Pedido de Socorro

1109 Words
Raquel entrou com o carrinho com as refeições e só então Justine percebeu que já era tarde e pensou na bebê, mas então depois de colocar o carrinho próximo a mesa Raquel virou para ela e falou: _Irmã Amália pediu pra avisar você, Justine, que a bebê lobisomem está sendo cuidada por ela e Analice, que você fique despreocupada - disse sem muito entusiasmo, Justine sabia que nem todas as bruxas gostam de lobisomens ou vampiros, nem se importam com a sorte deles. _Obrigada! - disse acenando a cabeça. Justine nunca foi contra nenhum outro sobrenatural, mas vivia num meio onde licanos e vampiros eram considerados uma ameaça e viveu sempre com medo deles, mas na verdade ela nunca havia convivido com outros sobrenaturais que não fossem suas irmãs, vez ou outra alguns membros de matilha ou alguns vampiros pediam acolhimento na Fortaleza da Fé, era raro, mas quando o faziam ficavam num galpao separado nos terrenos da fortaleza, nunca entravam na casa principal, madre Vitoria tambem dava toda a assistência e só as bruxas mais experientes tinham contato com eles, afinal não queriam essas especies tendo-as como inimigas. Quando passou a viver com Gabrielle percebeu que nem todos eram ruins, muitos eram bons, Zaki sempre aparecia na mansão da Rosa Mística, trazendo informações, fazendo favores, protegia como podia a coven e em troca Gabrielle o deixava dormir nos túmulos que ficavam nos fundos da propriedade, o que só acontecia de algum vampiro mais velho estar na cidade para subjugar os mais novos, Zaki também recebia amuletos de proteção e Gabrielle consultava o tarot pra ele, até lobisomens já moraram na mansão Rosa Mística, a maioria doente por mordida de vampiro, que é venenoso para os lobisomens matando-os em dias, os que sobreviviam perdiam suas forças, seu lobo interior morria e eles enlouqueciam, outros apareciam por diversos motivos. Para as bruxas e bruxos os vampiros eram uma ameaça, ser mordida por um vampiro significava perder por um tempo seu dom e todas as faculdades sobrenaturais que só uma bruxa ou bruxo poderia ter, se fosse completada a transformação tomando o sangue desse vampiro a bruxa se transformava num morto-vivo, perdia totalmente os dons, Gabrielle protegia todos os sobrenaturais disso, sempre mantendo a diplomacia de que sua coven era um campo neutro, ela ajudava, mas não se metia no destino e muitos a respeitavam ou tinham medo dela, Gabrielle tinha o dom do desdobramento e com ele poderia encontrar qualquer pessoa e jogar feitiços sem ser atacada. Antes de iniciarem a refeição fizeram uma oração de agradecimento ao universo e comeram em silêncio, ao fim da refeição serviram se de chá de casca de laranja com hortelã, limparam a mesa , encheram mais uma xícara de chá e Justine continuou: _Varvara morreu dormindo alguns dias depois, preparei o corpo dela com ervas, fiz todos os rituais e fui a cidade avisar de seu falecimento, a funerária foi buscar o corpo, não teve funeral e Varvara foi enterrada ao lado de seu marido, como era sua vontade, ao sair do cemitério somente eu e a Sra Norma, ela me deu um envelope e me disse que eram documentos de que Varvara tinha me feito como sua única herdeira, não consegui esconder meu espanto e a Sra Norma disse que havia como herança a cabana, tudo que havia nela e que achava justo já que só eu e sua falecida amiga gostávamos daquele lugar, com isso resolvi continuar morando na cabana de caça, juntei alguns pertences mais valiosos de Varvara e dei a sra Norma, pois sabia que ela e Varvara tinham uma amizade verdadeira, apesar da sra Norma não ser bruxa, outros pertences e uma parte de uma quantia em dinheiro que ela deixou doei pra caridade. Me senti em paz por três meses, até que comecei a sentir a presença de vampiros, sua energia prurida, cheia de trevas, nem todos tinham essa energia, mas dessa eu tive medo, reforcei todos os feitiços de proteção, comecei a ter medo de sair até de dia, a noite parecia que a qualquer momento eles me perceberiam de tão perto que chegavam da cabana, mas então me veio a mente, o que eles fazem aqui tão perto de uma matilha? - Justine parou, seu corpo estava todo arrepiado, ela esfregou os braços, bebeu mais chá e continuou: _ Depois desta pergunta, naquele mesmo dia à noite, estava sentada numa poltrona lendo um jornal velho e tomando chá quando ouvi o primeiro uivo de lobisomem, em seguida mais uivos, ao longe barulho de árvores se quebrando, gritos de dor, fogo crepitando- Justine colocou a mão no peito. _A matilha estava sendo atacada, eu entrei em pânico e não sabia o que devia fazer, lembrei que Gabrielle falou para não interferir em suas brigas, mas ajudá-los se estivessem feridos ou precisassem de proteção, só devíamos interferir se os espíritos assim determinassem ou seríamos consideradas inimigas por uma das partes sem a proteção dos deuses. Eu não tinha nenhum oráculo ali comigo, Gabrielle havia me ensinado a ler as runas, mas não as tinha, não sabia falar com os espíritos, não tinha esse dom, a luta continuava lá fora, uivos, passos correndo próximo a cabana, choro de crianças, então não pensei mais e fui em direção a porta precisava ajudar as crianças e quando abri a porta no mesmo instante entrou uma mulher cambaleando, banhada em sangue, com a roupa rasgada, cheia de mordidas nos braços e com a barriga de gravidez bem adiantada. como que por instinto fechei e tranquei a porta, a sustentei, sentei-a no velho sofá, ela falava que estavam atrás dela, que era vingança de Magnus, que não podia deixar ele levar a sua filha no ventre, nesse momento ouvimos vozes e achei que estávamos perdidas, ficamos em silêncio, ela tremia e segurava a barriga, apaguei as luzes correndo e pedi ajuda a Deusa Hecate, pois sabia que eram vampiros, segurei o cristal pendurado em meu pescoço que Gabrielle havia me dado e comecei a conjurar feitiços de proteção, as vozes se afastaram e quando sumiram, perguntei quem ela era e o que aconteceu, ela começou a gemer alto de dor, que eu tirasse sua filha do ventre antes que ela morresse, segurei sua mão e falei que nenhuma delas iria morrer, nesse momento suas dores se aliviaram, ela me olhou fundo dos olhos e perguntou se eu era uma bruxa, afirmei com a cabeça, ela me disse que se chamava Luana, era a Luna da Matilha Lua Azul , que foram atacados de surpresa pelo vampiro Magnus- Justine parou e olhou para suas interlocutoras que estavam de olhos espantados olhando pra ela.
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