7 – MUDANÇAS

1067 Words
No dia seguinte Samanta chegou cedo à delegacia. Conhecia bem a cidade, Miami sempre seria seu lar. Foi direto para a sala dos legistas, sabia que a loira ainda não havia chegado. Peter ergue o olhar ao ver uma ruiva usando sua calça jeans, camisa preta, sapatos e arma de lado, os cachos que foram presos em um cavalo. - Diga-me como conseguiu convencer-los de não usar aqueles paletós horríveis? _ O homem disse olhando sobre os óculos que estava no rosto. - Foi a minha única condição para vir. - Se você é tão importante que prefere aceitar ou usar outra pessoa. - Na verdade eu era a única disponível. _ Ambos sorriram e a ruiva se senta em frente ao homem, os dois respiram fundo. - O que quer saber? - O que aconteceu com ela depois que foi embora? _ Então Peter solta os papéis, tira os óculos e tem sua total atenção na mulher. - O que quer saber exatamente? - Ela está diferente. Não é uma forma r**m, afinal é mais forte. Contudo, não é a mesma antes, ainda tem o olhar doce e o sorriso mais lindo do mundo, mas também tem ... - Mágoa, raiva, decepção, ódio? - É. Eu sou uma i****a mesmo, não é? Você deveria me odiar também. - Porque? O problema é de vocês. Eu confesso que ou odiei no começo, mas não consegui te culpar, não quando duas pessoas tiveram culpa. A diferença é que eu vi como ela sofreu. _ A sensatez do homem dá medo na ruiva. Eu amo Peter. - Eu sei, eu sempre soube, você só foi identificado em não dizer ela. Mas o que quer saber? - Porque? O que aconteceu depois que fui embora? - Não vou me meter mais nesse assunto, Sam, eu já fiz o que pude por vocês, sou um homem casado com duas filhas, por isso ainda suporto vocês e seus dramas. _ Eles sorriem. – Mas tudo tem um limite. O que posso te dizer é que Anne passou os piores cinco meses da vida dela. Tive que sair da minha casa na madrugada algumas vezes porque o porteiro dela me ligada dizendo que ela não havia aberto a porta durante três dias. Eu ficava amedrontado esperando o pior, quando chegava lá ela estava completamente bêbada, algumas vezes acabando na cama de um hospital. - Droga! _ Samanta não poderia explicar sua dor. - Não se culpe, isso também foi escolha dela. - Mas... Ela melhorou! - Sim, trocou o vício. - Pelo amor de Deus, não me diga que ela usou drogas? _ A angústia da ruiva era evidente em seu tom de voz. - Não, ela poderia estar na pior, mas não era burra, e é médica. - Então... - Sexo, Sam, Sexo! Anne deve ter transado com Miami inteira.             O corpo da ruiva estremece. Se já foi difícil imaginar uma mulher tocando a sua garota, imagina então muitas. - Você perguntou e não se iluda, ela ainda precisa disso, sofreu por você, ainda sofre, a única forma que encontrou para te esquecer foi essa, ela transa, se satisfaz e pronto, consegue dormir. - Ela... Oh meu Deus, ela transa todos os dias? - Os dias que não o faz ela não consegue dormir direito. _ Então a ruiva se levanta da cadeira e anda pela sala, estava assustada e mais culpada do que quando entrou ali. - Você conversou com ela? _ O homem pergunta. - Sim, ontem eu... Merda, ela estava com uma mulher. - Ela sempre faz isso, marca encontros, bebem e depois vão para o apartamento dela. - Você deveria ter impedido. _ Peter não se abala com o jeito duro que a outra fala. - Eu? E porquê? Ela não está fazendo nada de errado. - Essas mulheres poderiam fazer m*l a ela. - Não seja ingênua, Samanta. Anne é mais inteligente que nós todos aqui, não duvide da sua capacidade. Ela sempre conversa antes, tem um poder de intuição muito bom, chegou a dispensar muitas mulheres por enxergar perigo, não se iluda, ela não precisa mais tanto de você para protegê-la, como você mesma disse, ela está diferente. - Eu sei, mas... Eu nunca me envolvi com mais ninguém depois que fui embora. Apenas me dediquei ao trabalho. _ A ruiva diz aquilo como se fosse uma explicação. - Ora, cada um lida com as perdas como pode, você se dedicou ao trabalho, ela a satisfazer os desejos carnais. Vamos lá, você melhor do que ninguém sabe das necessidades de Anne, ela tem um apetite s****l maior que qualquer pessoa, seus hormônios são incontroláveis. - Eu sei, merda, eu sei disso. - E o que fez você pensar que nesses dois anos ela ficaria sem t*****r? Mesmo se ela quisesse não conseguira, seu corpo reagiria, você sabe disso.             Samanta respira fundo, ela sabe bem, Anne tem uma condição hormonal elevada, seu apetite s****l é maior que os das outras pessoas, não que seja viciada em sexo, até porque é controlável, porém ela se excita com mais facilidade. A loira tomava comprimidos para controlar, depois que conheceu a ruiva parou de fazer, até porque sempre tinha a agente por perto para suprir essa necessidade. - Ela não voltou a tomar os comprimidos? - Não, ela nem tentou, Sam, entenda, ela não quer se controlar, ela só quer te esquecer. - Mas não conseguiu. _ Ambos suspiram. - Acredito que não. _ Então se encaram. - Sua calma me assusta as vezes, Peter. - Você deveria experimentar, faz um bem danado à saúde mental, lembre-se disso. _ Os dois sorriem fraco, então a porta é aberta. Anne entra e paralisa ao ver a mulher ali. - Bom dia.             A loira diz e logo depois senta na sua cadeira. Não dando atenção aos dois, que apenas responderam com um bom dia também. Samanta começa a conversar com o homem sobre os corpos. A loira não querendo ficar ali, sai e vai à procura de Ester, a encontrando na sua sala. - Ei, que tal começarmos logo com isso? Quero pegar esse serial killer o quanto antes. _ A investigadora sorri. - Você manda, patroa.             Assim elas se concentram nos relatórios das vítimas atuais e de 2013, procurando qualquer pista que seja relevante. A verdade era que Anne queria terminar o quanto antes com aquilo. Era a única maneira de Samanta ir logo embora, mas o que a loira não sabia era que a ruiva não tinha nenhuma intensão de abandoná-la de novo, nem que isso custe seu trabalho.
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