(Rio de Janeiro – Janeiro de 2017)
- Você é uma pirada, isso sim, Alice, você não vale nada.
A melhor amiga e braço direito da morena na empresa, Bruna Amorim, uma linda ruiva de vinte e seis anos, também advogada, quase grita quando Alice mostra o resultado do teste de farmácia para ela.
- Não grita, eu já estou desesperada o suficiente.
As duas estavam no apartamento da advogava naquela segunda-feira, não foram para a empresa de materiais de construção que pertencia à família Morgado, a morena passou m*l e só poderia significar uma coisa, por isso ligou para a amiga, Bruna levou o teste e bang, ela estava grávida mesmo.
- Meu Deus, Alice, você já fez muita loucura na sua vida, mas isso? Nossa, isso ganha de todas. Engravidar sozinha em uma clínica.
- Não sei se você lembra, mas eu sou lésbica, nada de p*u ou homem envolvido no processo. E não vejo qual o problema, eu sou uma mulher independente que quer ter um filho, simples, fui lá e o coloquei dentro de mim, isso só me custou quatro mil reais.
- c*****o, você está colocando preço no seu filho? _ A ruiva fala sorrindo.
- Você é uma i*****l, isso sim.
Alice se joga na cama e respira fundo, agora era real, ela seria mãe. Bruna a observa, tão linda, tão pacífica, se a morena olhasse para o lado, olhasse de verdade, veria que tinha uma pessoa que sempre a amou, sempre a idolatrou, sempre fez tudo por ela, mas a morena só via a ruiva como amiga, nunca a olhou de forma diferente, não que ela não fosse atraente, ela era e muito, mas era sua melhor amiga desde os dezesseis anos, não poderia enxergá-la de outra forma, mas isso não impediu Bruna de sentir, de pensar, de imaginar. Ela respira fundo e se encaminha para a cama, se deitando ao lado da amiga e puxando seu corpo para seu colo a abraçando e beijando seu cabelo.
- Eu estarei contigo, sempre.
- Você será uma ótima madrinha. _ Alice diz ao deitar sua cabeça no ombro da ruiva.
- É, serei uma ótima madrinha.
A ruiva fala com mágoa nas palavras, que se dane ser madrinha, ela queria ser mãe daquela criança, queria ser a mulher que seguraria o cabelo da outra em manhãs de enjoo, queria ser a mulher que acordaria ao seu lado e começaria a acariciar sua barriga, queria ser a mulher que ia segurar a mão de Alice no dia do parto e queria ser a mulher que a morena diria o “eu te amo”, a mulher que estaria ao seu lado em todos os momentos e não como uma amiga, ela queria ser a sua mulher, queria ser a senhora Morgado ao lado de Alice, queria ser a família de Alice.
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- Você é... ah! Alice eu não sei o que faço com você, de verdade não sei. _ A mulher diz e passa as mãos no cabelo.
- Mãe, eu disse que faria e fiz.
Estavam na casa dos Morgado, Alice acabou de falar para a mãe o que fez e agora a senhora Morgado estava surtando.
- É, mas eu não levei a sério. Alice, é uma criança, sem um pai ou outra mãe. Meu Deus! Seu pai vai surtar, de verdade.
- Porque eu vou surtar?
Nesse momento o senhor Morgado, homem forte, moreno, no auge dos seus sessenta anos que amava a família acima de tudo, entra na sala.
- Pai... _ Alice se assusta.
- Porque eu vou surtar, Andreia?
- Calma, Renato, mantenha a calma.
- Vocês só estão piorando a situação. _ Ele olha para a filha. – O que você aprontou agora?
- Eu... por que tinha que ser eu? _ Ela fala ironicamente.
- Oras! Fale logo, Alice.
- EuEstouGrávida.
- O que você disse? _ De fato ele não entendeu nada.
- Não surta e se acalma. _ Ela respira fundo e fala, agora devagar. – Eu estou grávida.
- Não brinque comigo, Alice, nem dedos e nem aquelas coisas que você usa fazem bebês.
- Eu fiz inseminação, pai.
- Você... _ Ele a encara. – Você está mesmo grávida? _ Ele ia se aproximando da filha.
- Sim. _ Ela vai se afastando do pai.
- Volte aqui sua... sua... _ Alice começa a correr para fora da casa com o pai atrás.
- Parem os dois com isso agora. _ Andreia até tenta, mas a filha já estava dentro do carro dando partida nele.
- c*****o, c*****o, ele ia me m***r, eu tenho certeza disso. _ Ela fala eufórica, mas depois começa a sorrir, passando a marcha do carro. – Meu pai é um louco, completamente louco. _ Suas gargalhadas só aumentam. Então ela leva umas das mãos para a barriga.
- Seu vovô vai te amar, meu amor, ele é durão assim, mas no fundo tem um coração enorme e vai amar você, igual ama a mamãe aqui. _ Ela fala sorrindo e de fato aquela família iria adorar aquele bebê.