Apoiei os cotovelos no parapeito, fechei os olhos, deixei as lágrimas rolarem sem vergonha. Chorei baixinho, sentindo o corpo tremer, o ar faltar. O pensamento escorregou para um lugar escuro e silencioso. Bastava um passo. Bastava inclinar o corpo para frente, soltar as mãos, deixar o vento fazer o resto. A queda seria rápida, o impacto final, definitivo. O mar me levaria, as pedras me apagariam. Ninguém teria que fingir mais nada, nem eu. Por alguns segundos, tudo fez sentido. Não havia futuro, nem fuga, nem redenção possível. Só o alívio, só o fim. Senti o corpo inclinar, as mãos apertando com força a madeira, o coração disparando na garganta. A dor se misturava ao medo, e no fundo do peito algo gritava, um último impulso de sobrevivência, tão fraco quanto uma prece sussurrada ao vent

