Quase lá

678 Words
Dom Carlo voltou a caminhar em direção ao quarto, mas o corpo seguia em chamas. Eleonora. Meia nua. Embriagada. Implorando silenciosamente por algo que ele não podia lhe dar — ainda. Mas ele era homem. De carne, osso… e desejo acumulado. Ao virar o corredor, a camareira ainda estava lá. Parada. Mexendo no celular. O uniforme levemente aberto no decote, os olhos atentos a cada passo dele. Ele parou. — Qual o seu nome? — perguntou, voz baixa e firme. Ela ergueu os olhos com um sorriso. — Giulia. Ele não disse nada por alguns segundos. — Meu quarto. Cinco minutos. Ela engoliu seco, surpresa. Depois assentiu. Dom entrou no quarto e deixou a porta entreaberta. Tirou a camisa, ainda sentindo os beijos molhados de Eleonora em sua pele. O perfume dela grudado no ar. Logo, Giulia entrou. Fechou a porta atrás de si com um leve clique e olhou para ele, como quem sabe exatamente o que está fazendo. Sem uma palavra, Dom se aproximou. A mão segurou o zíper do uniforme da jovem. Ele o puxou devagar, revelando a pele alva, o sutiã preto rendado. Ela tremeu sob seu toque. Mas então, ele viu. Não nela. Em sua mente, o olhar da garota do vestido branco. Aquela que, mesmo bêbada, o chamava de “marido” com ironia e inocência. Aquela que se entregaria a ele, um dia, não por contrato. Mas por vontade. Dom parou. — Tire a mão — ela sussurrou, provocando. — Ou vai apenas olhar? Ele deu um passo para trás. Passou a mão pelos cabelos e soltou um palavrão em voz baixa. — Pode ir embora, Giulia. Ela franziu o cenho, confusa. — Sério? — Não vou repetir. Ela ajeitou a roupa com orgulho ferido e saiu sem olhar para trás. Dom caiu sentado na beira da cama, encarando o vazio. Tudo que ele queria agora era esquecer o gosto amargo de desejo interrompido. Mas não conseguia parar de pensar… Naquela boca que ele ainda não beijou. Naquela pele que ele ainda não tocou de verdade. E no maldito fato de que Eleonora já era dele. Mas ele ainda não era dela. O quarto estava escuro, silencioso. Apenas a luz suave da cidade filtrava pelas frestas das cortinas, dançando sobre os lençóis de linho branco. Dom Carlo deitou-se, ainda nu da cintura para cima, o peito arfando lentamente, como se tentasse recuperar o controle que passou o dia inteiro tentando manter. Mas era inútil. A imagem dela estava ali. Eleonora. Com a pele úmida da banheira, os cabelos caindo em ondas sobre os ombros, os olhos marejados de álcool e desejo. Os s***s cobertos apenas pela renda fina da calcinha branca. As pernas entreabertas quando subiu em seu colo, implorando em silêncio para que ele a tomasse. Dom fechou os olhos. A respiração se intensificou. A mão deslizou por seu abdômen até alcançar o volume latejante sob o tecido da calça. Ele estava duro. Quente. Louco. Pensou na boca dela. Nos lábios entreabertos sussurrando “você é meu marido, não é?” Nos dedos trêmulos que tocaram o próprio corpo, tão perto do dele, provocando-o além do suportável. A mão de Dom começou a se mover, lenta, firme, num ritmo que ecoava o que ele desejava fazer com ela. Na sua mente, Eleonora o montava com as coxas nuas, a pele arrepiada e a respiração acelerada. Ela o provocava, gemendo baixinho, pedindo mais, mesmo sem nunca ter tido nada. E ele a invadia com a boca, as mãos, o olhar. Ele gemeu baixo. O prazer subia como uma febre, quente e insuportável. Eleonora. Inocente. Proibida. Comprada. Mas completamente dona dele naquele momento. O corpo se arqueou. A respiração se quebrou em estalos de prazer. E quando o clímax o tomou, foi com o nome dela preso entre os dentes. — Eleonora… Silêncio. Dom caiu de costas nos lençóis, o coração disparado, os olhos fixos no teto. Nunca se sentiu tão satisfeito… E tão maldito. Porque ela ainda era virgem. E ele acabava de se perder por ela — sozinho, no escuro.
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