Leah
12 de junho, mais conhecido como Dia dos Namorados.
Para muitos, é o dia favorito do ano. Para mim, é o pior, e se dependesse de mim, eu o apagaria do calendário. Odeio esse dia desde que me lembro, porque ele me lembra quem eu sou: uma órfã. A mulher que me deu à luz não hesitou em me deixar na porta de uma igreja, sem se importar com a escuridão da noite, o frio ou o fato de eu ter nascido poucas horas antes.
A Irmã Clarice sempre me enfatiza que eu não deveria odiar ou nutrir sentimentos negativos em relação à minha mãe biológica, porque isso só me machucaria. No entanto, não consigo evitar um certo ressentimento em relação a ela.
Por que ela não me amava?
Por que ela não me entregou aos serviços sociais ou para adoção em vez de me abandonar abandonada no meio da noite fria?
Por que ela se deu ao trabalho de ficar comigo se não me queria?
Milhões de perguntas pairam na minha cabeça desde que me lembro e, com o passar dos anos, tenho muitas mais, mas tenho medo de nunca encontrar as respostas.
De qualquer forma, a vida é uma bagunça, e não parei de tropeçar nela desde que saí do orfanato. Costumo viver o presente, despreocupada, sem me importar muito com as consequências, pois prefiro me arrepender depois do que ficar presa na incerteza.
A maioria das pessoas que me conhece me chama de imatura. Simplesmente me considero uma garota que aproveita a vida ao máximo. No entanto, no meu aniversário, geralmente não sou a mulher mais otimista ou despreocupada. No dia 12 de junho, odeio a mim mesma, os meus amigos e o mundo em geral. No entanto, este aniversário parece ser diferente dos outros.
Di*abo italiano do car(alho!
Argh, às vezes eu te odeio, Adriano Di Lauro. Por me forçar a acordar cedo e atravessar o continente para passar o dia congelando com a minha amiga. Simplesmente porque ele decidiu fazer isso.
Claro, um homem como o Magnata do Aço não aceita "não" como resposta. Além disso, ele enviou o seu melhor soldado, um especialista em me dissuadir.
Só espero que seja pelo menos uma viagem memorável para mim. Ou... eu poderia usar o tempo e deixar o meu sentimentalismo patético de lado, focando em algo melhor.
Vejo a silhueta de Pietro Varca e mordo o lábio inferior de forma sedutora. O cara é delicioso sem molho, quase tanto quanto o melhor amigo.
O que esses italianos fazem e por que eu nunca tive a chance de pegar um assim?
A minha melhor amiga os encontra sem nem tentar.
É... Cassandra Reid é uma garota de sorte. Eu, por outro lado, poderia me considerar uma pessoa sem sorte com os homens.
— A senhora está confortável, Srta. Falco? Pergunta o advogado, como um bom anfitrião.
— Claro. Respondo com o meu melhor sorriso. — Embora...
— Há algo errado? Ele pergunta com óbvio interesse, vendo a minha expressão hesitante.
— Aviões me deixam um pouco nervosa.
— Há algo que eu possa fazer a respeito?
Olho rapidamente para o corpo bem-dotado escondido sob o tecido. Não sou nada sutil, e ele, claro, percebe imediatamente.
— Só... Lambo os lábios lentamente, ciente do efeito que isso tem no sexo masculino. Homens são tão... homens. — Pode segurar a minha mão, por favor?
O homem se senta ao meu lado e atende ao meu pedido com um sorriso torto. Os meus movimentos são premeditados, ele sabe disso, e parece satisfeito com isso.
— Mais alguma coisa? Ele roça o ombro no meu, esfregando a palma da mão que segura na base do meu antebraço. — Você está com um pouco de frio, talvez?
— Mmmm. Murmuro algo ininteligível enquanto ajusto as minhas costas mais confortavelmente no seu peito e inclino a minha cabeça para encontrar os seus lindos olhos castanhos. — Talvez.
A sua respiração alcança o canto dos meus lábios, enquanto sinto o hálito mentolado que emana da sua boca.
Delicioso.
Não penso mais nisso, mas permito o leve toque dos seus lábios nos meus antes de capturá-los num beijo ardente. Ele tem um gosto delicioso, como eu pensava, e beija como um deus.
Homens bonitos beijam bem. Isso é tão verdade quanto a água ser transparente.
Com a ajuda dele, viro-me para ficar sentada no seu colo e levo as suas mãos até as minhas nádegas. Estou a fim de alguns beijos quentes e um pouco de apalpada com o gostosão de Pietro Varca.
A sua língua começa a se juntar à dança sensual, e eu me entrego completamente à paixão do momento. No entanto, a lembrança de aniversários anteriores permanece fresca na minha mente.
O piloto anuncia pelo alto-falante que estamos prestes a pousar e nos separamos, ofegantes. Com movimentos lentos, até desajeitados, devido à excitação, retorno ao meu assento com a ajuda dele para colocar o cinto de segurança.
— Você é uma mulher muito interessante, Srta. Falco. Ele me bajula com um sorriso, passando os dedos pelos lábios ligeiramente inchados.
— Não sou. Protesto, com o bom humor renovado. — Só sei o que quero... e vou atrás.
— Determinada, eu gosto disso.
— E me chame de Leah, por favor. Acrescento.
— Certo. Foi um prazer acalmar os seus nervos e o frio, Leah Falco. Ele acrescenta assim que descemos do jato, tropeçando numa pista no meio de um centro turístico. — Não hesite em me pedir ajuda na próxima vez que entrar em um avião.
— Quem disse que haverá uma próxima vez? Pisco para ele maliciosamente, sorrindo, antes de deixar os seguranças parados alguns passos à frente me guiarem.
Este lugar é incrível. Imagino quantos metros quadrados tem. Parece um paraíso dentro de uma cidade. Não posso dizer que estou surpresa, porque quando se trata do Magnata do Aço, você sempre deve apostar alto.
— Bem-vinda, Leah. O homem mencionado me cumprimenta com a mesma expressão indecifrável de todos os dias. — Obrigado por aceitar o convite.
— Se tivesse sido um convite. Respondo imediatamente. — Eu teria tido a opção de recusar, mas agradeço a viagem mesmo assim. Foi... Olho discretamente para o advogado. — Estimulante.
— Que bom.
— Você tem alguma outra cara que não seja essa de funeral? recruto.
— Aparentemente, você continua tão sincero quanto antes.
— Você não pode esperar que eu mude nos dois dias que você esteve fora do país. Digo, sorrindo. — Se me permite, vou ver a minha amiga.
— Claro, siga em frente e procure a terceira porta à esquerda.
— Obrigada. Dou um último sorriso aos homens presentes antes de continuar o meu caminho.
Em vez de suíte, isso deveria se chamar palácio ou algo assim, porque é maior que o meu quarto.
— Precisa de ajuda?
Encontro a loira tentando fazer um dos penteados que já mostrei tantas vezes e ela parece não conseguir acertar.
Cassie vira a cadeira para me encarar, completamente surpresa.
— O que você está fazendo aqui?
— Bem, veja bem, me levaram para o aeroporto sem me dizer para onde eu estava indo, e não pude deixar de embarcar com um sorriso, hipnotizada por Pietro Varca como se tivesse tomado um comprimido de ecstasy. Ah, aliás, quase tra*nsei com ele no avião. Então você deveria mandar a equipe limpar os assentos.
— Eu te fiz uma pergunta, Leah Falco. Ela permanece imperturbável, com as mãos na cintura.
— É assim que você me cumprimenta? Eu retruco. — Se eu soubesse, não teria vindo.
— Achei que você não quisesse vir. Ela esclarece.
— É verdade... mas, dada a insistência do seu marido, eu não pude recusar. Bufo. — Que poder de persuasão o italiano tem! Não é à toa que você se apaixonou perdidamente por ele. Tento ignorar. — Além disso, ele me ofereceu uma viagem de avião particular com aquele bonitão do Pietro Varca. Meu Deus, que homem! Lembro-me dos lábios dele ardendo com um sorriso largo. — E que beijo ele dá.
— Leah! A minha melhor amiga grita alarmada, como se tivesse acabado de testemunhar o apocalipse se desenrolando diante dos seus olhos. — O que você fez?
— Ah, querida. Acalmo a sua histeria com a minha naturalidade habitual. — Foi um beijinho inocente. O importante é que estou aqui, exatamente como você queria. Posso receber o meu abraço de boas-vindas agora?
Submeto-me ao seu escrutínio visual com uma alegria trêmula. Tudo o que ela precisa fazer é olhar para mim para encontrar as rachaduras que tanto me esforço para esconder, e por um momento, sinto vontade de chorar. Não gosto de me sentir vulnerável. Felizmente, Cassandra Reid é a única com a capacidade de ver os meus de*mônios e assustá-los com um simples abraço. Pelo menos enquanto dura esse abraço. Depois, eles retornam com ainda mais intensidade.