Monique narrando Entrei por último no caveirão. Fechei a porta pesada com a mão ainda tremendo. A molecada já tava toda sentada, cada um com seu Guaravita, seus biscoitos, abraçados nas mochilas, alguns cochilando, outros só me olhando com o olho arregalado como se eu fosse uma heroína de filme. Mas eu não me sentia assim. Sentei no banco do canto, encostei a cabeça na lataria fria, respirei fundo e só escutei o barulho do motor arrancando e a vibração da blindagem tremendo ao redor. Meu corpo ainda pulsava com o gosto dele na boca, com o toque dele na pele. Mas minha alma… minha alma tava fechada, doída, ferida. Eu não podia pensar nele agora. Não com vinte e três crianças ali dentro. Não com todo mundo me olhando, esperando que eu fosse firme. Que eu fosse BOPE. Aí veio a voz dele. D

