Ajax ficou instantaneamente em alerta, nunca viu a garota por ela, e ela não parecia permanecer aquele ambiente, parecia estar se forçando, mas por quê?
NATALIA
Estou há meses tentando entrar nesse navio, sinto meu corpo gelado de medo, meu coração está disparado e minhas mãos suando.
Não consegui um convite, é porque um bordel de luxo precisa de convite, e agora entendo porque, muitas pessoas dá alta sociedade estão aqui, até mesmo alguns políticos, o que me faz pensar, quem manda em tudo isso?
Puxo meu vestido curto, para que não mostre além do que já está mostrando, e mantenho meu semblante carrancudo na tentativa de nenhum homem se aproximar de mim, sim, me infiltrei como uma das pr@stitutas que trabalham todas as noites aqui, e estou odiando, já fui beliscada apertada e o nojo sobe pelo meu corpo quase me fazendo vomitar.
Respiro fundo e penso no motivo de estar aqui, alguém importante foi tirado de mim, seu nome foi jogado na lama e ele não merecia, preciso encontrar as respostas e o caminho para arrumar toda essa bagunça, sinto meus olhos arderem, mas não tenho tempo de me recompor, meu braço é puxado com força, e meu corpo e jogado para trás como o de uma boneca de pano.
Um homem, alto com cabelos negros me olha, ele tem uma cicatriz no rosto, seu semblante era de curiosidade, meu corpo começou a tremer, o medo tomando conta de mim, olhei para todos os lados tentando estabelecer uma rota de fuga, mas não existia.
Ele alisou o meu rosto e sorriu, me fazendo perder o ar, a mão quente em contraste com a minha pele gelada, me fez pular, ele não gostando dá minha reação me puxou de volta apertando ainda mais meu braço, um grito abafado sai dá minha boca, minhas pernas pareciam querer fraquejar, mas eu precisava ser forte, cheguei até aqui, não era hora de me acovardar, mesmo que eu estivesse quase paralisada de medo, uma mulher aparece saindo de trás dele, me olha de cima a baixo e cruza os braços se colocando na frente do homem, por um momento achei que estaria salva.
Uma pequena confusão de pessoas se empurrando para observar se formou, os olhos iam de mim para a mulher, eu só queria sair dali, estava perdendo tempo.
- O que você está fazendo?-Ela batia o pé, realmente irritada, sua boca apertada em uma linha reta.
- Eu que pergunto, o que você pensa que está fazendo?-Então o nome dela é Ruby.
Enquanto eles se encaravam eu balançava me braço, tentando me livrar do seu aperto, mas parecia impossível, antes que eu pudesse protestar novamente, ele levantou a mão dando um tapa tão forte no rosto de Ruby que a jogou no chão, minha boca se abriu, eu estava incrédula, não eu não soubesse o que essas mulheres passam, mas ver é completamente diferente, Ruby levou a mão ao rosto, se encolheu um pouco, mas seus olhos brilhavam com ódio.
Diante daquilo meu pavor se intensificou, e eu tetei puxar meu braço, ele se virou para mim, e levantou a mão, fechei meus olhos me preparando para o impacto, o tapa forte, um estalo, senti meu rosto quente e ardendo, meu corpo foi lançado ao chão, eu estava jogada ao lado da Ruby, indignada, machucada e com a raiva queimando minhas veias.
Me levanto sentindo minha cabeça doer, levanto o queixo mesmo com a minha bochecha inchada e encarro o homem, que parece furioso, as pessoas ao redor começam a sussurrar e me dizer que eu deveria ter ficado no chão, olha para baixo, Ruby ainda está lá, não existe lagrimas em seus olhos, apenas um olhar gélido e um rosto inchado.
O homem se aproxima de mim, e eu estou pronta para lutar, mesmo sabendo que vou levar a pior, ele é muito maior, sua mão se levanta novamente, oh, merd@, fecho meus olhos maldizendo a hora que resolvi que vir aqui como pr@stituta era uma boa ideia, mas o impacto não vem, o ar parece ter parado, os sussurros cessaram, e um silêncio incomodo está ao meu redor, abro meus olhos devagar, a mão dele esta parada no ar, uma mão enorme segura seu pulso e seu olhar e de medo, quem poderia assustar um homem destes? Sigo meu olhar lentamente pelo braço até encontrar o rosto mais lindo que já vi, e o olhar mais gelado também, me fez sentir que estava na Sibéria.
Ele empurra o homem para trás, e ele abaixa a cabeça sem nem mesmo resmungar, apenas dá um passo atrás, em uma submissão que me custa acreditar, o homem que está na minha frente agora, exala perigo, ele me olha como se estivesse me avaliando, desta vez o medo que sinto é diferente, ele realmente me paralisa, não consigo olhar em seus olhos, então abaixo um pouco a cabeça, ele deve ser o chefe aqui.
Ele segura meu queixo, me fazendo levantar a cabeça, vira meu rosto de um lado para o outro avaliando meu ferimento, meu corpo está tremendo e o frio que sinto parece se instalar em meus ossos.
- Theodoro, leve ela para cima e cuide do ferimento.
O homem é um armário, mais ainda menor do que seu chefe, eu não quero ir a lugar algum, quero apenas minha casa, tento sair, mas ele me alcança antes, que eu possa me mexer, segurando meu braço e me arrastando.
Natalia:- Me solta, não vou a lugar algum-Tento me debater para soltar meu corpo, mas seu chefe se aproxima e segura meu rosto novamente, seu rosto está muito perto do meu, isso faz algo dentro de mim se revirar.
- Me obedeça, não vai querer descobrir o que acontece a quem não me obedece-Agora minhas pernas pareciam geleias, seu halito quento batendo em meu rosto, o terror se instalando, não conseguia mais me equilibrar, Theodoro me arrastou sem resistência, eu estava com medo, um medo que nunca senti antes, cru, palpável, quase desesperado.
Entramos em um elevador, quando as portas se abriram ele me empurrou para fora, era o mezanino do lugar, cercado por vidros, se podia ver tudo lá embaixo, então foi daqui que ele estava observando toda a bagunça.
Uma dos vidros estava aberto, consegui ouvir uma comoção lá embaixo, mas antes que eu conseguisse ver o que estava acontecendo, Theodoro me puxa e me coloca sentada em uma poltrona ao lado do elevador, ele se aproxima com uma caixa de medicamentos, e me entrega um algodão embebido em um líquido que não sei o que é, passo rapidamente pela minha bochecha e devolvo a ele, pois não vi uma lixeira naquele lugar, ele se aproxima dá parede e aperta um azulejo, que se abre com uma lixeira embutida, me seguro para não revirar os olhos.
Fico ali em silêncio, esperando para saber o que aconteceria comigo agora, não consegui descobrir nada e ainda me enfiei em uma confusão que pode custar minha vida.