CAPÍTULO 2

2014 Words
Assim que entrei no quarto eu me desfiz da bolsa e me joguei na cama, literalmente com meus pezinhos doendo, embora a sapatilha seja a coisa mais confortável, bem, o dia andando de um lado para o outro e o peso na cabeça pensando besteira de alguém b***a e mexendo nos papéis da universidade havia me cansado, literalmente, se alguém entrasse pela porta oferecendo massagem eu aceitaria. - Olha a minha bibliotecária chegando, como foi seu dia? - Cansativo, terminei com a papelada, agora sou oficialmente bolsista - Olho para o teto. - O dia foi cheio na biblioteca também, estou cansada - Sorri, cansada, mas satisfeita. - E o seu? - Normal, tirando o fato que briguei com j**k, você acredita que ele teve a ousadia de chamar San para sair? - Ergo o olhar para Louise. - Ela deu um fora tão bem dado nele. - Você gosta dessa cara mesmo? - Não! Claro que - Ela para de falar. - Ele é o amigo do meu irmão, não posso ficar com ele e além disso ele fica brincando com a minha cara ou tentando chamar atenção. -É daí? Se fosse o seu irmão? - O meu irmão nunca olhou para as minhas amigas, ele fale que são muito novinhas para ele e eu não ligo se ele pegar alguma também - Dou uma risada. Pois é, eu já estava quase até mais relaxada depois do que ela acaba de dizer, quase, se o irmão dela não fosse Riller. - j**k também não presta, não vale nada aquilo. - Ele é filho de Rose. - Sim, como pode ser tão diferentes? - Ela se aproxima de mim. - Fecha pra mim? Me levanto. Encarando o vestido e os saltos. - Onde vai? - Sair com j**k - Paro de subir o zíper. - Louise?! - Vamos resolver essa situação de uma vez por todo, hoje vai. Não sei se fico chocada ou penso no ritual de acasalamento que nos seres humanos também fazem antes de se relacionarem, depois ninguém acredita que somos como os animais. As vezes somos até pior que os animais. Eu não gosto nem de pensar. - Vai pra onde? - Eu não sei, tá legal? Eu dormi com o cara uma vez e não paro de pensar nele e em tudo que ele me falou - Fico calada, não julgo ela nem um pouquinho. - Você tem que entender. Digo que entendo ou evito perguntas? Claro. - Não deixa ele agir como um i****a com você. E Louise, não deixe ele fazer como seu irmão, confundir sua cabeça todinha de uma hora para outra, falando coisas bonitinhas e fazendo coisas sujas. Não deixe, apenas faça isso. - Acha que fiz certo? - Encaro ela. - Eu não sei, não conheço ele, sei que ele é daquela fraternidade, filho de Rose e que me tacou um copo de cerveja. Não posso opinar sobre o pouco que sei, porque eu iria dizer pra empurrar ele nos trilhos de algum trem. - Você iria? - Não. - A situação é diferente, Louise. - Se Riller aparecer, coisa que eu acho difícil hoje, diga que eu fui comer japonês ou chinês, tanto faz. Balanço a cabeça, a assombração Riller costuma aparecer aqui quando a irmã não está, acho que ele pode ter um GPS nela ou algo assim. - Se ele descobrir? - Ela me corta. - Ele vai cortar o dote de j**k e me jogar em um convento - Ela para de falar, dando um sorriso que vejo pelo reflexo do espelho. - Como estou? - Ela se vira, terminando por fim e soltando os cabelos negros como a noite lá fora. Com os olhos escuros e a boca com o batom mais claro. - Acha que estou muito exagerada do tipo chamando mais atenção que deveria? Vejam, ela está insegura, ela quer agradar o cara com quem vai sair. Eu esperava que ele valorizava isso, a preocupação dela o agradar e querer algo bom. - Esta linda, relaxa, você está divina, vai fazer ele pensar bem antes de ser um bundão - Ela puxa o celular e mexe, enquanto eu me mexo e até o armário e puxo uma roupa para o banho. - Ele está me esperando, tenho que ir, me deseje sorte? - Boa sorte? - Ela puxa a bolsa pequena e enfia o celular, segundos depois ela sai do quarto e eu tiro o casaco e puxo a toalha, entrando direto no banheiro e tomando um banho e lavando os cabelos. Saio do banheiro vestida, secando os cabelos, assim que olho vejo uma figura deitada, dessa vez não está na cama de Louise, mas na minha, segurando um livro. Fico parada. Eu não disse? Riller parecia saber quando Louise não estava no quarto ou perto de mim, só podia ser isso. - Ficar olhando os outros assim não é legal, garotinha - O ignoro por um segundo, terminando de secar os cabelos e guardando a toalha. - O gato começou sua língua ou está ensaiado suas palavras para falar? - O que faz aqui? - Pergunto sem rodeio ou tentando não pensar no que houve. Qual é? O cara ficou com a cara entre as minhas pernas e depois ainda me fez ter a melhor coisa da vida, algo que, aqui entre nós, sozinha não tinha tanta graça. Aquilo mexe com a gente. - Vi falar com você e ver como passou desde minha última visita na segunda, faz exatamente - Ele encara o relógio na parede. - Quatro dias e algumas horas, como passou? - Me aproximo, com cautela e analisando território,rotas de fugas ou métodos de autodefesa. Riller ainda é um possível predador. Embora agora aquilo estava mexendo comigo. - Bem. - Onde está Louise? - Saiu pra comer, não sei quando volta. Tem celular pra isso. Você se cansa sem necessidade vindo aqui apenas pra isso. - Amanhã vai ser a festa dela, arrumei um AP, tem que levar ela pra lá as oito - Ele fica parado. - Não pode deixar ela desconfiar, vai ser surpresa, te mando uma mensagem e você inventa alguma coisa pra me ajudar. Me lembro da festa e anoto mentalmente comprar alguma coisa pra Louise. - Que tipo de coisa posso inventar sem ela desconfiar? Alguma dica? - Sei lá, fala que vai encontrar alguém ou ver um lugar, te mandei o endereço, você não viu? - Balanço a cabeça. - Devia me ter com mais estima, sua foto não aparece, quando vai salvar meu número? - Riller você já deu o seu recado, mais alguma coisa? - Ele sorri, mas não me olha. - Agora sai, preciso terminar de ler um livro e mais algumas coisas. - Relaxa, esta com medo de mim aqui? - Ele se levanta. - Não vi aqui pegar você. Eu abro e fecho a boca. - Não pode falar isso. - Posso e falo, quero muito comer você é você quer dar pra mim, mas não vou fazer isso hoje, garotinha. - Você é estranho ao máximo. Egocêntrico também. - Sou gostoso ao máximo também, garotinha. - Super ergo? - Não, super dote - Reviro os olhos com a fala. - Você não pode ficar revirando os olhinhos assim, o que acha que eu penso quando você faz isso? - Que você se acha ou que eu ligo pra isso. - Não é isso que eu acho não, garotinha - Riller volta a se deitar na minha cama, agora me olha. - Onde Louise foi comer? - Não sei, não perguntei - Pego meus sapatos que havia usados mais cedo e os guardo. - Como estava vestida? - De roupa. - Que tipo? - De roupa - Escuto a risada dele. - Ela saiu com alguém, foi isso? - Talvez com San, não sei Riller, devia ligar pra ela, não sou jornal pra dar notícia dos outros e nem faço fofoca pra marmanjo. Dou um sorriso. - Suas piadas são horríveis, garotinha. Melhor deixar as piadas comigo. - Você não conta piada, você faz ironia - As melhores piadas são irônicas. Você saberia disso, mas não sabe contar piada. - Não preciso - Falo, me aproximando da cama do meio e me sentando, encarando o cara. - Você também é debochado. - Se deboche for pecado, garotinha, nem no céu eu chego - Ele desvia o olhar e me encara. - Você está de vestido, que gracinha, só faltou o terço e o véu. - Muito engraçado - Ele se inclina um pouco. - Posso perguntar uma coisa? - Depende - Falo, colocando as penas para cima e me encostando. - Você as vezes sai de garota prodígio a garota surtada, por que? Digo, o temperamento quando você tá nervosa. - Eu sou nervosa as vezes, quando fico sob pressão, isso já aconteceu algumas vezes - Solto uma risada e encaro Riller. - Aquele dia da garrafa, uma vez fui a uma psicóloga por isso, ela disse que é crise nervosa, que se eu me acalmar que passa. - Você já foi em uma psicóloga? - A pergunta sai mais surpresa que a cara dele. - Sim, duas vezes, depois nunca mais. - Por que? - A escola me mandou. - Não foi seu pai? - Balanço a cabeça. - Meu pai viajava muito, Riller - Encaro a parede. - Via ele no fim de semana ou não. - Não foi um pai tão presente? Pai da garota dele? - Como assim? - Ah, caramba, ele não foi? - Fico parada. - Ele não tinha tempo pra você, isso é até bom, talvez evitaria ver o lado que viu vindo para faculdade, as vezes as pessoas demoram a se revelar o que realmente são. Talvez seu pai não seja aquilo que você achava que era. Veja, ele foi i****a com você. - Como sabe? Você não o conhece - Ele me olha, vejo um sorriso debochado nele. - Talvez não precise conhecer ele tão bem, talvez o que eu sei já seja o suficiente para saber que ele é um arrombado de m***a, que quer ter o controle de tudo nessa vida e as coisas que no alcance dele, como você, ele te fez estudar que nem uma c****a por algo que ele podia ajudar. - Ele não é assim - Digo. - Ele não é assim ou você não vê ele assim? - Um silêncio se forma e vejo Riller se levantar e se aproximar. - Relaxa, não pensa naquele cara, olha pra você, não precisa dele agora, ficar longe dele e a melhor coisa que você pode fazer, garotinha. Conseguiu sua bolsa aqui nesse lugar e não precisa dele, fica longe dele agora. Eu sei o que é se afastar de alguém, você para de sentir depois de um tempo. Além disso ele já ajudou não sendo presente na sua vida e fazendo essas escolhas, mas quem perdeu foi ele. - Você teve um pai, você sabe o que é isso - Ele se inclina, erguendo a mão e segurando meu rosto. - Riller? Ele sorri, balançando a cabeça levemente. - Meu pai foi diferente, ele era incrível Ana, no lugar dele ele te apoiaria em tudo, você não o conheceu, ele tinha integridade para eu poder chamar ele de pai sem medo. - Você pode ter tido um pai bom. - Ele era incrível. Eu ergo a mão e seguro a dele que aperta meu rosto. - Você vai me machucar - Ele solta. - Nos vemos amanhã, garotinha. Quando Riller sai as palavras dele ecoam na minha cabeça, como se fosse CD repetido sobre papai. Percebo que eu não sinto tanta falta de papai, a ausência dele já era prevista e agora parecia igual antes. AVISO - Mais um capítulo fresquinho (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo. Att, Amanda Oliveira, amo-te.
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