Episódio 6

990 Words
Sentei-me na beirada do assento, com os ombros voltados para as minhas orelhas. Eu estava me preparando para o pior, fosse ele qual fosse. Eu não tinha ideia de onde isso iria dar, e não tinha certeza se iria gostar, mas eu confiava no meu pai. E eu queria ouvi-lo, não importa o quão louco fosse parecer o que ele diria. — Você sabe que os Volkov e eu estamos em desacordo há anos. Ele me explicou. Balancei a cabeça, como se precisasse ser lembrada. — Bem, Volkov quer acabar com isso. Ele continuou. — Pode parecer estranho, mas, agora ele está olhando para o seu futuro e quer garantir um em que não precisa se preocupar o tempo todo. Não para nós, pelo menos. — Você realmente acha que ele faria algo assim? Eu perguntei, incrédula. Não, considerava o meu pai um homem ingênuo, mas ele certamente percebeu o quão estranho era que alguém como Volkov oferecer algo agora, depois de brigar conosco por qualquer coisinha, por muito tempo. — Eu também não tinha certeza, mas já estamos conversando há algum tempo. Ele explica. — E parece que ele é sincero quando diz isso. Sei que não podemos ter certeza, mas estou tão certo quanto posso estar agora. — Por quê? O que ele lhe ofereceu que o deixou tão confiante? Eu perguntei. A minha voz estava tensa e a tensão percorria todo o meu corpo. Tentei me convencer de que o meu pai nunca faria algo assim, que ele só tinha escutado muitas histórias malucas e ficou paranóico... — Um casamento. Ele respondeu. — Entre o filho dele e... e você. Lá estava, a última coisa que eu queria ouvir. Abaixei a cabeça, recuperando o fôlego, quando o choque tomou conta de mim. Casamento? Ele queria que eu me casasse. Comecei a analisar a logística imediatamente, tentando conter as minhas emoções. Se isso fosse verdade, se Volkov estava realmente oferecendo algo assim, então poderia realmente ser o fim da inimizade em que os dois homens ficaram presos durante as últimas duas décadas. Seria o pacto definitivo, um vínculo inquebrável entre as duas famílias que garantiriam que não haveria mais derramamento de sangue, nem temor. Um inimigo a menos. Mais um aliado. No papel, parecia bom. Mas e eu? Eu nem tinha namorado alguém antes, e ele estava me oferecendo um casamento? Digo, eu queria me casar em algum momento, mas não imaginava que isso iria acontecer tão cedo. E esse homem, quem era ele? Eu tinha evitado tudo que pude sobre aquela família, pensando que era mais seguro mantê-los o maior tempo possível anônimos. Quando se tratava de fazer o que precisava ser feito, um maior conhecimento da sua existência teria dificultado as coisas. Eu m*al conseguia pensar direito enquanto tentava olhar para cima e encontrar o olhar do meu pai. As minhas mãos tremiam enquanto ele estava na mesa na minha frente, respirando profundamente, inalando todo o ar que podia. — Quem é esse? Eu finalmente quebro o silêncio. — Quem? O meu pai pergunta e parece surpreso. — O cara Volkov, quem é ele? Eu quero saber. — Se eu vou me casar com ele, o mínimo que você pode fazer é me contar um pouco sobre ele. — Marco. Ele respondeu. — Esse é o nome dele. Marco, repeti o nome, para sentir como se ouvia na minha cabeça, eu não sabia o que esperar, mas de alguma forma gostei. Poderia me ver casada com um Marco? Droga, eu não sei. Eu poderia me ver casada com alguém? — E como é ele? Perguntei imediatamente. Ele encolheu os ombros. — Não sei muito sobre ele. Ele admitiu. — Volkov e eu queríamos fazer isso rápido e fácil, você sabe. Não há necessidade de passar por um período inteiro de namoro. Então, ele só queria me casar. Isso era tudo. Ele nem ia me permitir conhecer o cara com quem ele estava me pedindo para passar o resto da minha vida. O acordo deve ter sido bom para ele aceitar uma coisa como essa, e perguntei-me por quanto tempo os Volkovs a manteriam em cima da mesa. Se ele não aproveitasse a oportunidade, poderia ser interpretado como um insulto, e era a última família com quem queríamos ter um relacionamento com problemas. Só de pensar nisso foi o suficiente para me fazer estremecer em desconforto. Me*rda. Eu não sabia como iria lidar com isso. Eu aceitaria a oferta de casamento com um cara que eu nem conhecia? Um cara que era filho do inimigo mortal do meu pai? Será que isso realmente seria suficiente para que esquecessem as últimas duas décadas de lutas, batalhas, confrontos em todas as oportunidades possíveis? — Tenho uma foto. Comentou ele, e começou a vasculhar a gaveta para encontrar. Uma foto? O que ele estava pensando para acreditar que com uma foto eu simplesmente poderia concordar em fazer isso? Ele era tão bonito que seria impossível para mim...? E então ele tirou a foto. Oh. Oh. Peguei e aproximei para ver melhor. Porque era impossível… era? Não havia como ser ele. Mas quando olhei de perto, percebi que era. Era o cara da outra noite, no bar. Eu tinha certeza, a foto poderia ter um alguns anos, mas era o mesmo homem. O mesmo olhar penetrante, o mesmo maxilar forte, o mesmo sorriso ligeiramente travesso. O meu coração pulou várias vezes dentro do peito e ouvi um zumbido nos meus ouvidos. Isso era muita coincidência. Ou era o destino? Porque, não poderia ter outra explicação. Eu queria falar com ele no bar antes de ele sair, e agora, aqui estava ele, bem na minha frente, com o meu pai me dizendo que eu ia me casar com ele…. — O que você acha? O meu pai perguntou. Voltei à realidade. E antes que eu pudesse me conter, as palavras saíram da minha boca. — Eu vou. Vou me casar com ele.
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