Capítulo 11
Com o relacionamento consolidado, Isadora e Lorenzo decidiram anunciar publicamente que estavam juntos. A notícia correu rápido pela vila e entre os amigos. Todos pareciam genuinamente felizes por eles — com exceção de Bianca, claro.
— Você acha mesmo que isso vai durar? — provocou ela em um café.
Isadora manteve a calma, erguendo a xícara com elegância.
— Tenho certeza que sim. E mesmo que não durasse, ainda valeria a pena. Porque o amor nunca é perda, é sempre aprendizado.
Bianca saiu bufando, e Isadora sorriu. Pela primeira vez, sentia-se segura, confiante no que construía com Lorenzo.
Capítulo 12
A reinauguração do restaurante principal do hotel Venturini foi um sucesso. Isadora trabalhou nos mínimos detalhes: novo cardápio, decoração com flores locais e um show de culinária ao vivo. Lorenzo, como sempre, apoiava tudo.
— Está nervosa? — perguntou ele, beijando seu ombro nos bastidores.
— Um pouco. Mas nada que um beijo não resolva — respondeu, rindo.
E ele lhe deu exatamente isso: um beijo longo, apaixonado e cheio de admiração.
Durante a noite, Rafael fez um brinde em nome da família Venturini:
— À mulher que trouxe mais cor a este lugar e ao homem que finalmente encontrou seu lar.
Os olhos de Lorenzo se voltaram para Isadora, e ela soube: ali era o lugar dela.
Capítulo 13
Enquanto Isadora preparava uma sobremesa para o jantar de família no domingo, Donatella se aproximou.
— Ele nunca sorriu tanto, sabia? — comentou a matriarca.
Isadora virou-se com um sorriso tímido.
— Lorenzo é especial. Ele me faz sentir que posso ser quem sou, sem reservas.
— Isso é amor, minha filha. E amor verdadeiro, a gente cultiva todos os dias. Como vinho bom: melhora com o tempo.
As palavras da mãe de Rafael e Luciano tocaram fundo em Isadora. Mais do que uma aprovação, era uma bênção.
Capítulo 14
Uma viagem à Toscana foi o cenário perfeito para Lorenzo fazer seu pedido. No meio de um vinhedo ao entardecer, com o céu pintado de dourado e púrpura, ele ajoelhou-se.
— Não quero uma vida perfeita. Só quero que ela tenha você dentro dela. Quer casar comigo, Isadora?
Ela riu e chorou ao mesmo tempo.
— É claro que quero!
O beijo selou não apenas uma promessa, mas uma nova etapa. A felicidade deles agora era uma jornada conjunta, com sonhos entrelaçados.
Capítulo 15
A cerimônia foi íntima, na própria vila, cercada de amigos, flores e música italiana suave. Isadora usava um vestido rendado simples e elegante; Lorenzo, um terno cinza claro e um sorriso impossível de conter.
Vanessa foi uma das madrinhas, e Rafael não disfarçava o orgulho por ver o amigo tão feliz.
— Bem-vinda à família — disse ele a Isadora, apertando sua mão.
Durante a primeira dança, Lorenzo sussurrou:
— Se eu pudesse voltar no tempo, te encontraria mais cedo… só pra te amar por mais tempo.
Ela encostou o rosto no peito dele, sentindo o coração dele bater compassado com o dela.
Epílogo
Meses depois, Isadora e Lorenzo abriram um pequeno bistrô juntos, em um dos anexos do hotel. O espaço misturava arte, música e boa gastronomia — o reflexo exato do amor deles.
Num fim de tarde, Rafael e Vanessa chegaram com seu bebê recém-nascido, seguido por Luciano e sua esposa com gêmeos no colo.
— A nova geração dos Venturini está crescendo rápido — comentou Lorenzo, sorrindo.
— E espero que eles sejam tão amigos quanto nós fomos — completou Rafael.
Enquanto as crianças brincavam ao redor e risos enchiam o ar, Isadora sentiu o peito aquecido.
Amor, amizade e família. Ela tinha tudo — e era apenas o começo.
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Título: A Herdeira do Castelo de Vidro
Protagonista feminina: Clarissa Amarante, uma jovem restauradora de arte com talento para decifrar histórias escondidas em objetos antigos. Forte, sensível e com um dom peculiar — ela consegue “sentir” fragmentos do passado ao tocar certas peças históricas.
Protagonista masculino: Henrico Lancellotti, um magnata italiano reservado, dono de um antigo castelo herdado de sua avó. Está reformando o lugar para transformá-lo em um retiro de luxo, mas o local guarda segredos que só Clarissa poderá desvendar.
Enredo: Clarissa é contratada para restaurar vitrais antigos do “Castelo di Vetro”, localizado nos Alpes italianos. Desde que chega, sente que o castelo “a chama”, como se uma parte dela pertencesse àquele lugar. Quando conhece Henrico, há uma tensão imediata — ele é cético, frio e não acredita em lendas ou sentimentos inexplicáveis.
Mas, à medida que Clarissa desvenda as histórias escondidas nas paredes e vidros do castelo, ambos são arrastados por uma conexão antiga — uma lenda de uma princesa desaparecida e um guardião amaldiçoado… cujas almas parecem ecoar neles.
Com paisagens deslumbrantes, festas elegantes à moda antiga, e uma linha tênue entre realidade e encantamento, Clarissa e Henrico descobrirão que o amor verdadeiro pode atravessar séculos — e desfazer até a mais antiga maldição.
Introdução: A Lenda do Castelo de Vidro
Há séculos, entre as montanhas cobertas de neve nos Alpes italianos, um castelo foi erguido com janelas de cristal lapidadas como joias. Diziam que cada vitral contava uma parte da história de uma princesa perdida e do homem que jurou protegê-la até que o tempo os reunisse outra vez. Chamavam-no de “Castelo di Vetro” — Castelo de Vidro.
Com o tempo, as cores se apagaram, as janelas se partiram e o castelo foi deixado ao abandono. Mas o que ninguém sabia era que parte daquela história ainda precisava ser contada — e que os corações destinados a completá-la estavam prestes a se encontrar.
Personagens Principais
Clarissa Amarante – Brasileira, filha de uma restauradora de livros antigos e um fotógrafo histórico. Viveu rodeada por arte, lendas e segredos familiares. É sensível, perceptiva e carrega um dom raro: ao tocar objetos antigos, consegue sentir traços emocionais deixados por seus antigos donos. Formada em História da Arte, é especialista em restauração de vidros e vitrais antigos. Possui olhos cor de âmbar e cabelos castanhos com reflexos dourados. Sua beleza está no olhar curioso, no sorriso suave e no jeito gentil de tocar o passado.
Henrico Lancellotti – Italiano, herdeiro de uma das maiores fortunas do setor hoteleiro na Europa. É o mais jovem presidente do grupo Lancellotti Hotels e está determinado a transformar o antigo castelo da família em um resort de luxo. Alto, de ombros largos, olhos acinzentados como o céu antes da neve e cabelos negros, Henrico é conhecido por sua frieza, discrição e olhar de aço. Mas por trás da imagem rígida, há um homem solitário que cresceu ouvindo a avó contar histórias que ele preferiu esquecer. Até agora.
Personagens Secundários
Nonna Teresa Lancellotti – Avó de Henrico, senhora doce e lúcida, guardiã da história do castelo e da lenda que o cerca. Ela será a ponte entre o passado e o presente.
Rosa – Assistente de Clarissa, italiana alegre e falante, apaixonada por romances antigos. Será a confidente e alívio cômico da história.
Arnaldo – Conselheiro jurídico de Henrico, que nutre certo ciúme profissional da chegada de Clarissa. Será um personagem ambíguo.
Os Vitralistas do Castelo – Um grupo de artesãos locais, cada um com histórias misteriosas sobre o passado do lugar.
Capítulo 1: A Chegada ao Castelo de Vidro
O frio dos Alpes italianos era cortante naquela manhã de dezembro. O carro preto que transportava Clarissa serpenteava pelas estradas sinuosas entre florestas cobertas de neve, cada curva revelando uma paisagem mais encantadora que a anterior. O silêncio da região era acolhedor, como se a montanha guardasse em segredo aquilo que os olhos ainda não podiam ver.
Clarissa observava a paisagem pela janela, seu queixo apoiado na mão enluvada. Estava encantada com a beleza gélida ao redor. Vinha de Florença, onde passara uma temporada restaurando uma célebre basílica, mas aquele projeto era diferente. Era pessoal.
Quando recebeu o convite de Henrico Lancellotti, presidente do grupo hoteleiro que adquirira o castelo, ela hesitou. A proposta era desafiadora: restaurar os vitrais do lendário Castelo di Vetro, lar de uma das lendas mais misteriosas da Itália medieval. Diziam que o lugar fora o cenário de um amor tão intenso quanto trágico, e que os vidros coloridos contavam pedaços dessa história para quem soubesse olhar.
Clarissa sabia olhar.
O carro diminuiu a velocidade e atravessou um arco antigo de pedra. O castelo surgiu aos poucos, como uma visão saída de um conto de fadas esquecido. As torres cinzentas estavam cobertas por uma fina camada de neve. No alto da torre central, uma rosa esculpida em pedra parecia desafiar os invernos. E então ela viu: a parede principal, voltada para o leste, com seus vitrais quebrados, desbotados pelo tempo.
O coração de Clarissa bateu mais forte. Havia algo ali. Algo que a chamava.
Rosa, sua assistente italiana, puxou-a gentilmente pelo cotovelo. — Venha, cara mia. Temos que conhecer o senhor Lancellotti. Dizem que ele não gosta de esperar.
Elas atravessaram o salão principal, ainda em fase de renovação. Tapetes enrolados, escadas cobertas por plástico protetor, cheiros de tinta e madeira nova misturavam-se ao perfume de lareira acesa. A grandiosidade da arquitetura contrastava com a austeridade da reforma. Clarissa caminhava devagar, os olhos absorvendo cada detalhe.
Então, ele surgiu no alto da escadaria.
Henrico Lancellotti desceu os degraus com passos firmes, vestido de preto, o sobretudo alinhado, uma luva de couro na mão direita e o olhar fixo nela. Não era um homem qualquer. Era imponente. Clarissa sentiu um arrepio que não tinha nada a ver com o frio.
— Signorina Amarante?
Ela ergueu o rosto. — Sim. Clarissa. É um prazer, senhor Lancellotti.
Ele assentiu com a cabeça, os olhos examinando-a com curiosidade contida. — Seja bem-vinda. Espero que esteja preparada. Este castelo é mais teimoso do que parece.
Clarissa sorriu, um toque de desafio nos olhos. — E eu mais determinada do que aparento.
Rosa pigarreou, sem conter o sorrisinho. Henrico pareceu notar o clima e desviou o olhar.
— O castelo está quase pronto para a fase final. Mas os vitrais são o elemento principal. Não quero apenas beleza, signorina. Quero alma. Quero que eles contem uma história que o mundo nunca mais esqueça.
Clarissa sentiu a espinha arrepiar de novo. Era isso que ela fazia. Não apenas restaurava. Ela trazia histórias de volta à vida.
— Então começaremos imediatamente. Posso ver os desenhos originais?
Henrico hesitou um instante. — Nem todos estão catalogados. Alguns... desapareceram. Mas minha avó guarda registros antigos. Dona Teresa adora esse tipo de coisa. Acredito que gostarão uma da outra.
— Eu também acredito, signor Lancellotti.
E quando seus olhos se encontraram novamente, por um segundo, não houve castelo, nem frio, nem lenda. Apenas um silêncio cheio de promessas, como se o passado finalmente tivesse encontrado o momento certo para despertar.