"É só nervosismo", repetia para mim mesma. "É só medo, é só ansiedade, é só esse inferno de vida que não acaba nunca." Mas, no fundo, uma pontada de certeza começava a se instalar, quase imperceptível, quase covarde. O ciclo estava atrasado, sim, mas era normal, sempre foi assim em momentos de estresse. Eu sabia disso, jurava a mim mesma. Só que, dessa vez, o atraso parecia mais longo. O corpo parecia outro, mais pesado, mais sensível, mais frágil e vivo ao mesmo tempo. Paola percebeu primeiro, com o olhar atento de quem entende de segredos familiares. Numa manhã, quando quase vomitei na sala de ensaio do vestido, ela me puxou de lado, com uma expressão de preocupação genuína. — Bianca, você está bem mesmo? Se quiser conversar... — ela sussurrou, mas eu cortei rápido, agradecendo e fug

