Capítulo cinco

2071 Words
Parei na lanchonete que tinha perto da loja, para almoçar e mais uma vez, assim como na ultima semana, senti como se estivesse sendo vigiada. Desde que cheguei, senti como se tivesse alguém me olhando, mas dessa vez era pior. Minha ursa acordou e isso me fez engolir em seco. Mesmo eu sentindo ter sido perseguida essa semana, ela nunca deu sinal de vida, mas hoje ela parecia estar acordada, presa em uma cela, desesperada pra sair. Olhei pela lanchonete, mas todos pareciam focados na sua comida. Olhei para grande janela ao meu lado e vasculhei pela rua movimentada alguém me encarando, mas novamente, não vi ninguém. Terminei meu lanche e as batatas, tentando aproveitar, mas o nervosismo em mim era muito grande e eu tive que me forçar a comer tudo. -Por favor, a conta. – pedi olhando para a garçonete que passava. -Só um minuto. – ela sorriu e foi para o balcão, logo voltando com uma caderneta preta de couro – Aqui. Olhei o valor e rapidamente coloquei uma nota de cinquenta, querendo apenas ir embora. -Fique com o troco. – falei e levantei, pegando já meu casaco e minha bolsa. -Mas senhora... – a vi arregalar os olhos e então olhar pra mim – Deu vinte e dois dólares... -Não se preocupe. – falei e sai correndo. Olhei pela rua, mas ninguém veio pra mim. Comecei a andar, indo para a loja, pois lá pelo menos, eu me sentia mais confortável. Depois de cinco minutos, assim que virei à esquina e vi minha loja no outro lado da rua, respirei aliviada. Percebi que tínhamos cliente, por isso fui pela lateral, pra entrar pelos fundos. Assim que me virei pra trancar o portão, soltei um grito quando senti duas mãos me empurrarem contra a parede. O homem estava de costas e percebi que estava trancando o portão. Corri enquanto ele estava distraído, querendo entrar na loja, mas novamente me vejo sendo jogada contra a parede e bati com força minha cabeça, o que me fez gritar novamente. Preparada pra gritar novamente, pra chamar atenção, abri a boca e fechei os olhos com força, puxando fôlego. Minha boca é coberta e quando abro os olhos, vejo o rosto do homem colado ao meu, seus olhos fechados e sua boca sobre a minha. Quando sua língua invadiu minha boca, meus olhos caíram pesados e eu pude saborear o mais delicioso sabor, enquanto ele me beijava. Minha ursa gruiu com prazer dentro de mim e eu circulei seu pescoço. Ele me puxou, e eu circulei sua cintura, enquanto aprofundava o beijo, me inclinando pra cima. Fui esmagada na parede, seu corpo me pressionando com força e inspirei seu cheiro com uma sensação nostálgica. Ele mordeu e chupou meu lábio, causando um estremecimento pelo meu corpo e eu revidei, mordendo um pouco mais forte e chupando. -Finalmente te alcancei. – ele se afasta e eu abro meus olhos, confusa – Nunca mais vou te deixar ir. -Quem... – ofeguei por ar e suspirei – Quem é você? Ele definitivamente parecia o homem que eu via de noite, tinhas os olhos mais lindos e magníficos que já vi. Os olhos castanhos avermelhados que muitas vezes me deixou molhada só de me lembrar dos sonhos. O rosto forte, com maxilar largo e acentuado, com uma barba pra fazer e os cabelos castanhos escuros bagunçados. Na luz do dia, eu conseguia ver com exatidão cada marca do seu rosto que antes era perfeito... Antes. Agora tinha uma cicatriz, que ia da maçã do rosto, até a têmpora. Olhei, estudando cada traço seu. Tão familiar e tão desconhecido ao mesmo tempo. Percebi no seu pescoço uma sombra escura e quando olhei, tinha antigas marcas de garras. Mais cicatrizes. Ele é um shifter e mesmo assim ficou com isso. Ele não se curou rápido o suficiente para não deixar marca... Ele devia estar muito, muito fraco pra ter deixado cicatriz. -Quem eu sou? – ele fez uma careta e negou – Como assim? Não sabe quem sou? Engoli em seco, pois eu tinha certeza que ele me conhecia e eu não fazia ideia de como reagir. Soltei minhas pernas da sua cintura e ele me colocou no chão. -Desculpa... Talvez você me confundiu com alguém? – perguntei com medo e sabendo que ele poderia cheirar a mentira, não confirmei nem neguei nada e dei um sorriso nervoso, insegura – Me mudei faz uma semana, mais o menos... Vim da Irlanda. Essa loja é minha. Sou Micaela. Respirei seu cheiro e me esforcei para não fechar os olhos. Um cheiro tão nostálgico e familiar. Tão bom. Era fresco e reconfortante. Aproximei-me, não resistindo ficar longe e coloquei as mãos no seu peito, olhando em seus olhos. Ele era um pouco mais alto que eu, mas era como se tivéssemos sidos feitos um para o outro. Ele se afastou, negando, parecendo incrédulo. Eu dei um passo pra trás, me sentindo machucada. Respirou profundamente e então rosnou, balançando a cabeça. -Não... Não acredito... – ele rosnou e então saiu rapidamente pelo portão. Olhei e vi que tinha estourado o portão. Eu preciso chamar alguém pra arrumar... Tentando não pensar, fui pra dentro da loja, no laboratório, onde eu vi um dos meus empregados já trabalhando. -Preciso que ligue... Para alguém que possa arrumar o portão. – falei e respirei fundo, me virando, então novamente voltei para o funcionário – Me desculpe... Mas qual o seu nome mesmo? Não consegui conversar com você direito, não é? -Sou Danilo. – ele disse e sorriu tenso – Recebemos uma encomenda de um mercado pequeno da cidade. Parece que atendemos uma das sócias outro dia e ela amou seu produto. Falamos com a Camille, já que não consegui entrar em contato com você. Ela falou pra aceitar. -Tudo bem, não tem problema... Você poderia fazer essa chamada, pra arrumarem o portão e me deixar um pouco sozinha agora? Por favor. -Claro. – ele saiu rapidamente do laboratório, com o telefone já na mão. Sentei na cadeira de rodinhas que tinha e coloquei a mão nos lábios. Céus. No silêncio e sozinha era impossível não pensar nele. Ele me conhece... Ele me conhece como Anya. Eu o conheço, mas inferno, eu não o reconheço! Inspirei profundamente, fechei os olhos e tentei me lembrar de algo, mas não vinha nada, apenas à sensação dos seus lábios sobre os meus, sua mordida em mim que foi como um choque pelo meu corpo. Mordi o lábio, me lembrando do seu sabor, querendo-o novamente. -Micaela. – abri os olhos assustada e vi Estela na porta me olhando – Estão te chamando. Poderia vir aqui, por favor? -Já vou. – falei forçando um sorriso – Um minuto, por favor. -Claro. – ela disse e saiu. Levantei e respirei fundo, logo agachei prendendo minha cabeça com os braços e quis gritar de frustração, mas tentei ao máximo me acalmar. Assim que senti que tinha minhas emoções sobre o controle, levantei e ajeitei meu cabelo, pra só então sair do laboratório. -Micaela! – olhei para a Estela que sorria e então indicou com a cabeça quem me esperava e eu fiz uma careta ao ver uma mulher parada em frente ao balcão – Essa é a Joana. Ela é do meu clã. Ela chegou alguns anos antes que eu. A mulher é baixinha pra ser uma ursa, mas com muito seio. Ela é tão magra que o seio se destaca mais ainda e usava um vestido que fazia parecer que seus s***s iam pular pra fora. Olhei seus braços e percebi que mesmo sendo magra, ela tinha muito musculo. Seus braços finos eram marcados e definidos com os músculos. Voltei meu olhar para seu rosto e seus olhos castanhos pareciam divertidos, e seus lábios estavam com um sorriso um tanto assustador. Fiquei atrás da bancada, disposta a tratar ela como uma cliente, afinal era do clã da Estela, então iria me esforçar para trata-la bem. -Oi. – ela disse e apesar do seu tamanho, ela transmitia uma áurea assassina – Sou Joana, uma assassina do clã. Estou aqui para lhe dar boas vindas. -Assassina? – levantei uma sobrancelha, não me deixando intimidar e realmente a presença dela aqui parecia tão insignificante como realmente era – Não seria uma executora? Seu sorriso assustador continuou e então ela assentiu. -Mais o menos. – ela se inclinou sobre o balcão e me olhou de cima a baixo – Eu vim da Rússia, faz alguns anos... Primeiro minha família foi embora, eles foram bem recebidos por esse clã, então eu vim e desde então eu sou uma fodida protetora deles e se você ousar ser a p***a de um espião, eu juro que te mato. -Joana! Pare com isso! – olhei para Estela que estava incrédula – Você é i****a?! -Não ouse falar nada! – Joana se virou pra Estela e rosnou – Cala a boca! Não aguentei e dei risada. Ela é uma v***a de primeira. -Acredita que eu não sou capaz? – ela rosnou, ficando irritada – Eu te mato fácil. -Se coloca no seu lugar. – falei ficando séria e realmente irritada – Você está na p***a da minha loja, um lugar que o seu clã me cedeu, ou seja, aqui é meu território. Você não vem aqui me fazer ameaças, desrespeitar meus funcionários, ainda mais quando não tem permissão do seu clã, por que se tivesse, não seria você a vir. -Como é que é?! -Eles não iriam enviar alguém tão estourada pra me cobrar algo. Duvido que eles tivessem sequer me deixado pisar aqui se achassem que sou uma ameaça. – eu rosnei baixo, irritada – Então se você não quiser comprar nada, dá o fora daqui. Esse é meu território. Minha loja. Ela rosnou e se inclinou para atacar e eu senti minha ursa pronta pra responder. Eu fui desafiada dentro do meu território e não gostei nem um pouco, e minha ursa tampouco. Antes eu m*l conseguia senti-la, mas agora ela está mais e mais presente. -Como ousa... Ouço a porta se abrir e na hora ouço um rosnado, que assustou os outros clientes e os deixaram paralisados, enquanto eu quase gemi diante o cheiro que invadiu a loja quando ele entrou. -Vá embora agora Joana. – olhei para o lado e já sabendo quem era antes mesmo de ver, e na hora vi o homem de olhos castanhos avermelhados, olhar furioso para Joana – Quem você acha que é para vir aqui e ameaçar ela?! -Mas Bruno... – ela tentou falar, mas ele rosnou, parecendo mais furioso. Assim que ela falou seu nome, senti uma pancada na cabeça e ofeguei, mas continuei firme, tentando parecer calma, o que de longe eu me sentia. Ele estava aqui de novo. -Vá embora agora! Eu já falei com o Luca e você será devidamente punida. – ele avançou pra ela e o tamanho era tão diferente que ela parecia uma criança perto dele – Vá agora! Senti minhas pernas falharem com a menção do nome Luca, mas inspirei profundamente e me mantive firme. -Ele voltou? – ela pareceu entrar em pânico e eu isso me causou uma felicidade que sabia que não deveria sentir. -Ele voltará esse final de semana. Esteja preparada. – ele disse e então me olhou – Você está sendo convocada nesse sábado. Estela, leve a An... Micaela para a mansão. -Claro. – Estela se inclinou e eu levantei uma sobrancelha, olhando para o Bruno que logo voltou seu olhar para mim. -Estarei te esperando. – ele disse e então encarou Joana – Dê o fora daqui! -Você nunca foi assim Bruno... – ela parecia incrédula e ele rosnou. -FORA! Joana parecia travada, mas então com um olhar furioso pra mim, saiu correndo da loja. -Não se esqueça disso Micaela. – ele disse tão serio que causou um arrepio estranho em mim e então olhou para Estela – Garanta que ela vá. -Sim senhor. – Estela respondeu, ficando mais pálida que papel, e eu bufei para o Bruno – Estaremos lá. -Pare de assustar a menina! – briguei irritada – Deixe de ser um valentão! Ele sorriu e eu vi uma covinha em seu rosto, o que fez meu coração palpitar mais forte e eu tive que me segurar pra não abrir a boca. Sem falar mais nada, saiu da loja. Filho da mãe! ~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Seja meu padrinho e me ajude a continuar a publicar minhas histórias! https://www.padrim.com.br/vewinkg  
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