trabalhistas, vários bagulhos doidos. É o orgulho da minha mãe.
Morte: Eu preciso que você verifique se tá tudo certo pro baile, que veja se a carga já chegou. Eu quero ser informado de cada passo que tá acontecendo aqui dentro, até porque não dá pra dar mole, né? Eu não quero ser esculachado pelo meu pai e nem você quer ser esculachado pelo Vitinho.
TH: Relaxa que tá tudo certo. A carga já chegou e eu já distribuí. O que sobrou tá no galpão. Eu anotei tudinho no caderno e tá tudo certo pro baile. Não precisa se preocupar com nada. Até contratei o MC Cabelinho pra poder gastar a onda.
Morte: Mas tu tá eficiente pra c*****o, né? Tá querendo mostrar serviço.
TH: Claro, p***a! Mas a melhor parte do baile não é mostrar serviço, são as novinhas, né? Várias patricinhas subindo o morro pra dar pra traficante. p**a que pariu, do jeitinho que nós gosta. Eu fico até arrepiado só de pensar.
Morte: Tu é um sem-vergonha! E depois fica falando que tá apaixonado pela minha irmã. Assim, minha irmã nunca vai te dar uma chance, tá?
TH: Ah, Luna não vai me dar uma chance porque ela não gosta de traficante. Ela vai arrumar um playboy pra namorar. Ela pode ser o meu sonho de consumo, mas eu não sou maluco, tá ligado? Eu não posso ficar esperando por uma mulher que não me quer, tá doidão? Cheio de mulher jogando na minha cara, eu vou ficar esperando justamente pela única que não me quer? Não, Deus me perdoe! É até pecado. Tu sabia que desperdício é pecado, meu puto? É por isso que eu não desperdiço nenhuma, pego todo mundo.
Morte: Hahahaha! Tu não tem vergonha nenhuma na cara. Por isso que eu não me apaixono por ninguém, por isso que eu fico tranquilinho na minha, tá ligado?
TH: Mas já tem gente apaixonada por você, que eu tô sabendo, tá ligado, né?
Morte: Nem me conta quem é, porque eu tô fora. Não tô afim de ninguém apaixonada por mim, porque isso dá uma dor de cabeça do c*****o. E se for próxima, então, que eu não quero saber mesmo.
TH: Então não vou te contar, porque a mina é próxima e ela pode ficar sem graça.
Morte: Quem?
TH: Tá de marola? Tu acabou de falar que não queria saber quem é.
Morte: Mas você acabou de falar que a mina é próxima. Agora eu fiquei curioso, p***a! Vida de quem?
TH: Eu ouvi uma fofoca e estavam falando que a Diana tá afim de você.
Morte: Ah, coé, para de graça.
TH: Papo reto, pô.
Morte: Tô fora! O Tigre corta o meu p*u fora, e eu gosto muito do meu brinquedo.
TH: Vamos trabalhar, porque nós temos um baile pra colocar pra frente.