— Ratinho? — a loira arregalou os olhos. — Claro que não, ele é um cãozinho. — disse pegando o animal no colo. — Não é Rupert?
— Não me diga... — se fazendo de i****a.
— É sério, ele é um cachorrinho.
Any ergueu a sobrancelha, aquela mulher era louca ou estava zoando com sua cara?
— Escuta aqui madame, eu não tenho tempo pra brincadeirinhas, o negócio é o seguinte: O pulguento mijou no meu carro, e sempre que um cachorro mija no meu carro é cem reais que eu cobro.
— Cem reais? — ela a encarou intrigada.
— Isso mesmo.
— Está bem. — deu de ombros, abriu sua bolsa cor-de-rosa e dentro tirou uma carteira também rosa e a abriu. — Aceita cartão?
— Claro que não! — rolou os olhos, que mulher burra da p***a!
— Ok... — pegou duas notas de cinquenta reais e entregou pra cacheada. — Não sabia que era tão caro. Sou Sofya e esse é meu filho, Rupert.
— Sou Any. — disse guardando a grana que ganhou tão facilmente na bolsa. — Perdão, você disse que o cachorro era seu filho?
— Oh sim, meu filho.
Any negou com a cabeça começando a rir.
— Tu não bates bem não... — abrindo a porta no fusquinha. — E dá próxima vez que pegar esse pulguento mijando no meu carro, eu vou pisar em cima dele!
— Esse fusquinha aí é seu carro? — disse com um bico enojado.
— Esse fusquinha sim senhora! — disse com irritação. — E daí? Vai querer vim pra cima?
— Oh não, eu não sou da sua laia. — disse fechando a bolsa e arrumando o cãozinho.
— i****a! — disse entrando em seu carrinho e saindo dali antes que metesse a porrada naquela mulherzinha fútil.
Seu celular começou a berrar, ela tentou ignorar, mas o aparelho parava e recomeçava outra vez. Xingou um palavrão e atendeu.
— O QUE? — berrou.
— CACHORRAAAA. — Sina berrou do outro lado da linha. — NEM ACREDITA COM QUEM EU FIQUEI ONTEM! ADIVINHA!
— Para de gritar! — Any pediu pausadamente. — Eu não sou adivinha, anda fala logo.
— Eita mau humor... — a loira retrucou. — Vou falar, mas primeiro me diz... Por que você está com esse humor do inferno?
— Nada demais... — suspirou. — Perdi a paciência com uma acéfala aqui, mas já estou tranquila. — parando em um sinal. — Mas me diz aí, quem você pegou?
— Ai amiga, eu peguei o Vinícius! — disse dando pinotes. — Ele é tão gostoso!
— O Vinicius, irmão do Pedro? — ela franziu a testa.
— Ele mesmo, periguete! — rindo. — Seremos cunhadas...
— Que cunhadas o que... — rolou os olhos. — Nem me fala, eu não aguento mais esse cara no meu pé.
— Ai amiga, o Pedro é tão legal... — Sina suspirou. — Você deveria tentar se entender com ele, ele te ama.
— Não fala besteira Sina... — ela disse negando com a cabeça. — Não quero ficar com ninguém... — ela disse vendo que o sinal abriu, arrancou novamente. — Aliás, se eu conseguir aquele emprego que te falei, ui. — ela mordeu o lábio. — Eu tô é feita...
— Como assim p*****a?
— Meu futuro chefe é um gato! — ela gargalhou.
— Não diz! — pôs a mão na boca. — Sério?
— Sério... — com voz maliciosa. — E eu vou dar em cima dele...
— Amiga! — repreendeu gargalhando. — Any Gabrielly, sua vadia... O que você vai aprontar? E se esse cara for casado? — disparou.
— E quem disse que eu me importo? Eu tenho certeza que ele é casado, eu vi a aliança... Além do mais, ele é casado, não capado.
— Sua louca! — Sina riu. — Mas homens gostosos tão em falta atualmente, tem que botar pra cima mesmo.
— Com certeza loira... — Any disse. — É eu vi como ele babava no meu decote e nas minhas pernas, ele estava me comendo com os olhos. Vai ser mais fácil do que imagino.
— Ok, pô. — Sina sorriu. — Boa sorte pra você. — Any gargalhou. — Agora vou desligar que meus créditos vão acabar em três, dois, um... — a ligação cai.
Any negou com a cabeça e voltou a prestar atenção no trânsito. Sina era sua melhor amiga, se conheciam desde sempre, sempre saiam pra curtir juntas e eram unha e carne.
Sina era outra folgada, igual ela, mas ao contrário de Any, Sina não tinha tantos problemas financeiros, afinal de contas desde os dezessete anos ela e a mãe recebem uma pensão gorda, devido à morte do pai dela. E a pensão dava que sobrava.
— Quem não tem cão, caça com gato. — riu de seu pensamento. — Ai ai, me aguarde senhor Beauchamp.
¨¨¨¨
— Meu amor! — Sofya entrou na sala de Josh, o encontrando pensativo.
— Oi Sô. — ele forçou um sorriso. Ela fez um bico. — Baby Pink.
— Ah sim. — satisfeita. — Viemos te fazer uma visita. — balançando Rupert no seu colo. — Dá oi para o papai, meu amor.
— Acho difícil ele me dizer oi. — os dois riram, enquanto ela dava um selinho nele. — Senta. — apontou a cadeira. — A que devo a honra da sua visita?
— Viemos te convidar para almoçar. — disse abrindo um sorriso. — Vamos?
— Preciso terminar algumas coisas meu amor, se quiser esperar.
— Espero sim Baby Blue. — assentiu. — Ué, cadê a Cecília? — procurando.
— Estou há dias dizendo que a Cecília está de licença a maternidade. — a encarando espantado com a lentidão de sua esposa.
— Ah é verdade, vai ter um bebê. — com os olhinhos brilhando.
— Falando em bebê, quando vamos ter um? — ele disse com um sorriso esperançoso.
Precisava de alguma coisa para incentivar seu casamento e um filho era a saída perfeita. Além de que ser pai sempre foi seu sonho.
— Já disse que não Baby Blue. — ela negou com a cabeça. — Já sabe que não quero ter filhos.
— E por que não Sô? — ele suspirou.
— Por que não! — ela disse. — Filhos dão muito trabalho, além de que eu tenho muito nojo quando defecam na fralda, ai não mesmo... — disse com cara de nojo. — Fora que meu corpo vai acabar de tanta banha e pneus.
— Só por causa disso? — ele a encarou estático.
— E você acha pouco? — ela arregalou os olhos. — Mas já chega, não está bom só nós três? Rupert é nosso filho.
— Eu não sou pai de um cachorro. — ele rolou os olhos.
— Não fala assim, ele vai ficar ofendido. — disse tapando os ouvidos do cãozinho.
Joshua apenas negou com a cabeça.
— Bem meu amor, eu vou esperar você lá na lanchonete, ok? — se levantando.
— Tudo bem. — ela lhe deu um selinho demorado.
— Não demora. — piscou.
Ele ficou observando-a sair desanimado. Seu casamento era uma rotina cansativa, levantava de manhã, ia para a empresa, às vezes ela vinha almoçar com ele, outras vezes ia gastar seu dinheiro fazendo compras e mais compras.
À noite chegava em casa, viam um filme, pediam uma pizza, quando Sofya não estava com suas inúmeras frescuras davam uma rapidinha sem sal nem açúcar. Apesar de ela ser muito gostosa, não aguentava mais as mesmas coisas, as mesmas posições, os mesmos vinte segundos, sinceramente já estava cheio.
Ele precisava de uma mulher que o tirasse da terra, e Sofya sinceramente não era essa mulher.
De repente se viu pensando na bela deusa que entrevistara mais cedo, que mulher era aquela? Era muito provocante e sedutora... Voltou a olhar o computador onde estava analisando as candidatas e ela definitivamente era a melhor, é claro que tinha algumas com carta de recomendações de multinacionais e um currículo muito mais recheado que o dela.
Mas algo dentro dele dizia que tinha que contratá-la. Aquele cargo era dela. Pegou o telefone e começou a discar os números constados no currículo. Chamou duas vezes e depois do segundo toque uma senhora atendeu.