A recepção aconteceu então, num hotel enorme e caro no final da rua. Estava tudo muito bem decorado para a ocasião.
A atmosfera a tensa podia ser percebida, já que todos os membros adversários das diferentes famílias criminosas da cidade fizeram todo o possível para envolver-se em conversas triviais. O meu pai fez um discurso sobre a união e a necessidade de deixar o passado para trás, e me perguntei se poderia acreditar em parte de tudo isso.
Kayla estava sentada ao meu lado o tempo todo, me segurando pelo braço sempre que podia. Eu não poderia culpá-la. Era como se ambos estivessemos juntos à deriva num oceano, perdidos no mar.
Pelo menos eu não precisava fingir que estava apaixonado por ela. Ela era a única pessoa com quem eu poderia ser honesto.
Tomamos champanhe juntos quando o baile começou... bem, foi eu quem pegou dois copos. Achei justo brindarmos o nosso novo status de casado. Trocamos os nossos com os braços entrelaçados. Eu não pude evitar de observar a maneira como os seus dedos delicados circulavam a haste, como se eles tivessem sido feitos para isso.
— Você acredita nisso? Ela murmurou para mim, a primeira coisa real que ela me disse desde que nos casamos.
— Você não deve estar neste negócio há tanto tempo quanto eu. Eu respondi. — Isso não me surpreende muito.
Ela olhou para mim com o canto do olho. — Então você está feliz com esse acordo, certo?
— Eu não teria aceitado se não estivesse. E você deve ter tido as suas razões.
As suas bochechas ficaram levemente rosadas e ela tomou outro gole de champanhe.
Eu estava curioso. O que exatamente a convenceu a fazer isso? Por que ela disse sim quando era claro que não? Ela estava exatamente onde queria estar?
— Você já foi casado? Ela me perguntou. Eu bufei divertido com a ideia.
— Não, nunca. Eu respondi. — Você já?
— Não. Ela respondeu. — Eu nem... Ela parou e a suas bochechas coraram um pouco.
Tinha que descobrir por que ela gaguejou.
— Somos casados. Eu lembrei ela. — Você pode me dizer o que pensa.
Ele terminou a sua taça de champanhe, e isso pareceu lhe dar um impulso de coragem.
O que ela precisava para responder a minha pergunta.
— Eu nunca namorei ninguém. Ela admitiu. Eu levantei as minhas sobrancelhas surpreso. Era difícil acreditar que uma jovem tão bonita como ela não teria sido desejada por algum cara, mas imaginei que o seu pai teria sido suficiente para assustá-los.
— Nunca? Eu perguntei.
— Eu sei, é estranho. Ela suspirou, balançando a cabeça.
— Não é estranho. Eu disse a ela. — Apenas diferente.
— De quem? De você?
— Entre outras pessoas.
— Você já namorou muita gente, então? Ela perguntou.
Eu ri. — Eu acho que você poderia dizer isso.
Eu queria saber se ela se lembra de ter me encontrado no bar. Não sei se pergunto diretamente porque não queria que ela pensasse que eu estava perseguindo ela ou algo assim, mas eu quase quis dizer isso a ela. Naquela noite eu teria feito dela uma das minhas conquistas se não tivessem me chamado.
Antes que pudéssemos continuar a conversa, o meu pai nos chamou e fez com que subíssemos no palco para dançar. Tínhamos que manter o show para todos, e eu a trouxe para mais perto de mim quando a música começou a tocar.
Com as minhas mãos nas suas costas, inalei o seu perfume. Cheirava doce, como baunilha, com algo picante no centro, algo perfumado e quase um pouco viciante. Ela colocou os braços em volta dos meus ombros, apoiando a cabeça contra o meu peito. Você vê? Éramos bons nisso. Quase parecia que estamos atraídos um pelo outro.
Então ela foi tomar outra bebida e eu me juntei a ela. Eu parei atrás dela, no bar, admirando a forma como o vestido abraçava as suas curvas. A maneira como abraçava a sua cintura, a maneira como moldava os seus quadris, e algo mais me ocorreu na mente. Talvez uma das razões pelas quais eu tenha hesitado tanto em dizer isso.
Eu nunca estive um relacionamento antes.
— Olá. Murmurei, enquanto deslizei ao lado dela. Ela olhou para mim lateralmente.
— Olá! Ela respondeu, pegando a sua bebida e virando-se para me encarar apoiando-se na barra. — Você dança muito bem.
— Você também. Respondi, e ela riu.
— Ei, você não precisa mentir para mim. Ela me empurrou levemente. — Eu sei que não faço sentido de ritmo.
— Você se saiu bem para alguém que não sabe dançar. Eu respondi.
Então, fiz uma pausa. Havia algo que eu queria perguntar a ela, mas não sabia como ela reagiria. De certa forma, não era da minha conta, mas ao mesmo tempo, se ela era minha esposa, eu queria saber.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Se você quiser. Ela respondeu, e pela expressão em seus olhos, eu quase poderia achar que ela sabia o que eu estava pensando naquele momento.
— Se você nunca namorou ninguém. Eu comecei. — Isso significa que você é virgem?
Por um momento pensei que ela iria me dar um tapa por ousar fazer essa pergunta. Mas então ela não fez. Ela soltou um suspiro e assentiu.
— Sim, sou virgem. Ela confessou, virando a cabeça para não olhar para mim enquanto conversava. – Eu sei. É uma loucura ser virgem na minha idade. É só que... Eu nunca conheci o cara certo, só isso.
— Você não precisa explicar isso. Eu disse. Eu não me importava com o que ela havia feito ou não feito antes desse casamento. Mas havia algo em saber que nenhum outro homem a tocou, que me fez sentir de uma certa maneira feliz.
Aquela garota linda, aquele corpo perfeito, nunca tinha estado com mais ninguém. Ainda não sabia para onde nosso casamento estava indo, nem nossa noite de nupcias, mas só de pensar nisso foi o suficiente para despertar o meu interesse por ela.
– Eu sinto que sim. Ela admitiu. — Todos os meus amigos acham que sou louca por não encontrar um cara com quem ficar de uma vez por todas.
– Não acho que seja o tipo de coisa que você deva fazer só porque sente
que você deveria fazer isso. Eu comentei.
— Você parece falar por experiência própria. Ela respondeu.
Dei de ombros.
— Talvez sim.
Ela parou por um momento, olhando para mim, e pude ver um brilho de diversão em seus olhos. A multidão estava conversando ao nosso redor, o salão estava cheia de atividade, mas ela era a única pessoa que eu podia ver no momento.
E eu estava começando a me perguntar se estar casado com ela seria muito mais interessante do que eu pensava.