Quando Salvatore finalmente saiu, escorregando pelas sombras e desaparecendo tão rápido quanto apareceu, ficou um vazio palpável no provador. O cheiro dele ainda pairava no ar, misturado ao suor, ao perfume adocicado das flores, ao tecido do vestido. Sentei na poltrona por um tempo, tentando me recompor, sentindo as pernas ainda trêmulas, a boca ardendo dos beijos e o rosto marcado de tanto chorar. Limpei as lágrimas, ajeitei os cabelos emaranhados e puxei o vestido de noiva para cima, como se a superfície branca e impecável pudesse apagar tudo que aconteceu ali dentro. Respirei fundo algumas vezes, tentando controlar o rubor no rosto e o inchaço nos olhos. Precisava sair logo, antes que minha mãe, a senhora Ricci ou a costureira resolvessem entrar para verificar o atraso. Esperei alguns

