"estou voltando para o 505
se for um voo de 7 horas
ou 45 minutos determinados
em minha imaginação
você está esperando, deitado de lado
com as mãos entre as coxas"
505 | Artic Monkeys
Levantei da cama, já me arrependendo de ter levantando. Estava com tanta preguiça, só queria ter ficado mais uns 10 minutinhos lá, mas eu não podia.
Nem tinha começado minhas aulas direitos e eu já queria férias de novo. Até lá ainda tinha muito chão pela frente.
Fui para o banheiro e fiz meu xixi matinal. Olhei para a minha calcinha, vendo que tinha uma pequena mancha de sangue por ali. Revirei meus olhos, já sabendo do que se tratava.
Tirei minha calcinha e minha calça de pijama, aproveitando para tirar o resto da minha roupa também. Antes de entrar no box, escovei meus dentes.
Quando entrei, abri o chuveiro e deixei a água gelada cair sobre o meu corpo. Me lavei completamente, passando o sabonete líquido pelo corpo. O cheiro era uma delícia.
Tirei os resquícios do sabonete que ainda estava no corpo com a ajuda da água e fiquei mais um pouco ali. Assim que senti que já podia sair, desliguei o chuveiro e me enxuguei com a minha toalha branca.
Voltei para o meu quarto, tranquei a porta e fui em direção ao meu guarda-roupa. Peguei um absorvente noturno com abas e uma calcinha nova. Coloquei meu absorvente na minha calcinha e vesti.
Eu odiava ter que usar isso e eu odiava ter que menstruar. Ser uma pessoa com útero não é nada fácil. Graças a Deus, a minha menstruação só durava poucos dias.
Peguei minha roupa e o visto rapidamente. Como sempre, nada muito exagerado. Se o básico tivesse que ter uma cara, com certeza teria a minha.
Arrumei minha mochila e antes vou ao banheiro, pego minhas roupas sujas e as coloco no cesto de roupa.
Desci as escadas correndo, indo diretamente para a cozinha. Olhei para a cozinha, vendo que estava vazio, não tinha ninguém, ou o melhor, meu pai não estava ali.
Percebi que tinha um pequeno papel grudado na geladeira que, não estava ali antes. Me aproximei com curiosidade, peguei o papel e comi a ler:
- Tive que sair um pouco mais cedo, não se preocupe. Sei que pode se virar sozinha. Com amor, papai. - Li em voz alta.
Pelo menos ele tinha deixado um recado. Assim não precisaria me preocupar com ele.
Amassei o papel, jogando ele na lixaria que tinha ali. Fiz uma vitamina de banana e comi com um pão. Rápido e prático.
Coloquei o que tinha sujado na pia, lavando algumas coisas. O que não tinha dado para levar naquele momento eu lavaria depois que chegasse em casa.
Subi as escadas e fui ao banheiro, escovar meus dentes novamente. Escovei eles com pasta de dente e depois coloquei um pouco de enxaguante bucal.
Quando já tinha acabado, saí do banheiro e fui até o meu quarto.
Conan disse que iria vir me pegar, mas eu não sabia se ele realmente viria. E o pior de tudo é que eu não tinha como tirar essa dúvida.
Eu e Conan não trocamos nossos números, então não tinha como ligar ou mandar mensagem. Eu fui um pouco burra, admito.
O que eu podia fazer naquele momento era apenas esperar. Por isso, me sentei na cama, peguei meu celular e o desbloqueei. Respondi algumas mensagens dos meus amigos e logo depois fiquei olhando as coisas nas minhas redes sociais.
Fazia um bom tempo que eu não postava nenhuma foto minha no i********: e eu até preferia assim. Não gostava de muita gente me seguindo, nem de muitas pessoas vendo minhas fotos. Preferia continuar com poucos seguidores e sem muitas fotos no meu feed.
Bom, pelo menos meus 50 seguidores não reclamaram da minha ausência.
Ouvi um barulho alto de buzina, me perguntando se era na frente da minha casa. Primeiro, imaginei que não seria, mas ali lembrei de Conan.
Me levantei da cama, indo até a minha janela. O carro de Conan estava parado lá embaixo. Ele tinha buzinado outra vez, me fazendo tampar os ouvidos e gritar:
- Eu já estou indo!
Me afastei da janela, indo pegar minha mochila. Abri a porta do quarto, saindo e descendo como escadas rapidamente. Verifici meu estado antes de sair de embora. Eu não estava tão r**m assim.
Saí de casa, caminhando até o seu carro. Assim que parei em frente a ele, Conan me olhou e abriu a porta. Entrei dentro do seu carro, colocando o cinto de segurança.
Nenhuma palavra foi dita até que eu já estivesse confortável em seu carro.
- Demorei muito? - Perguntou ele.
- Não, não demorou. Nem penso que iria vir mesmo. - Confessei.
- Mas que bom que me esperou.
- Você era a minha única carona. - Soltei uma risada, e ele riu também.
Conan colocar uma música para nós ouvirmos no caminho. Ele aumentou um pouco o volume, mas nada muito alto.
Eu não conhecia, mas ela era muito boa. Era calma, relaxante. Conan parecia gostar muito, pois ele cantarolava baixinho e ele batia com a mão de leve na perna.
- Tenho uma coisa para você. - Falou de repente.
- O que é?
- Está no banco de trás. - Informou.
Olhei para trás, vendo que tinha uma sacola em um dos bancos. Peguei a sacola com um pouco de dificuldade, pois o cinto estava me atrapalhando.
Mesmo sem ter aberto ela, eu já sabia o que era. A sacola era branca e tinha um logotipo de uma padaria. Era a mesma de antes.
Abri a sacola, vendo alguns donuts ali. Olhei para Conan e sorri.
- Não necessária.
- Mas eu quis trazer. Apenas coma e seja feliz, Oceana. - Eu ri de como ele falou.
- Está certo. - Falei, pegando um dos donuts e colocando na boca.
O resto do trajeto foi em silêncio completo. Não foi um silêncio constrangedor, foi bem normal, na verdade. Aproveitei um pouco de música para relaxar.
Ele estacionou o carro no estacionamento da escola. Tirei o cinto, peguei minha mochila e a sacola da padaria. Antes de sair do carro, ele disse:
- Podemos fazer nosso trabalho hoje?
- Por mim está tudo bem. - Ele assentiu. - Na minha casa ou na sua?
Eu não iria levar Conan para minha casa. Papai encheria o saco dele e o meu porque acharia que era meu namorado. Era melhor evitar isso.
A casa dele também não seria uma boa opção. Eu iria ter que ver a família dele e vamos combinar que sou um pouco tímida para isso.
- Que tal a biblioteca da escola? ela é grande, tem livros, computadores ...
- Eu gosto de mais privacidade, Oceana. - Suspirei.
- Então ok. Será na sua casa.
Talvez fosse melhor na casa dele mesmo.
- Se quiser, podemos ir juntos.
- OK.
Aceitei porque não tinha uma ideia mínima de onde era a sua casa.
Seria melhor assim.
[...]
Eu estava nervosa. Muito nervosa.
Parecia que eu estava indo almoçar na casa de alguma super importante, ou que eu estava indo almoçar com a família do meu novo namorado. Mas não era nenhuma das duas opções.
Eu só estava indo fazer o trabalho com Conan Gray, na sua casa.
Na casa dele e da família dele.
E eu não sabia o motivo de estar tão nervosa assim.
- Ei, você está bem? - Ele me olhou com uma cara de preocupado.
- Porque?
- Você não está com uma cara muito boa.
- Estou um pouco nervosa. - Admiti. Ouvi sua risada e revirei os olhos. - Dá para não rir da minha cara?
- Me desculpa, é que é um pouco engraçado. Oceana, não precisa ficar nervosa. Minha família não é um bicho de 7 cabeças ou qualquer coisa desse tipo.
- E se eles não gostarem de mim?
- Ei, para de pensar nessas coisas. Eles vão gostar. Só seja você mesma. - Assenti.
Seja você mesma, Oceana.
Eu seria eu mesma.
Eu e Conan saímos do carro, caminhamos até a porta de entrada e antes de entrar, me ajeitei, respirando fundo.
- Você está perfeita, relaxa. - Tentou me tranqulizar.
Conan abriu a porta com a sua chave e nós entramos. Ele ficou atrás de mim para fechar a porta.
Caminhei mais um pouco e observei a sua casa. Era muito grande e tinha uma decoração deslumbrante. As paredes eram pintadas de branco, os quadros nas paredes eram pretos. A combinação de preto e branco estava por toda a sala. Realmente tinha combinado.
Na sala não havia fotos da família ou qualquer coisa desse tipo. Naquele momento, penso que ricos não faziam isso.
- Conan? chegou um pouco mais cedo, pensei que chegaria mais ... - Uma senhora, que provavelmente era a mãe dele, parou de falar no mesmo momento em que me viu. - Temos visitas?
- Sim. Mãe, essa é a Oceana. Oceana, essa é a minha mãe. - Nos apresentamos.
A mãe de Conan desceu como escadas mais rapidamente e veio até nós. Me olhou por alguns segundos, abriu um sorriso no rosto e estendeu sua mão para mim.
- Sou Sophia Gray.
- Oceana Watson. - Cumprimentei ela também.
- É um prazer convencê-la, minha querida! se eu soubesse que viria, eu teria pedido para cozinharem algo. - Disse sendo muito simpática.
- Ah, não se preocupe com isso, mãe. - Conan disse. - Pedi para Senhora Wolf preparar um lanche para nós dois.
- Que ótimo, então! Oceana, me diga ... como conseguiu conquistar o coração desse aí?
- Coração? - Franzi as sobrancelhas. - Ah, não, não! não é isso que aa senhora está pensando. - Falei rapidamente.
- Como assim, minha querida? - Perguntou confusa.
- Mãe, ela é só minha amiga. Apenas amiga, entendeu? - Ele explicou, e a senhora Gray assentiu.
- Poxa, que pena! fiquei empolgada achando que eram namorados. É a primeira menina que Conan trás aqui em casa.
Eu era a primeira menina que ele tinha levado? uau, por essa eu não esperava.
- Hum... mãe, eu e Oceana vamos ir para o meu quarto, ok? vamos começar a fazer nosso trabalho logo. - Ele disse e pegou na minha mão, me puxando para acompanhar ele.
- Está certo! qualquer coisa eu estarei aqui. - Ela disse. - Foi um prazer conhecê-la, Oceana!
- Foi um prazer conhecer a senhora também. - Sorri.
Eu e Conan baseado de mãos dadas e ele me guiou para as escadas. Subimos como escadas e paramos no corredor. Ele me levou até o seu quarto.
Ele abriu a porta e me deixou entrar primeiro, ficando atrás de mim. Seu quarto era grande, espaçoso. Nas paredes tinha alguns poucos bandas de rock e também tinha um espelho grande, de chão. Sua cama era grande, caberia perfeitamente 2 pessoas ali.
O quarto combinava com ele.
- Pode se sentar na cama, se quiser. - Eu assenti, me sentando lá mesmo.
- Podemos começar o trabalho logo?
- Claro. - Assentiu. - Deixa eu só pegar o meu notebook. - Foi até sua escrivaninha e pegou o eletrônico, indo para a para.
Peguei a minha agenda, que era onde eu tinha anotado tudo direitinho. Olhei o que estava escrito e fui dizendo para ele. Ele começou a pesquisar as coisas e começar a discutir como seria feito.
Então, decidimos que, eu começaria começaria, e depois seria ele. Conan foi me deixando deixar ver o que estava escrito no caderno e até algumas vezes foi lendo em voz alta para mim. Eu copiei tudo em um tempo consideravelmente bom.
Quando chegou à vez de Conan, ele pediu para eu ter calma e eu ri.
- Tentarei ter. Agora anda logo!
- Está bem. - Disse pegando uma caneta.
Ele começou a copiar tudo do jeito dele e até que não estava tão r**m como eu achei que fosse ficar. Conan estava se esforçando para que ficasse bom, dava para notar isso. Enquanto eu fui rápido, o garoto parecia uma lesma. Felizmente, ele conseguiu.
Acabamos um pouco do trabalho quando já estava escurecendo. Pela janela já dava para enxergar o céu que estava com sol, agora com algumas nuvens. E já estava escurecendo também. A noite estava começando com muito vento.
Conan sobe da cama onde deseja sentando e foi até a sua janela, antes de fechá-la, olhou um pouco a paisagem e logo depois fechou completamente a janela.
- Obrigada. - Ele abriu a boca para me responder, mas foi interrompido com alguém batendo na porta.
Conan abriu a porta, se deparando com uma mulher parada em sua frente. Ela era diferente dele. Tinha mais ou menos seus 50 e poucos anos.
- Conan, vocês não querem lanchar um pouquinho, não? acabei de preparar aquelas panquecas que você adora! - A mulher disse, e ele me olhou.
- Você quer?
- Ah, por mim está ok. - Falei meio sem jeito.
- Já vamos descer, então. - Disse. - Obrigada, Emilly.
- Estarei esperando vocês. - Deu um sorriso simpático antes de sair caminhando.
Conan guardou seu notebook de volta no mesmo lugar e eu guardei minhas coisas na minha mochila. Descemos as escadas sem falar nada.
Emilly estava na cozinha, fazendo algo numa panela. O cheiro estava divino, mas nem sabia o que ela estava cozinhado ali.
- Antes que eu me esqueça: Oceana, essa é Emilly, a melhor cozinheira dessa casa. E Emilly, essa é a Oceana, uma ... amiga da escola.
- É um prazer conhecer a senhora. - Ela sorriu, olhando para mim.
- Igualmente. - Sorri. - Oceana, você está com fome? fiz muitas panquecas hoje.
- Claro!
E não era mentira. Eu estava totalmente com fome. Precisava me alimentar o mais rápido possível.
Conan e eu nos sentamos no balcão da cozinha e rapidamente Emilly trouxe dois pratos. Antes dela se virar, Conan a agradeceu.
- Sabe que não precisa fazer isso.
- É o meu trabalho, menino. - Ele revirou os olhos ao ouvir isso.
- Você faz isso porque o meu pai gosta, mas eu não sou igual a ele, Emilly. Nunca fui. - Sua voz estava firme.
Pelo o que eu tinha entendido, Conan não estava se referindo ao seu pai de um jeito bom. Parecia que ele tinha orgulho de não ser como ele, e isso me fez questionar a sua r*****o com ele.
Seria tão r**m assim?
Emilly ficou calada, não ousou dizer uma palavra sequer. Colocou panquecas nos nossos pratos e eu comecei a comer aquela maravilha.
Não demorei para acabar com aquele prato todo, em poucos minutos já tinha terminado e estava bem satisfeita. A comida de Emily era maravilhosa.
Assim que Conan terminou, sugerir para nós irmos continuar com o trabalho. Ele aceitou e subimos novamente.
Estávamos fazendo um trabalho sobre locais turísticos da cidade, e enquanto eu fazia minha parte, surgiu uma ideia que eu achava que seria bom para nós.
- Conan, acabei de ter uma ideia, mas não sei se você vai gostar muito.
- Acho que só você falando o que é para ter certeza disso.
- Eu tava pensando que seria legal a gente ir em alguns lugares que colocamos no trabalho para tirarmos fotos e gravar um vídeo falando um pouquinho do que escrevemos.
- Eu acho interessante, para falar a verdade. Seria um pouco mais de trabalho, mas acho que o professor iria gostar pra c*****o disso.
- A gente poderia ir depois das aulas, o que acha?
- Por mim tudo bem. É só você me esperar na saída que eu e você vamos juntos.
Eu concordei com ele. Fiquei feliz que minha ideia foi aceita. Certeza que o professor iria gostar bastante disso.
E afinal, um pontinho a mais seria ótimo para ambos.