Minhas escolhas

3233 Words
Mesmo ainda estando de férias após o réveillon eu retornei com a minha família ao Brasil. Escolhi abrir mão do descanso por estar focada em um objetivo que estava forjado em mim desde pequena quando brincava que no futuro seria responsável por gerenciar todos os negócios adquiridos, ao longe de anos, por meu bisavô, avô, pai e tio. Cresci com a ideia de que um dia seria a primeira mulher a comandar a empresa da família e sabia que para alcançar esse objetivo eu tinha que começar minha jornada profissional bem cedo. Pensando nisso convenci o meu pai de que eu estava pronta para trabalhar antes mesmo de concluir o ensino médio, e depois de uma longa conversa sobre responsabilidade e comprometimento, ele concordou que eu podia trabalhar desde que mantivesse meu desempenho no colégio. Vestir a camisa da empresa pela primeira vez me deixou eufórica. A cor azul ficava muito bem em mim e ao me olhar no espelho sorri satisfeita. Estava com um cabelo preso, maquiagem básica e um ar super profissional, até me senti mais adulta usando uniforme de trabalho. - Você entendeu bem o conceito da empresa filha, está linda! Elogiou minha mãe assim que me juntei à família para o café. - Eu nasci pra isso mãe. Afirmei. - Ansiosa? Perguntou o meu pai me direcionando um olhar analítico - Estou tranquila pai. E também disposta a aprender. Vou lhe dar orgulho. Afirmei sorrindo para ele. - Você espera ocupar o meu lugar um dia e para mim é importante que sempre se lembre que a minha função agora, essa que você deseja ter no futuro, não é feita por status e sim por trabalho duro, comprometimento, responsabilidade e muitas, inúmeras vezes, por sacrifício. Tenho muita confiança em você Joana, portanto saiba ser uma Blanc e não me decepcione.  Declarou me deixando nervosa e a minha mãe interferiu. - Júlio é o primeiro dia da Joana, não precisa de todo esse discurso. - Tudo bem mãe. Não se preocupe pai, eu sei o que quero e não vou decepcioná-lo. Afirmei confiante. Após tomar um suco no café e ingerir minhas vitaminas diárias segui de carro, com o meu pai, até uma das nossas principais lojas, onde meu primo Otávio, gerente geral de vendas, passava a maior parte do tempo. - Bom dia pessoal! A partir de hoje a Joana irá trabalhar conosco em horários especiais. Ela está aqui para aprender um pouco mais sobre tudo que ofertamos em termos de serviço. Por hora, Joana, você ficará na recepção e atendimento ao cliente, sob a supervisão da Paula. Avisou o Otávio diante de todos na reunião antes de começar o expediente. - Se precisar fale comigo. Disse ele antes de me deixar com a Paula. - Oi Joana, seja bem vinda! - Obrigada Paula! Sorri olhando a moça que tinha visto algumas vezes na loja, mas que não conhecia. Aliás, eu não conhecia ninguém da empresa além do escritório da diretoria onde ficava o administrativo. Muito gentil a Paula me explicou o que eu precisava fazer. Basicamente atender ligações e auxiliar clientes com dúvidas direcionando-os a quem pudesse resolver possíveis problemas. Era uma função simples que demandava principalmente uma boa capacidade de comunicação. Como ainda estava de férias, trabalhei normalmente e deixei a loja com o Otávio no fim do dia. Ele parecia curioso para saber como eu tinha me sentido em meu primeiro dia de trabalho e por isso me chamou para beber um suco, parando em uma cafeteria no caminho de casa. - Agora que foi inserida na empresa. Como se sente? Perguntou atencioso. - Sinto que esse é apenas o começo, mas estou contente. Afirmei olhando para ele e desviando meu pensamento para outro assunto. - Conheço você o suficiente pra saber que quer falar alguma coisa. Disse ele que de fato me conhecia como ninguém... O Otávio era, depois do meu pai, o homem em que eu mais confiava e também o que tinha mais admiração. - Eu escolhi ser parte do legado profissional da família, e essa decisão tem um preço na minha vida, principalmente no meu futuro. Mas tem outra escolha que fiz para mim. Uma decisão que tomei e que diz respeito a algo muito pessoal que eu quero falar com toda família. Comecei a falar tentando encontrar as palavras certas. Nunca gostei de mentir ou de ocultar minhas escolhas e ações. Para mim sinceridade e honestidade era um parâmetro rígido. Em casa aprendi que para me tornar a mulher que desejava ser no futuro, precisava ser consciente das minhas decisões e agir de forma ética e aberta, independente da natureza do assunto. - Você pode se abrir comigo Joana. Ele incentivou me olhando e eu tentei ficar calma. - É um assunto realmente muito pessoal. - Está com problemas? Perguntou preocupado. - Não considero um problema. Na verdade não sei direito como falar, mas se eu não conseguir falar com você, dificilmente irei conseguir falar com meus pais. Sabe o que é Otávio, eu tenho repensado algumas coisas ao meu respeito. Coisas que já foram mais confusas, mas que agora estão mais claras para mim. É que eu não sou uma garota como todas as outras. - Está dando toda essa volta pra contar que está namorando a Fernanda? Especulou me causando espanto. - Quê? Não! Eu e a Fernanda somos amigas. - Ela é apaixonada por você e você por ela. Ele disse rindo e me deixando sem graça. - Nós duas não temos nada, mas poderíamos ter um dia. Respondi sem jeito e ele continuou rindo de mim. - Não é pelo que tenho com a Fernanda e sim por mim. Eu gosto de garotas, não de garotos. Falei justo na hora em que uma moça se aproximava da mesa com o nosso pedido e ao perceber que ela ouviu o que eu disse fiquei constrangida. - Quer meu apoio para falar com seus pais? - É. Eu não sei como posso fazer isso, mas preciso fazer. Pedi ansiosa. Não conseguia prever a reação dos meus pais embora pensasse que fosse ser o mais compreensiva possível, dentro dos limites das expectativas que eles criaram sobre mim. - Você tem meu apoio e terá de toda família também. Está agindo corretamente pensando em compartilhar abertamente sobre a sua vida. Fico muito orgulhoso da sua coragem. Elogiou e eu sorri. O Otávio era um verdadeiro príncipe, educado, compreensivo e amoroso. - Falar sobre assuntos pessoais em um lugar assim não é nada discreto. Observei percebendo o olhar da moça que nos atendeu. - A moça ficou interessada em você. Disse mexendo comigo e rindo da situação. - Ela é bem bonita, não acha? Perguntei e ele olhou indiscretamente. - É sim. Acho que vou indo para o carro e você pede a conta. Levantou-se e saiu me deixando à vontade para fazer o que ele achava que eu queria fazer, ainda que eu não tivesse em mente abordar uma desconhecida do nada. Sinalizei pedindo a conta e logo a moça se aproximou me entregando a carteira com a conta e um guardanapo com seu nome e número. - Obrigada Laura! Sorri agradecendo ao ler o nome dela. Apenas paguei e saí da cafeteria. - Falou com a moça? Perguntou o Otávio assim que entrei no carro. - Ela colocou isso junto com a carteira. Mostrei-lhe o guardanapo e ele riu - Você vai ligar? - Eu não sei Otávio, isso foi bem inesperado e rápido demais. Afirmei estranhando a situação. Ainda não tinha pensando em como seria sair com uma garota que eu não conhecesse. Nem mesmo sabia como poderia marcar um encontro com uma. - Está com medo Joana? Provocou-me rindo. - O medo não me paralisa primo. Faço o que acho que deve ser feito independente dele. Garanti rindo e tentando disfarçar minha tensão. - Se sair com ela vai me contar como foi? Ele perguntou e eu só conseguia rir. - Vai mesmo querer ouvir? - Claro. Eu sempre conto tudo para você, é justo que me fale sobre sua vida. Rimos. Nós dois sempre fomos confidentes. Em casa, fiquei pensando se devia ligar para a moça até decidir que não tinha nada a perder. - Alô, quem fala? Ela disse ao atender. - Oi, eu falo com a Laura? - Sim. - Meu nome é Joana. Você me deu seu número, na cafeteria. - Pensei que não fosse ligar. - Pensou? - É eu achei que fui ousada demais. Mas que bom que ligou. - Você foi ousada mesmo, mas que bom que fez isso. Afirmei rindo. - O que está fazendo agora Joana? - Nada além de falando com você. - E se falássemos pessoalmente? Quer dividir uma pizza comigo? - De que pizzaria está falando? Perguntei e ela riu. - A Premium Italiano. Gosta de lá? - Está entre as minhas favoritas. Em uma hora? - Combinado. - Até logo então. - Até mais! Despedimo-nos e logo eu me preocupei em procurar algo para vestir. Não fazia ideia do que usar para ir encontrar outra garota. Porém, por ser um encontro em uma pizzaria o melhor seria vestir algo mais casual... Jeans preto, camiseta estampada, acessórios básicos, maquiagem simples e claro um bom perfume. - Não vai jantar em casa Joana? Perguntou minha mãe me vendo pronta para sair. - Vou comer uma pizza com uma amiga. Volto antes das dez. Avisei e em seguida saí. - Me leva na Premium Italiana. Pedi ao Pedro, nosso motorista. Era o meu primeiro encontro e por mais casual que ele parecesse eu estava muito nervosa. Na pizzaria escolhi uma mesa mais reservada e fiquei esperando que ela chegasse. - Oi, Joana, faz tempo que chegou? Perguntou puxando assunto. - Oi Laura. Estou aqui há dez minutos, no máximo.   Respondi olhando melhor para a moça. Morena, cabelos pretos e cacheados. Era muito bonita e tinha um sorriso simpático. Estava vestindo calça e camiseta, em um estilo bem casual. - Que bom que me ligou. Fiquei com medo de ter sido ousada. - Você ouviu o que estava conversando com o meu primo? Perguntei diretamente. - Ouvi quando disse que gosta de garotas. Por isso pensei, porque não a chamar para sair. - Você foi rápida. Sinal que é esperta. Você já teve alguma namorada? Perguntei curiosa e ela riu. - Namorei uma garota por um tempo, mas acabou tem uns três meses. O garçom nos interrompeu ao entregar o cardápio. - Tem preferência por algum sabor? Perguntou ela. - Gosto de Calabresa com azeitonas pretas. - Refrigerante ou cerveja? Perguntou sorrindo. - Refrigerante. - Ok. Pizza média metade calabresa com azeitonas pretas e metade bacon. Traga o refrigerante mais gelado, por favor. Ela fez o pedido e logo o garçom nos deixou. - Me fala de você Joana. - O que quer saber? - Qual a sua idade? O que faz da vida, o que gosta de fazer? Perguntou sorrindo. - Eu tenho dezessete anos, completo dezoito em três meses. Vou começar o último ano do colegial, trabalho com meu pai e gosto de muitas coisas. Jogar handebol por exemplo. E você? - Eu tenho dezenove anos, completos já... Disse rindo. -... Agora trabalho com meu pai também. Ele comprou a cafeteria há pouco tempo e disse que o meu dinheiro passaria a ser o meu salário e não uma mesada. Meu pai é uma pessoa difícil. - Está gostando do trabalho? - Não estava até hoje quando conheci você. Respondeu sorridente. - Fico lisonjeada. Afirmei rindo. - O rapaz que estava com você mais cedo é seu primo? - Sim. E agora ele é meu chefe também. - É complicado trabalhar com família. Qual é o tipo de negócio de vocês? - Turismo. É o negócio da família há anos. - Parece muito melhor que cafeteria. Disse rindo e me fazendo rir. - Prefiro não opinar. Brinquei. - Está no seu último ano do colégio e é atleta. Certo? - Sim. Esse é um ano importante para mim. Meu time está classificado para um campeonato regional e quando ganharmos terá um ainda maior, a nível nacional. - Parece certa de que vai ganhar. - Eu não jogo para perder. Estou sempre de olho no prêmio. - E vale muito? Questionou interessada. - Para algumas meninas do meu time vale a oportunidade da vida delas. Se nos destacarmos nacionalmente, temos chance de jogar na seleção brasileira feminina ou de conquistar bolsas de estudos. Para mim é pelo esporte e competição, mas para outras é muito mais importante, e como líder do time eu tenho que pensar nos objetivos de todas as jogadoras. Afirmei por realmente me sentir responsável por todas no time, já que confiavam em mim. - Acertei com você. É mesmo uma pessoa interessante Joana. Continuamos conversando até a pizza chegar, variando os assuntos de forma surpreendente. - Vai fazer faculdade no próximo ano? Perguntou ela. - Sim. Turismo. Depois vou focar em administração. - Tem tudo planejado na sua vida? Questionou rindo. - Nem tudo. Esse encontro eu não planejei, foi uma surpresa boa. Mas e você, faz faculdade? - Eu comecei a cursar engenharia ano passado e desisti. Por isso meu pai está me obrigando a trabalhar com ele. É uma punição por eu ter abandonado a faculdade. Contou demonstrando chateação. - Sempre foi o que você desejou? Pensava em fazer engenharia durante os anos de colégio? Perguntei querendo entender melhor o caso dela. Interessava-me pelas histórias das pessoas, meu pai sempre me ensinou a assumir o papel de ouvinte em boa parte da conversa, normalmente as pessoas gostavam de falar seus planos, sonhos e desejos e ouvi-las me colocava em vantagem, uma vez que é mais fácil agradar quando você conhece seu “cliente”. - Sempre pensei em fazer essa faculdade. Meu avô é engenheiro e eu o admiro muito mesmo. Queria trabalhar ao lado dele e cuidar da construtora um dia, mas eu detestei a faculdade. Afirmou com certa rispidez e eu apenas ri. - Será que não tem a ver com a instituição? - Eu não consegui aprender nada em um semestre. Afirmou. - Muita gente reprova nas matérias do primeiro semestre. Meu irmão mais velho está fazendo medicina, ele reprovou em algumas disciplinas no começo, depois criou o próprio sistema de estudo e não reprovou mais. Ele sempre diz que o mais importante é manter o foco no objetivo. - Eu tinha certeza demais até começar a fazer tudo errado. Disse rindo de si mesma. - Você é bem exigente com você mesma, mas entendo, também sou assim. Afirmei com veemência. - Você é a primeira pessoa que não me diz que sou uma menina mimada por isso. - Jamais diria isso de você Laura. Sorrimos uma para a outra. Estava curtindo a companhia dela e a nossa conversa. Quando a pizza acabou eu olhei o relógio e passava das nove da noite. - Eu posso levar você em casa? Estou de carro. Ofereceu simpática. - O motorista vem me buscar... Afirmei sem pensar que ela queria me levar. - Mas quer saber, se não for incomodo eu aceito a carona. - Incomodo nenhum. Afirmou sorrindo. No carro, a Laura voltou a falar sobre a faculdade... - Depois da nossa conversa, acho que vou repensar minha decisão. Talvez me transferir para outra instituição. Posso não ter me acostumado com o método e os professores da que estava. - Você disse que admira seu avô. Peça o apoio dele pra fazer isso. Pode ser que trabalhar ao lado dele por um tempo ajude você a se decidir. É melhor que a cafeteria do seu pai. Aconselhei. - Você é boa nisso Joana. Conseguiu me deixar mais confiante. - Algo me diz que já estava decidida e só precisava de um incentivo. Deduzi por saber que na maioria das vezes as pessoas precisavam ouvir coisas positivas. - Eu moro nesse condomínio. - Residencial Grupo Blanc. Eu passo sempre por aqui. É caminho para a cafeteria. Disse ela. - Boa noite! Cumprimentou o vigia pelo interfone do portão. - Boa noite Sérgio. É a Joana Blanc. - Vou liberar a entrada. Tenha uma boa noite senhorita Blanc! Disse ele enquanto o portão principal era aberto. - Joana Blanc? Sua família é proprietária do grupo Blanc? - É sim. - Uau! Espantou-se e eu ri. - Eu moro aqui, nessa rua. Casa 102. - Desculpa se pareci indiscreta. - Tudo bem eu estou acostumada com isso... Eu gostei muito dessa noite. Obrigada! Agradeci sorrindo para ela. - Joana, eu posso beijar você? Perguntou e eu sorri. - Não esperava que pedisse, mas pode. Sorri concordando embora parecesse estranho. Fechando os olhos ela aproximou o rosto do meu e me beijou colocando a mão em minha nuca. Seus lábios eram carnudos, e eu não hesitei em mordê-los. - Seu beijo é gostoso. Disse ela afastando o rosto do meu. - Agradeço o elogio e a noite. Sorri para ela. - Será que podemos sair novamente? Perguntou. - Quem sabe Laura. Falei rindo e tirando o cinto de segurança para sair do carro. - Obrigada pela noite também! Disse ela. - Por nada. Sorri me despedindo. - Pai, mãe, boa noite! - Boa noite! Disseram juntos. - Como foi o dia hoje? Perguntou meu pai. - Foi bom pai. Fiquei no atendimento. - Com quem estava até essa hora? Perguntou minha mãe. - Com uma amiga nova. Eu vou para o quarto estou com sono. Boa noite! Despedi-me antes de ir para o quarto. Sozinha, fiquei pensativa. No começo do dia não imaginava as surpresas que ele me reservava. Conhecer a Laura foi realmente inesperado, mas interessante, bem diferente. O toque do celular me chamou atenção, era a Fernanda. - Oi Nanda! Pensei que não fosse me ligar. - Estou com saudades Joana. Quero saber como foi seu primeiro dia de trabalho. Foi bom? Perguntou interessada. - Eu passei o dia atendendo e passando informações aos clientes. Uma tarefa muito simples. - Conhecendo você deve estar ansiosa por mais. Comentou me fazendo concordar. - Tenho que ter paciência. Aos poucos o Otávio vai me colocar em outras funções. Mas e você, o que fez hoje? Falou com a Alice. Perguntei interessada. - Sim, falei. Ela vai vir passar os próximos dias aqui comigo. Ao menos não vou ficar sozinha. - Imaginei que você não fosse conseguir passar dias sem me ver e voltar pra casa mais cedo. Brinquei com ela. - Falando assim parece que está com saudade de mim. Ela brincou. - Sinto sempre sua falta Nanda. E da Ali também. - Estava indo dormir? Ela perguntou. - Sim, eu acabei de chegar e estou bem cansada. - Estava fora de casa até agora? - Controlando minha vida Fernanda Porto? Brinquei para não ter que falar sobre a Laura com ela. - Só perguntei. Vou deixar você dormir. Promete sonhar comigo? - Sonhar com você é minha tortura favorita. Falei em tom de brincadeira, porém tinha um fundo de verdade. Após nos despedirmos eu me preparei para dormir e ao deitar pensei na Laura e fiquei avaliando certas coisas sobre mim. Não pretendia ligar para ela, mas estava contente com a experiência de um primeiro encontro com uma garota. Era o começo de uma fase na minha vida e eu estava realmente animada com todas as possibilidades e por isso escolhi ser solteira.   
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