The Reunion

4998 Words
“— Mamãe, conta aquela história! Conta aquela história! — Suplicou a filha corre do ao redor da sua mãe. — Ora, novamente você quer ouvir ela? Não te contei ontem e anteontem? — Brincou pegando a filha no colo caminhando em direção ao quarto. — Porque gosta tanto dela? — É romântica! — Respondeu mesmo sem entender o verdadeiro sentindo de romance ou de amor, e o fato principal, a história não era tão feliz em comparação a tantas outras. A mãe apenas riu baixo colocando deitada sua filha na cama enquanto se deitava ao lado dela. — Era uma vez... — Começou a contar enquanto o sorriso de sua filha só aumentava. — Um jovem casal, eles eram conhecidos por toda a aldeia por se amarem intensamente desde que eram crianças até o dia em que finalmente casaram. Eles não tinham muito em comum, mas se davam muito bem juntos como companheiros e como amantes. O homem era divertido, alegre e de bom coração enquanto a mulher era sarcástica, debochada e fria, a única coisa que eles tinham em comum, era a paixão em explorar florestas desconhecidas. — Realizou uma breve pausa. — Ninguém entendia por que eles se davam tão bem sendo tão diferentes e por conta disso, começou a causar invejas nos aldeões que desejava ter a mesma coisa com os seus parceiros ou simplesmente desejava encontrar alguém que amasse a diferença delas. Um belo dia, após o jovem homem se envolver em uma briga para proteger a sua mulher de pessoas ruins, ambos decidiram ir em uma floresta que todos não gostavam de ir, mas que não dava explicação. Diziam boatos que os animais delas tinham a capacidade de pensar igual humanos, por isso era tão temido por todos. “Eles desejando fugir de tudo e todos, ignoraram os avisos das pessoas que desejavam o bem deles e partiram em direção a essa floresta. Não demorou muito, mas quando se deram conta, eles estavam em sua entrada de mãos dadas e corações batendo loucamente pela a descoberta que teriam lá. De mãos dadas estavam antes e de mãos dadas ficaram enquanto ia adentrando e admirando cada canto da floresta, cada árvore, animais pequenos e aves desconhecida por eles. O jovem casal estava muito feliz, mas não esperavam que os boatos de jovens que se davam tão bem e que gostava de explorar locais desconhecidos tivesse chegado aos animais da floresta, que usando as suas capacidades humanas para pensar, decidiram brincar em quem iria pegar primeiro um deles e se alimentar da carne deles.” Sua filha ouvia tudo com atenção mesmo que já tivesse ouvido a mesma história várias e várias vezes desde que se entendia por pessoa. — O primeiro a encontrar eles foram o leão com a sua família, mas não avançaram mesmo sabendo que eles estavam sem armas que pudessem os matar. O segundo foi uma tigresa solitária, mas conhecida por todos os animais da floresta por ser fria ao se tratar de suas vítimas. O terceiro animal que os encontrou foi a corça, ela não desejava o m*l deles, mas sim avisar eles de alguma maneira que naquele local, eles corriam perigo. A tigresa foi a primeira a avançar na esperança de capturar um deles, mas a corça entrou no meio e conseguiu os avisar antes que a tigresa os pegasse e saiu ilesa. A partir do movimento sem estratégia, o leão e sua família avançaram também e para a sorte deles conseguiram separar o jovem casal ao se jogar contra um deles no penhasco. “A mulher saiu do penhasco olhando em volta completamente assustada em busca do seu marido, mas não conseguiu obter nenhum sinal dele, contudo, pode ouvir o rugido do leão no alto do penhasco. Contemplou um movimento na água e ao fazer gesto de sair correndo, parou ao ver uma corça machucada saindo da água e caminhando em sua direção.” — F-Fuja... — A corça disse deixando-a em choque e com os olhos arregalados. Pensou em fugir, mas optou em ficar e ajudar a pequena corça que estava muito machucada por uma mordida. — Eles os querem... — Vai ficar tudo bem... — Murmurou tentando parar o sangramento. — Você... — Ergueu os olhos para encara a face do animal, mas ela havia falecido. Uma dor surgiu em seu coração como se a corça fosse amiga dela por anos. “Atrás dela soou um baixo rosnado, ela se virou e contemplou a tigresa em meio as árvores, mas antes que pudesse agir, ela pulou em cima dela e finalmente obteve a carne da jovem mulher. Enquanto isso, seu marido, após conseguir matar o leão descia penhasco abaixo desejando encontrar a sua mulher são e salva para fugirem dali e admitirem o seu erro. Chegou ofegante no início do rio olhando em volta para a encontrar, mas tudo que encontrou foi uma mancha vermelha no rio vindo de áreas mais acima. Desesperado começou a correr em direção a ela e caiu de joelhos no mesmo instante ao encontrar a sua amada e querida mulher morta em uma poça de sangue ao lado de uma corça.” — Não... Não... — Ele suplicou pegando-a nos braços e tão pouco se importando com o sangue. Gritou e começou a chorar horrores enquanto se culpava pela a morte dela. Ele não iria conseguir viver sem ela, sabia disso e por esse conhecimento, com a mesma arma que matou o leão, tirou a sua vida ao lado da mulher. “Algumas pessoas dizem que Deus os ajudou, mas na maioria dos contos falam que os deuses que se envolveram. Eles estavam acompanhando e abençoando toda a trajetória deles desde o início da vida do jovem casal, e sem gostar do final que obtiveram, deram uma segunda chance para eles viveram uma vida de amor, romance e felicidade em outra época distante da que eles estavam. E reconhecendo a bravura da pequena corça, deu-a vida e ligou o destino dela ao do jovem casal como um guia para a vida deles juntos. Contudo, eles não conseguiram remover os maus que eles teriam que seriam semelhantes aos que estavam vivendo naquela época, mas para evitar que obtivessem o mesmo destino, caprichou em bravura nos três para superar tudo isso e viverem bem e felizes. — Encarou a sua filha que ainda se encontrava acordava. — Não se sabe ao certo se eles já reencarnam, mas se sim, eles ainda vão se encontrar e viver um amor que se é invejado durante muitos anos. Um amor que mesmo com as diferenças, mesmo com as dificuldades, continua firme e forte, se brincar mais grande a cada dificuldade enfrentadas juntos”. Seu olhar se fixou no teto do quarto de sua filha enquanto um longo suspiro soava de seus lábios. — Desejo que você, minha querida, tenha essa sorte ou que simplesmente seja a reencarnação dessa jovem mulher, para assim poder viver um romance verdadeiro que se é tratado em todos os desenhos da Disney que você tanto gosta e assiste. — Sua filha piscou confusa enquanto encarava a sua mãe. — Todas as noites eu oro para que encontre sua alma gêmea. — Diz isso por causa do papai? — A pergunta pegou sua mãe desprevenida, mas não respondeu, apenas sorriu e depositou um selar na testa de sua filha. — Quer ouvir outra história? — Mudou de assunto e como ela era apenas uma criança, concordou deixando a animação tomar conta de seu pequeno corpo. Os olhos de Aislinn se abriram ao despertar de seu sono. Se fixando no teto do quarto enquanto se questionava porque sempre sonhava com aquela cena de sua mãe contando a história. Não era a primeira vez que isso acontecida. Ela já havia perdido as contas das vezes que sonhou, e isso começou desde o seu encontro com o Ethan. Essa mare de memórias que ela jurava ter esquecido, retornando com força total com apenas um encontro com um homem completamente estranho. “Desejo que você tenha essa sorte ou que simplesmente seja a reencarnação dessa jovem mulher...” A voz de sua mãe soou em sua cabeça fazendo-a balançar a cabeça negativamente para espantar aqueles pensamentos. O tempo passou mais rápido que ela desejava. Literalmente em um piscar de olhos, quatro anos se passaram desde a sua última aventura em trilhas, escaladas, explorações ou algo similar. Aislinn até tentou ir, mas se desanimou no mesmo instante que surgiu em sua mente, pois sabia que ela desejava ir em outras pra tentar a sorte e encontrar novamente Ethan, contudo, em seu íntimo, sabia que tal coisa séria impossível. Eles foram apenas um caso de uma noite, mesmo que a conexão de ambos tenha sido extremamente intensa em primeiro encontro e mesmo que aquilo tenha mexido com ela em um nível que ela se assustava. Ela teria sido burra se não tivesse procurado por ele, então com o auxílio de sua melhor amiga, Kang Sonjin, ambas procuraram em cada canto de diversas redes sociais por alguma foto, noticia relacionada a ele, mas foi completamente em vão. Ethan parecia um fantasma, pois não havia absolutamente nada em seu nome. Nem notícias e nem no registro criminal. Ele poderia muito bem ter usado um nome falso, porém Aislinn descartava essa ideia por acreditar que ele era justo e sincero. Por fim, após vários dias procurando, ela se deu por vencida e decidiu focar toda a sua atenção na administração de sua cafeteria e de todas suas filiais. Ela se arrependia de ter aberto tantas filiais, mas agora estava feito e ela orava que alguma coisa acontecesse que fizesse ela as fechar, contudo, até o momento atual que se encontrava, nada havia acontecido para que ela retirasse um enorme peso de suas costas. Como esperado todo o seu tempo era focado em cuidar de cada coisa para que a pequena empresa pudesse ir pra frente sem problemas financeiros tanto pra ela e quanto para os seus empregados. Namorados, sem tempo. Sexo, uma vez por semana quando saia com a sua amiga para boates e lá mesmo, em algum banheiro ou em um canto, fazia sexo com algum menino. Não se orgulhava disso, mas na seca ela não iria ficar, ninguém iria querer namorar uma mulher que passa a maior parte do tempo trabalhando. — “Aí que você se engana.” — Uma voz familiar sempre soava no fundo de sua mente quando pensava dessa maneira. Suas mãos se esticaram para pegar o seu celular e em uma das suas notificações era uma mensagem de seu oraculo. Ela era de Virgem e naquele dia dizia que Aislinn receberia uma visita inusitada, não veio ninguém em sua mente, pois sabia perfeitamente que não havia ninguém que poderia visitá-la. Era uma sexta-feira de manhã, Aislinn se arrumava para ir cafeteria principal. Parada em frente ao espelho que ia do teto e chão, terminava de pentear seus cabelos castanhos escuro longos. — Hoje o dia vai ser ótimo! — Algo dentro dela dizia que coisas boas iriam acontecer, não sabia o que, mas esse sentimento deixou-a extremamente animada. Terminou de pentear os cabelos, pegou sua bolsa e as chaves do carro e saiu de sua casa. Adentrou o seu carro e logo estava nas movimentadas ruas rumo a sua melhor amiga. Não demorou muito para chegar e estacionar o carro em frente a cafeteria que já se encontrava extremamente movimentada em plena dez horas. — Você demorou! — Um resmungo soou de Sonjin assim que Aislinn adentrou o local. — Pelo menos eu cheguei, não é mesmo? — Retrucou arrancando uma revirada de olhos da mesma. — Eu estou aqui, e sei que me chamou pra provar um novo bolo seu. Não tomei café da manhã esperando provar! — Acha que sou sua cozinheira particular? — Concordou sem ao menos pensar melhor. — Achou certo então! — Foi em direção a cozinha. — Algum sinal daquele homem misterioso da trilha? — Não. — Suspirou Aislinn sentando em uma das cadeiras apenas observando sua amiga andando de um lado para o outro. — Eu sinto que ele era um fantasma virgem que morreu lá, pois não tem explicação não termos encontrado nada relacionado a ele. — De acordo com o que você disse, fantasma virgem não sabe fazer um 69 tão maravilhoso. — Ambas riram ao mesmo tempo com aquele comentário. — Existe pornografia e hentai, vai que ele assistia muito antes de morrer. — Sonjin gargalhou pousando na frente de Aislinn dois pratos com pedaço de bolo. Aislinn nem teve tempo de provar, pois quando pegou o garfo para provar os bolos, um grito que soou da entrada da cafeteria assustou-a. No mesmo instante saiu da sala e foi em direção ao barulho para descobrir o motivo dele. Chegando na entrada, encontrou um homem bem vestido gritando com um dos funcionários apontando para o chão onde se encontrava um recipiente de bolo de chocolate com gotas de leite ninho. — Que desperdício... — Exclamou ela aproximando deles, olhando fixamente para o homem. Intimidado com a presença de Aislinn, deu um passo para trás. — O bolo é simples, mas é tão gostoso. Super macio, doce na medida certa. — Vá para os fundos se recuperar, ela cuida do resto. — Sonjin disse ao funcionário que concordou e saiu após realizar uma mensura. Todos presentes na cafeteria tinham parado de comer e conversar para observar o que estava acontecendo e ao mesmo tempo apreciar a beleza de Aislinn. Ela era comum, alta, pele branca, olhos castanhos escuros igual aos seus cabelos, mas o que a tornava diferente e atraia a atenção de todos a ela, era a sua áurea sensual, intimidadora e estranhamente acolhedora ao mesmo tempo. — Qual o motivo de toda essa demora? — Um homem alto de pele morena adentrou o estabelecimento com os olhos fixos em seu celular. — Só pedi pra comprar um bolo e não a loja toda! — S-Senhor... — O homem gaguejou. Aislinn encarava o homem que tinha adentrado o local atentamente enquanto buscava em sua memória de onde o conhecia. Sua fixa caiu quando ele ergueu os olhos do celular para analisar o local. — Demorou por co... — Ele começou a falar com os olhos fixos em Aislinn. Tombou sua cabeça para o lado com o cenho franzido, antes de arregalar os olhos incrédulo. — Aislinn! Caramba! — Levou as mãos a boca e ela viu no exato momento que um sorriso largo surgiu em seus lábios, antes de ser tampado pela sua mão. — É ele? — Sonjin que estava ao lado dela, sussurrou, e a mesma concordou engolindo o seco. — Espere no carro! — Ordenou e se aproximou tentando conter o sorriso, mas parecia impossível para ele. — Uau, quanto tempo não é mesmo? Você continua maravilhosa, se brincar, mais um pouco! — D-Digo o mesmo, Ethan. — Gaguejou e isso foi o suficiente para que ele gargalhasse mordendo o canto dos lábios. — Não sei o que meu motorista fez aqui, mas peço desculpas por ele. — Desviou sua atenção para a Sonjin. — Irei pagar pelo o bolo que está no chão e comprar outro! — Sem problemas! — Sonjin disse em um tom completamente malicioso enquanto pedia para algum dos funcionários limpar o chão. — Está ocupado? — Ethan negou com os olhos fixos em Aislinn que encarava o chão constrangida. — Ótimo, porque não prove um dos nossos novos bolos com a dona do local! — Quando seus lábios se abriram para ir contra a tal convite, Ethan concordou. — Mas que merda você está fazendo? — Sussurrou para a sua melhor amiga enquanto iam em direção a cozinha. — Ele é um gato, garota! — Retribuiu o sussurro. — É bom uma segunda opinião. — Fechou a porta atrás de Aislinn assim que ambos adentraram a sala. — Não sabia que você era a dona dessa cafeteria. — Ele disse olhando ao redor atentamente. — Adoro os bolos daqui, e pelo visto é você quem os escolhes! — Apontou para os em cima da mesa. — Ora, até agorinha estava intimidando meu motorista, mas agora está sendo intimidada por mim. — Uma coisa não convém a outra. — Retrucou rapidamente enquanto ele se sentava, observando-a de cima embaixo lentamente. — E eu só estou chocada, não esperava te encontrar na cafeteria. Não depois de procurar você na internet! — Hm, você me procurou? — Indagou apoiando a palma da mão em seu queixo. — Parece que você bem convencido em quatro anos. — Aproximou e se sentou ao lado dele. — Só com você que me torno assim... — Ele disse olhando-a fixamente. — Você só me viu uma vez! — Espetou o bolo com o garfo, levando uma quantia até a sua boca. Era de maracujá, molhado e cítrico na medida certa, no fundo era possível sentir o gosto de morango e até mesmo encontrar pequenos pedaços, simplesmente um pedaço de céu. — Está gostoso? — Aislinn piscou algumas vezes. Ao experimentar o bolo tinha esquecido que ele estava ao lado dela. — E eu também te procurei nas redes sociais. Te achei e fiquei te acompanhando, pensando em meios de entrar em contato com você. Não simplesmente iria chegar no bate-papo falando; “Hey, você se lembra de mim? Transamos em uma trilha”. — Aislinn teve que morder a língua para não rir. — Se tivesse puxado conversa assim, não teria achado r**m. — Ele abriu a boca incrédulo batendo a cabeça na mesa, assustando-a e a fazendo rir ao mesmo tempo. — Não esperava por essa minha resposta? — Negou e o riso dela aumentou. O celular no bolso da sua calça social começou a tocar. Ele analisou a tela por alguns segundos pensando se atenderia ou não, estralou a língua e ficou extremamente sério. — Porque eu não te achei nas redes sociais? — Indagou ela assim que a chamada caiu na caixa de mensagem. — Não gosto muito de pessoas vendo o que eu faço ou deixo de fazer. — Retrucou ainda olhando a tela do celular. — Eu... Eu acho que tenho que ir, não queria, mas problemas no trabalho! — Ah. — Foi a única coisa que Aislinn disse enquanto olhava para Ethan. — Voltarei! — Sorriu largamente tocando suavemente o queixo dela antes de sair da sala, deixando-a sozinha com o coração batendo rapidamente. — Como foi? Como foi? Como foi? — Sonjin entrou eufórica na sala. — Esse bolo está uma delícia! — Apontou para o mesmo com o garfo enquanto sua amiga a encarava incrédula. — Queria saber como você combina os sabores assim. — Vai se f***r, Aislinn. — Saiu da sala ainda mais incrédula. — Ele está maravilhoso... — Murmurou pra si mesmo e automaticamente, um sorriso surgiu em seus lábios. — Não acredito que me apaixonei após uma sentada. UMA SENTADA APENAS! Em sua casa anoite após um banho relaxante, já que não havia muita coisa a se fazer desde cedo até ao anoitecer. Aislinn chegou a cogitar a trabalhar na cafeteria em vez de apenas coordenar, mas sabia que tanto sua melhor amiga e quanto os funcionários iriam se sentir desconfortável perante a sua presença. Ethan disse que voltaria e ela queria o ver, mesmo sem entender de onde surgiu a atração que sentia por ele. Talvez fosse porque ele fora educado e cavalheiro na trilha quatro anos atrás, mas também poderia ser pelo o orgasmo maravilhoso que ele proporcionou a ela, algo que ela nunca tinha sentindo com qualquer outro homem em sua vida. Os pensamentos em busca de uma plausível explicação iam e vinham em sua cabeça quando seu celular vibrou ao seu celular na cama, tirando-a de seus devaneios. Era uma mensagem de um número desconhecido. Hey, você se lembra de mim? Transamos em uma trilha quatro anos atrás. Uma gargalhada anasalada soou dos lábios da Aislinn ao ler a mensagem. Não esperava que ele entrasse em contato com ela. Não, não lembro não! No mesmo instante a mensagem foi visualizada e ele começou a digitar uma resposta. Quer refrescar a memória então? Estou disponível nesse exato momento. Retornou a digitar. Desde aquele dia, quatro anos atrás, de uma maneira extremamente estranha, não consegui te tirar de minha memória. Lembrava de seu sorriso, da sua voz, do seu riso, do seu toque e até mesmo dos seus gemidos. Mordeu o canto de seus lábios se preparando para o responder. Está bêbado? Esperou um pouco, mas ele não respondeu e ela se arrependeu de ter mandando aquela mensagem. Talvez... E talvez você seja a minha alma gêmea. Acredita nisso? Pois depois de não te esquecer, acredito sem sombras de dúvidas. Sinceramente, Aislinn não acreditava nesse assunto de almas gêmeas por isso ficou em dúvida no que responder para ele. Em sua mente afirmava que a atração por ele era apenas física e nada mais e nada menos que isso, mas algo bem no fundo de seu coração negava a afirmação. Não queria conversa com ele por mensagem, mas quando ligou para ele, sua ligação caiu no mesmo instante na caixa de mensagem mostrando a ela que o celular havia se desligado. Um desespero começou a crescer dentro de seu peito deixando a sua barriga fria, um frio desesperador, afinal ele disse que estava bêbado. Ligou por mais algumas vezes, mas nada de respostas. Eu estou bem. Celular descarregou! Uma mensagem de outro número desconhecido chegou, mas Aislinn não o respondeu novamente. — Então você simplesmente foi seca com ele? — Sonjin indagou enquanto fazia a massa de um bolo em plena cinco horas da manhã para os vender frescos. — Você queria que eu fizesse o que? — Aislinn resmungou comendo um morango. — Não sei como agir na frente dele, você me viu ontem. Você já tinha me visto daquela maneira com outra pessoa? — E parece que nem sabe agir por mensagens... — Retrucou calando-a. — Você o quer e ele quer você, isso é extremamente óbvio, então porque ir com calma? Ele pode ser seu parceiro s****l. — Parceiro s****l, sério? — Não acreditava no que a sua amiga tinha dito. — Ou simplesmente fique na vontade então, a escolha é sua, eu não ficaria. — Aislinn mostrou o dedo para sua amiga assim que ela virou as costas para pegar mais farinha. — Sabe o que fazer com esse dedo né? — Enfiar na sua... — Não conseguiu terminar a frase, pois farinha havia sido jogado em sua direção. A porta da sala foi aberta revelando a namorada de Sonjin. Aislinn acompanhou o romance de sua melhor amiga de perto desde o início até os dias atuais. A admiração que sentia por elas era tamanha, e ao mesmo o desejo de ter um relacionamento igual ao delas. Intenso, fiel, companheiro e extremamente romântico. — Bom dia Sarah! — Cumprimentou-a com um sorriso enquanto limpava a farinha de seus cabelos e roupas. — Bom dia Linn! — Aproximou-se da sua namorada, beijando sua bochecha. — Fiquei sabendo que um homem extremamente gato veio aqui ontem e ele era o que você transou quatro anos atrás. — Aislinn encarou a Sonjin que apenas desviou o olhar sorrindo vitoriosa. — O que mais você conta pra ela? — Questionou a sua amiga que apenas encolheu os ombros, mostrando que contava tudo que acontecia com ela na cafeteria, que ela via ou ouvia. Batida soou na porta da sala e as três olharam para ela. Abriu lentamente e um dos funcionários apareceu a cabeça sorrindo sem graça. — Bom dia! — Cumprimentou. — Cheguei cedo pra ajudar a fazer os bolos e vim comentar que tem um carro bem suspeito parado na frente da loja. — Adentrou e no mesmo instante Aislinn saiu da sala e caminhou em direção a entrada. Afastou a cortina discretamente e de fato tinha um carro extremamente suspeito parado. Não era possível ver quem estava dentro, pois as janelas negras impediam que ela o visse, mas a julgar pelo o formato do carro, era de marca. Ele foi ligado e se afastou das proximidades da loja. — Quem era? — Sonjin e Sarah indagou ao mesmo tempo enquanto a cortina era posta novamente em seu devido lugar. — Faço a mínima ideia, mas é bem suspeito. — Respondeu-as. — Irei aumentar as câmeras na loja para se sentirem mais seguras e também contratar um segurança para ficar aqui, pode até ser mulher se for melhor pra vocês! — Está preocupada? — Sonjin debochou, mas ao ver a expressão de sua amiga, calou-se. — A segurança de vocês é em primeiro lugar... — Retrucou olhando em seu relógio de pulso. — Será que não é nenhuma das mulheres dos homens que você faz sexo? — Sonjin indagou novamente sem qualquer tipo de deboche ou algo similar. — Não transo com homens casados, você sabe bem disso. Mas se eles retiraram a alianças não é minha culpa, então elas têm que ir atrás e cortar o pênis deles fora... — Respondeu-a com tranquilidade, pois de certa maneira era isso que ela faria se fosse traída. Aislinn, naquele mesmo dia antes do entardecer, retornou a sua casa e começou a ligar e mandar mensagens para os gerentes de suas filiais no país, perguntando se tinham visto algo suspeito, mas em todas as respostas foram “não”. Mesmo assim ela reforçou a segurança dos locais. Cogitou em entrar em contato com as fora do país, contudo, sentia aquela situação era apenas dentro do país e apenas com a loja principal, vulgo lugar onde ela mais passava o tempo. Eu sinto muito por ter lhe incomodado ontem anoite... Seu celular vibrou com a mensagem do Ethan. Ela havia salvado o número dele, pois não sabia se um dia iria precisar. No fundo ela queria saber mais sobre ele, pois em nenhum canto da internet foi possível encontrar coisas a respeito dele. Pra ter motorista e ele o temer, poderia significar que Ethan era poderoso ao ponto de se banhar em dinheiro ou ao ponto de se banhar no sangue de seus inimigos, por pertencer a uma máfia ou algo similar. Pensamento estranho, mas que para Aislinn e a sua mentalidade extremamente fértil, tinha bastante sentindo. Por um breve instante, ela esqueceu o carro suspeito em frente à sua loja às cinco horas da manhã e colocou toda a sua atenção nas mensagens que trocaria com Ethan. Quer conversar? Eu vi que depois da ligação você ficou meio tenso, mas devo dizer que disfarçou muito bem. Ele visualizou, mas não respondeu. Atencioso de sua parte, boneca, mas estou ocupado hoje! Foi a única resposta que obteve quando estava preste a larga o celular e voltar sua atenção ao notebook. E fora essa mensagem que deixou o seu coração extremamente dolorido. Os dias foram se passando, e quando Aislinn se deu conta transformou-se em semanas, e logo em seguida viraram meses. Exatamente três meses, desde a última vez que viu Ethan pessoalmente e a última vez que conseguiu conversar com ele por mensagem. Ela tentou várias vezes depois, mas todas suas tentativas foram em vão e isso a deixou completamente frustrada. O carro ainda continuava sempre na porta do estabelecimento, mas nenhuma pessoa saia de dentro dele e como antes, não era possível ver quem estava dentro. Com o passar dos dias, tanto Sonjin, Sarah, Aislinn e os demais funcionários da cafeteria, não temiam mais o carro e nem o que poderia acontecer. Era um dia nublado com 20% de probabilidade de chover. Aislinn tinha terminado de verificar todos os equipamentos necessitava de reparos ou de novos equipamentos. Despedia-se de Sonjin quando o sino da porta tocou e uma mulher alta, branca e cabelos negros caminhava elegantemente em seu salto alto rumo a Aislinn. Com certeza era ela que sempre estava dentro daquele carro, uma voz no fundo da cabeça de Aislinn soou quando ela parou com um sorriso de lado superior. — Você é Aislinn Farley? — Indagou enquanto as amigas trocavam olhares ocultos. — Sou sim, e você é quem? — Olhou-a de cima embaixo brevemente. — Jasmine Maher. Esposa de Ethan Maher! — Respondeu tranquilamente aumentando gradativamente seu sorriso superior. A boca de Aislinn se abriu, mas nenhuma palavra saiu dela. Ele agia como se fosse solteiro nas duas vezes que ela o viu e trocou mensagens. Ela deveria ter estranhado, pois a maioria dos homens faz a mesma coisa mesmo namorando ou estando casado, mas ela pensava que ele não fazia parte dos que faziam tal coisa. As aparências enganam e agora, após saber a verdade, ela se sentia imunda e com nojo de si mesmo. — D-Desculpa... Eu... Ele... — Tentou procurar palavras em meio aos sentimentos que estava sentindo naquele exato momento de descoberta. — Eu realmente sinto muito mesmo... — Saiu o mais rápido que pode do estabelecimento e adentrou o seu carro. Traição era a coisa que ela mais odiava em sua vida, pois seu pai traiu a sua mãe com uma mulher mais bonita e com o corpo mais firme. Corpo firme que nunca teve filhos na vida. Se separou dela e a mesma, em uma profunda depressão, tirou a sua própria vida. Seu pai não quis cuidar da filha, mas sim aproveitar a vida com mulheres, solteiro, gastando dinheiro sem se preocupar em sustentar uma criança, com isso, Aislinn foi mandada para ficar com avó materna que cuidou dela até seus últimos momentos de vida. Com ela, Aislinn se sentiu amada, acolhida e liberta pra fazer tudo que sempre quis e desejava. — Eu preciso de um banho bem quente... — Murmurou pra si mesmo tendo a plena consciência de que o banho não iria remover o nojo que sentia de si mesmo de t*****r com um homem casado e pensar que poderia se envolver com ele além de sexo, em um romance profundo, intenso e apaixonado.
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