O irmão

1558 Words
—— Por Henry Cristiano Cavil (Hakim)—— O ar cheirava a Primavera, mas era Outono, eu gostava da mistura de estações. Havíamos nos mudado para os Estado Unidos minha mãe e eu fazem 6 anos. Eu continuava a gerir o negócio das jóias da família. Minha mãe adora esse lugar. Por mais cansativo que seja o seu trabalho ela ama fazê-lo, por tudo que tivera de aprender a respeito do complexo sistema de Chicago (Illinois) onde se encontra a cidade de North Side (Magnificent Mile) cidade essa que ela adoptou como sua. Eu sou viciado em trabalho tal como a minha progenitora. Considero-me uma pessoa sortuda, por até hoje ter conhecido quase todo o tipo de pessoas extraordinárias e talentosas. Algumas (embora não o suficiente) dessas pessoas são mulheres, admiro a minha mãe por ela ser uma dessas mulheres. Ela sempre foi muito descontraída. Estava sentada no lado do sofá que mais gostava tinha os olhos fixos na televisão onde passava um jogo qualquer de beisebol. A mulher loira com olhos azuis os quais herdei sorrio sinicamente pra mim depois de processar o que eu acabava de lhe informar. - O teu irmão nunca vai deixar-te ter uma vida normal! Vive num abismo, só você não percebe isso. Eu sabia que não seria de outra maneira, eu a amo mais que tudo mas não podia ignorar um pedido de ajuda do meu irmão. Ninguém do seu governo sabe que somos irmãos, para essas pessoas eu sou um amigo/conselheiro do Xeique. - Eu sei mãe, o Abul nunca conseguiu lidar muito bem com os seus problemas, é meu irmão mais novo não vou deixar de ajudá-lo só porque a senhora não gosta dele! Além do mais, nós já tivemos essa conversa demasiadas vezes. Levanto-me para dar por encerrado esse assunto, mas a Senhora Fiorella não permite que eu dê mais um passo segurando o meu braço. - Hakim, a minha preocupação não é propriamente por causa do seu irmão, eu tenho noção do quanto ele admira-te e respeita-te. Me preocupo com aquela mulher! — (Aquela mulher é a mãe do Abul). Nunca suportou a minha presença na vida do filho, fez de tudo para que o meu irmão odiasse-me, felizmente quando começou a envenena-lo contra mim o Abul já tinha 12 anos e nunca se deixou levar por suas palavras. Pelo menos não com relação a mim, já com a minha mãe a história é bem outra. - Mãe fique tranquila. Com a Fadilah eu sei lidar, ela sequer consegue olhar diretamente pra mim! — Inclino-me, dou um beijo no seu rosto e digo que a amo. Ela olha-me e sorri. A minha mãe é realmente uma figura peculiar, reagia com reverência à chegada das ervilhas frescas na Primavera ou ao momento em que as framboesas amadurenciam em Julho. Um pequeno gesto meu a fez ficar radiante. Não me considero o mocinho da história de ninguém! Quando era uma criança inocente, eu só queria que os meus pais fossem como os pais dos meus amigos do colégio, queria ter um cão uma carrinha e uma casa bonita para cuidar do meu cão. Já fui o garoto sem pai, o delinqüente, o estranho e por último mais não menos importante, o filhinho da mamãe porque para o resto do mundo eu não tinha pai. Ainda há muita coisa que eu desconheço sobre mim, sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre o que o futuro poderá trazer. Mas quero que saibam, nome é Henry Cristiano Cavil tenho 34 anos, Hakim foi o nome atribuído pelo meu pai. Sou filho único da minha mãe. Depois que o meu pai saiu de nossas vidas ela não teve mais ninguém. Somos dois irmãos, eu e Abul, eu sou o mais velho. Um facto curioso sobre mim: os meus pais conheceram-se jovens, eram colegas de Universidade, apaixonaram-se e começaram a namorar, meses depois minha mãe engravida, ela pertencia a uma família tradicional italiana. Quando descobriram o seu estado obrigaram os meus pais a casarem-se. Meus pais não podiam estar mais felizes, era o que queriam e aos 20 anos os dois casaram-se. Um sonho tornado realidade para ambos. Tudo parecia demasiado perfeito, tinham uma família linda, um filho pequeno, uma casa longe de todos os quais eles consideravam tóxicos, até eu completar 6 anos de idade. O meu avô paterno havia acabado de morrer, o meu pai tinha de voltar para assumir o governo do seu povo, mas existia um problema maior, a minha avó nunca reconheceu o casamento dos meus pais, para ela era como se eu sequer existisse. Obrigou o meu pai a separar-se da minha mãe o ameaçando com as nossas vidas. Conhecendo a mãe que tinha, o meu pai saiu das nossas vidas e assumiu o cargo de chefe do seu povo. Não voltei a ver o meu pai, nem nos anos seguintes até a sua morte. Mas conheci o meu irmão alguns anos depois. Mesmo ausente o meu pai garantiu que os filhos criassem alguns laços e convivessem às escondidas de todo mundo sem a aprovação da sua esposa. O meu irmão é temperamental, algumas das vezes chega a ser agressivo com todos. Eu o compreendo, cresceu com a mãe a chama-lo de inútil, sempre o fez sentir inadaptado como se só fosse prosperar se a mantivesse do seu lado. Prometi que sempre o iria apoiar, por essa razão não reivindiquei tudo que era meu por direito e deixei que ele se tornasse Xeique. Não me arrependo, abdiquei de um governo que não me traria paz. Só teria dores de cabeça, ter de lidar com pessoas que nunca aprovaram as escolhas do meu pai. Tinha tudo contra mim, além do mais, o Abul é um bom Xeique. O seu governo tem prosperado muito, principalmente nos últimos 2 anos. Ele tem vícios como qualquer outro Xeique, mas o meu irmão exagera em tudo, e não o faz de maneira positiva, não! O Abul às vezes parece irracional e normalmente quando pede a minha ajuda é para resolver as suas cagadas. Não o faço por obrigação, faço isso porque amo o meu irmão e vou protegê -lo sempre. Mas não posso continuar a abandonar o meu trabalho para resolver as borradas que ele faz! Eu tenho trabalho também. Tudo o que possuímos não obtive somente com o meu trabalho. Herdei uma pequena fortuna dos meus avôs maternos e com muito trabalho e sacrifícios tripliquei o negócio das jóias rara da família. Temos uma cadeia de lojas espalhadas em algumas cidades do mundo, em São Paulo, Milão, Lisboa, Madrid e aqui em North Side. Nem minha mãe nem eu temos necessidade de trabalhar, ela o faz para sentir-se útil e eu trabalho para esquecer. Principalmente depois que perdi a Gianna. Estar oucupado é a unica maneira que encontrei de não pensar nela. — Estávamos noivos e iriamos nos casar faltavam 10 dias quando ela morreu grávida do meu único filho. Um acidente fatal levou a única mulher que me compreendia, que me fez conhecer o mundo e achar que era maravilhoso. O carro dela perdeu os travões e foi contra uma árvore, os bombeiro quando encontraram o carro estava desfeito na parte de frente e a Gianna não tinha nenhum arranhão. Quando a vi, ela continuava linda com o seu rosto perfeito mas não abria os olhos. E eu só desejava voltar a ver uma vez mais o verde dos seus olhos. Nunca mais consegui me desfazer das coisas dela, ainda estão no nosso apartamento em Milão. (…) Irei embarcar em alguns minutos, espero que o meu irmão não tenha espancado nenhuma mulher dessa vez. Não sei quem o disse que mulher gosta de apanhar! Nem parece meu irmão. Eu destesto violência, especialmente violência contra mulheres. (…) Depois de algumas horas de viagem chego ao meu destino, vejo um dos cães de guarda do meu irmão— (ele sequer se deu o trabalho de vir em minha busca presencialmente) — e tinha de mandar justamente o Jamal. Não gosto desse capanga do Abul e ele sabe disso. - Senhor Hakim boa tarde! Como correu a viagem? O senhor está bem? — Disse tentando receber uma das malas em minhas mãos. - Muito bem Jamal. Mas não preciso de ajuda, sou capaz de carregar a minha mala. Trouxeram o meu carro? - Sim senhor! Está no estacionamento. — Ele responde me entregando as chaves, eu consigo ver pelo seu olhar que ele também não me suporta. Meu caro, a recíproca é verdadeira. - Obrigada. Podes me informar onde se encontra o Abul?— O questiono. - O Xeique está no armazém. — Responde sem olhar pra mim já em movimento retirando-se. Francamente! Não sei o que tem naquele armazém. — O meu irmão está constantemente naquele lugar rodeado por vários capangas, nunca vi um Xeique com mais capangas que o Abul, às vezes me pergunto se os negócios que ele faz serão todos legais. Todos os seus seguranças parecem criminosos. Durante uma das minhas fases mais difíceis após a morte do meu pai, envolvi-me com pessoas ligadas a redes de tráfico de armas, drogas, tráfico humano e prostituição. Foi onde aprendi a me defender, conhecendo o mundo das artes marciais. Eu sei que os seguranças do meu irmão são criminosos, eu os reconheço porque também já fiz parte de uma rede criminosa.
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