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3732 Words
Juliana: Pronto! - falou depois de lavar as mãos. Samantha: Vamos, então! - ajeitei a saia. Juliana: Ta lacrando, hein! - riu maliciosa. Samantha: Sempre! - pisquei convencida. Já peguei um copo da bandeja de um garçom, era Whisky, comecei a embrazar, ao som de música eletrônica. A Ju virava um copo atrás do outro, sem freio essa doida, nunca vi. Samantha: Amiga, se controla, tem o baile ainda! - sussurrei em seu ouvido, por conta do barulho. Ficamos na boate até á 1:30hr, depois o Ber veio nos chamar para subir o morro. Fomos em dois carros, era ridículo meu irmão e o Tiago dirigindo, se achavam os donos da cidade. Nunca havia ido em nenhuma favela, e também nunca tive curiosidade. O Ber foi seguindo o Tiago, ele disse que a tal Bia nos esperaria na entrada do morro. Dito e feito, ela estava lá, como estava escuro não deu pra ver muita coisa, mas foi o suficiente pra ver dois caras com fuzil, em posição de soldado, na entrada do morro. A Bia ficou conversando com os caras, um tempo, depois ela fez um gesto pro Tiago, que saiu do carro com a Ju, e fez sinal para que descessemos, também. Meu coração quase saiu pela boca, imaginei que eles iriam nos roubar. Bernardo: O que houve? - perguntou pro Tiago. Bia: Relaxa, é só procedimentos! - sorriu naturalmente. XxXx: Playboy quer subir o morro, e não quer ser revistado, pô?! Nois é bandido, mas não é o****o! - falou um dos caras com fuzil. Eu olhava amedrontada, já queria ir pra casa. Eles revistaram os meninos primeiro, depois foi minha vez. Samantha: Pega leve! - murmurei. XxXx: Iala, pegada aqui é forte, gatinha! - deu risada. O encarei séria. xXxXx: Abaixa a bola, patricinha. To só gastando, contigo! - passou a mão na minha cintura. Foi tranquilo, menos pior do que eu esperava. Depois de revistarem a Ju, nos liberaram, seguimos o caminho pra quadra, onde acontecia os bailes, a Bia foi no carro do Tiago, e nós atrás, os seguindo.Conforme íamos chegando, já era possível ouvir o batidão, no volume máximo. Samantha: Dá pra ir embora, ainda? - fiz cara de tédio. Bernardo: Não começa! - me olhou pelo retrovisor. A quadra era enorme, havia um amplo espaço do lado de fora, que servia como estacionamento, estava lotado de carros e motos. Era tudo muito diferente, do que eu imaginei. Após o Tiago estacionar o carro, meu irmão estacionou do seu lado, então descemos. Ajeitei a saia, e fui até a Ju. Juliana: Curti esse lugar! - falou empolgada, rebolando no ritmo da música. Samantha: Hum! - revirei os olhos. Bia: Vamo entrando, povo. Sintam- se em casa, é tudo nosso, p***a! - levantou os dedos pro alto, imitando um revólver, em seguida beijou o Tiago. Lá dentro, fiquei extremamente chocada, era tudo muito "ousado". As garotas desciam até o chão, com roupas minúsculas, enquanto outras sarravam nos caras, sem pudor algum. Reparei que havia vários vapor, em lugares estratégicos, armados de fuzis, provavelmente fazendo a segurança do baile. Juliana: Como faz pra comprar bebida aqui? - ouvi ela perguntar a Bia. Bia: Olha, tá vendo aquele tio ali? - apontou para um cara - Tu compra com ele, pode por no meu nome hoje, mas não acostuma não! - deu risada. Juliana: Valeu! Vem, Samantha! - me puxou. A segui sem muito entusiasmo, ela foi direto no cara das bebidas, e voltou com dois copos de whisky com Red Bull. Juliana: A festa vai começar! - me entregou um copo. Samantha: Já começou! - brindei. Começamos a tomar, em seguida fomos para a pista. Estava tocando MC Livinho - Bela Rosa, as novinhas se acabavam de dançar, e com a gente não foi diferente, a Ju na frente e eu atrás, subindo e descendo. Percebi os olhares sobre nós, até fiquei sem- graça, senti alguém me empurrar, se eu não tivesse me equilibrado tinha caido. XxXxX: Qual foi, biscatinha? Patricinha aqui não! - uma garota chegou cheia de marra, seu cabelo pingava creme. Juliana: Biscate é a mãe! Somos convidadas, minha filha! - encarou a menina. xXxXx: Iala, quer apanhar, vagabunda? - empurrou a Ju. Samantha: Desculpa, moça! - engoli em seco - Vem, amiga, vem! - puxei a Juliana.A garota não falou mais nada, o que foi estranho. Samantha: Tu é louca? - olhei feio para ela, ficamos paradas na entrada da quadra. Juliana: Não levo desaforo, ainda mais de uma pinga pinga! Tu viu o cabelo dela? - soltou uma gargalhada. Samantha: Vi sim! - fiz careta. Juliana: Vou buscar mais bebidas, já volto! - piscou. E a noite foi assim, bebendo demais, ficamos dançando em um canto, não tinha quase ninguém, era melhor assim, para não arrumar confusão. Bia: Samantha! - ela veio na minha direção, havia um sorriso malicioso em seus labios. Samantha: Oi? - olhei surpresa. Bia: O chefe quer te conhecer! Bora pro camarote! - me puxou.Samantha: Calma, espera! - franzi o cenho, confusa. Ela não deu atenção, continuou me puxando para o camarote, eu estava bêbada demais para ter qualquer reação, a Ju veio nos seguindo. Havia dois vapores parados na entrada do camarote, apenas com um sorriso da Bia, eles liberaram a passagem. Logo avistei o Tiago e o Bernardo conversando com um cara, tinha bebida pra caramba lá, várias garrafas de Chandon, vodca e whisky das melhores marcas. Samantha: Bia! - apertei sua mão - O que está acontecendo? Bia: Aquele cara, é o Dodô. Ele é chefe do Antares, tá afim de te conhecer! - falou naturalmente. Olhei para a Juliana, na tentativa de um socorro, mas ela sorria animada. Juliana: Vai falar com ele, amiga! - me empurrou de leve. Bia: DODÔ! - gritou, ele rapidamente olhou na nossa direção - Faz favor! Até que o Dodô era gostosinho, moreno, com cara de mais velho, trajado de ouro da cabeça aos pés. O mesmo veio caminhando na nossa direção, seu olhar era fixado no meu. Reparei que o meu irmão olhava confuso para mim, já o Tiago me encarava feio. Dodô: Qual foi, Biazinha? - a abraçou de lado. Bia: Eu trouxe a escolhida! - deu risada. Dodô: Pô, tu é p**a no bagulho, mermo! - se soltou dela - Prazer, gata! - segurou minha mão com delicadeza, em seguida depositou um beijo na mesma. Samantha: Prazer, Samantha! - sorri timidamente. Dodô: Pode me chamar de Dodô. Tu não é daqui, né? - continuou segurando minha mão. Samantha: Não - balancei a cabeça negativamente - Leblon! Dodô: Iala, patricinha! - deu risada. Samantha: Não fode! - revirei os olhos. Dodô: Brincadeira, pô! - mordeu os lábios - Ai, posso pegar a amiga de vocês emprestado? Só um pouquinho! - me olhou malicioso. Juliana: Sem problemas! - sorriu para mim. Bia: Toda sua! - deu risada. Sua mão segurou minha cintura com força, ele me levou para o camarote ao lado, estava vazio. Samantha: Poxa, valeu por perguntar pra mim! - revirei os olhos. Dodô: Já sei da sua resposta! - segurou meu rosto. Samantha: Então, tu manda no morro? - me afastei sem-graça. Dodô: Mando sim, sou o chefe! - ele foi preparar dois drinks, enquanto isso me sentei em uma poltrona. Dava pra ver o baile todinho de lá de cima, tinha gente pra caraca. Dodô: E você, tem quantos anos? - me entregou um copo. Samantha: Obrigada - segurei o copo - 16 anos! Dodô: p***a! - arregalou os olhos - Papo reto, não parece!Samantha: Não? - sorri sem mostrar os dentes. Dodô: Juro que não! - virou o copo de uma vez - Mas não ligo, me amarro em novinha! Minhas pernas estavam bambas, eu não sei se queria ficar com ele, eu estava bêbada, e certeza que iria me arrepender depois. Fiquei desconversando sempre que ele dava uma investida, uma hora ele iria se cansar. Dodô: Então, tu curtiu meu baile? - alisou minha perna. Samantha: Ah, nunca havia vindo em um baile, mas... Vapor: DODÔ! DODÔ! - o vapor entrou correndo no camarote, quase arrebentou a porta. Dodô: Qual foi, Meno? Tá doido, c*****o?! - se levantou. Vapor: Deu r**m, parceiro. Deu r**m! - ele estava muito afobado - A Rocinha invadiu, tão querendo meter bala, nessa p***a! Olhei para a pista, o som havia sido cortado, as pessoas estavam todas rendidas, em fila. Dodô: p**a QUE ME PARIU! - tirou uma pistola da cintura - Segura ai, já volto! - deu um beijo no meu rosto. Meu coração começou a disparar, eu sabia que iria dar merda. Dodô foi barrado na porta, reconheci o cara da boate, que havia apontado uma arma na minha cara. Cadu: PENSA QUE VAI ONDE, c*****o?! - ele apontou o revolver no rosto do Dodô. Dodô: QUAL FOI DO BAGULHO, PARCEIRO?! - apontou a arma para ele, também. Cadu: PARCEIRO É O c*****o! FOI METER TERROR NO MEU BAILE, ACHOU QUE IA DAR BOM PRA TU?! - balançou a cabeça. Dodô: Isso é conversa de gente grande - abaixou o tom - Deixa eu levar minha mina pra baixo, e nois resolve essa p***a! MINHA mina, oi?! Eu os encarava assustada, tudo que eu queria era sair dali, sou muito nova pra morrer. O olhar do Cadu encontrou com o meu, tenho certeza que ele me reconheceu. Cadu: Ah, eu não acredito, p***a! - exclamou - Tu de novo? Qual foi, tu é alguma policia? Tá me seguindo, c*****o?! Samantha: Nem te conheço, i****a! - murmurei. Cadu: EU VOU LEVAR A MINA! - o mesmo se aproximou, em passos rápidos, suas mãos seguraram meu cabelo com força. Samantha: NÃO, ME DEIXA! - soltei um berro de desespero. Dodô: SOLTA ELA, TÁ MALUCO?! - apontou novamente a arma, na direção do Cadu. Cadu: SE TU ATIRAR, EU ATIRO! - senti o cano gelado do revolver, na lateral da minha cabeça. Cadu começou a me puxar, suas mãos estavam fixas nos meus cabelos, eu chorava compulsivamente, eu estava indo pra morte. Descemos as escadas do camarote, todos olhavam, passamos pela quadra, o Dodô e seus vapores vieram atrás, mas qualquer atitude, ele estourava meus miolos. Havia um Corola no estacionamento, ele abriu a porta da frente, e me jogou lá dentro, travando a mesma. Dodô: O QUE TU VAI FAZER, p***a?! SOLTA A MINA, A TRETA É ENTRE NÓIS! - ouvi o mesmo gritar. Cadu: Entro em contato, mais tarde! Isso é pra tu ficar esperto, pilantra! - entrou no carro, batendo a porta. Ele deu partida, e saiu cantando pneus, eu estava amedrontada demais, para fazer ou falar, qualquer coisa.Cadu olhava fixamente para a estrada, o único barulho que se ouvia no carro, era o meu soluço. Cadu: Onde tu mora? - perguntou por fim, quebrando o silêncio. Samantha: Pra que tu quer saber? - funguei. Cadu: Onde tu mora? - repetiu impaciente. Samantha: Moro no Leblon! - murmurei. Cadu: O que tu veio fazer no morro do Antares, patricinha? Seu namoradinho veio junto? - me olhou de canto. Samantha: Que namoradinho? - franzi o cenho - Olha, você deve estar me confundido. Eu não tenho nada com o Dodô, nem com ninguém. Tu pegou a pessoa errada! - falei rapidamente. Cadu: E aquele cara que tu defendeu na boate? Tá me achando com cara de o****o? - riu irônico. Samantha: É o meu irmão, e o i****a do amigo dele! - respondi, trêmula. Cadu: Então tu não é fiel do Dodô? - diminuiu a velocidade. Samantha: Santo Deus, eu conheci ele hoje, a gente nem chegou a ficar. Eu... Eu acho, que vou vomitar, para o carro! - senti meu estomago revirar. Ele rapidamente parou o carro no acostamento, em seguida destravou a porta pra mim, abri a mesma e vomitei compulsivamente. Não sei por quantos minutos ficamos ali, meu estomago embrulhava cada vez mais. Cadu: Tu tá bem, ow? - sua mão tocou minhas costas.Samantha: Estou! - limpei a boca, e me endireitei no banco. Cadu: Vou te levar pra casa! - deu partida no carro, novamente. Samantha: O que? - olhei perplexa - Então por que agiu daquele jeito? Cadu: Achei que tu fosse fiel do Dodô - deu de ombros - Mas já que não é, não me serve pra p***a nenhuma! Achei melhor não falar nada, não queria que ele mudasse de ideia. Falei meu endereço para o mesmo e, seguimos para o Leblon. Em dez minutos estávamos na frente de casa. Cadu: Tá em casa, patricinha. Não tromba meu caminho mais não! - destravou a porta do carro, e me encarou. Samantha: Pode ficar sossegado - revirei os olhos - Até nunca mais! Cadu: Pô, espera - segurou meu braço. O encarei, esperando ele falar. Cadu: Qual teu nome? Samantha: Não interessa. Só isso? - arqueei as sobrancelhas. Cadu: Deixa de marra, c*****o. Manda o papo logo! - apertou meu pulso. Samantha: Af - respirei impaciente - Samantha! Cadu: Valeu. Cadu! - sorriu sem mostrar os dentes. Dei um sorriso cínico, em seguida sai do carro. Caminhei rapidamente para casa, ele saiu feito doido com o carro, respirei aliviada, nunca mais queria vê-lo. Minhas mãos tremiam sem parar, peguei meu celular, disquei o número do Bernardo, que atendeu no segundo toque. IDL: Bernardo: Samantha? Onde você tá? Samantha: Olha, eu estou bem, Ber. Acabei de chegar em casa. Bernardo: Certeza? Samantha: Sim. Avisa o pessoal ai, está tudo certo. Vou desligar, até logo. - desliguei. FDL Entrei em casa na ponta dos pés, não queria fazer barulho, era quase 5:00hr da manhã. Subi para o meu quarto, tomei um banho gelado, escovei os dentes, vesti meu pijama, retirei a maquiagem, e fiz uma trança frouxa no cabelo. Eu ainda estava muito chocada com tudo que aconteceu, precisei tomar dois calmantes para dormir.Cadu narrando: Porra, eu como sempre agindo sem pensar. Peguei a patricinha, achando que de alguma forma iria atingir o desgraçado do Dodô, mas se nem fiel ela era, ele ia se danar pra ela. Só que havia algo em seu olhar, que mexia comigo desde aquela noite na boate. Cheguei na Rocinha fudido, iria ter que bolar outro plano, pra aterrorizar no Antares. Quando abri a porta de casa, dei de cara com a Paloma dormindo no meu sofá. Cadu: Ow, tá maluca? - dei uma cutucada nela. Paloma: Chegou, amorzinho? - sorriu entre um bocejo - Tava te esperando. Cadu: Tu é burra, p***a?! Já falei que é pra brotar quando eu chamar! - segurei seu braço. Paloma: Nossa, quis fazer uma surpresa! - choramingou. Cadu: To com cabeça pra isso, não! Rala! - apontei pra porta. Paloma: Por favor, Cadu! - fez biquinho. Cadu: p***a, novinha! - tirei minha camiseta, e a encarei malicioso. Paloma: Vem! - me chamou com o dedo. Balancei a cabeça, e subi por cima dela, iniciando um beijo delicioso. Dodô narrando: Dessa vez, o Cadu tinha vacilado, mesmo não tendo nenhum lance com a mina, fiquei boladão. Bernardo: Ai, a Sam acabou de ligar! - o irmão dela falou. Dodô: E ai, c*****o? - passei a mão na cabeça, preocupado. Bernardo: O traficante deixou ela em casa, tá bem! - sorriu aliviado. Juliana: Graças a Deus! - limpou as lágrimas do rosto. Dodô: p***a, que aflição! Pro bem dele, foi bom ele não ter feito nada! Comédia! - cerrei os punhos. Tiago: Vamos embora, gente? - chamou. Dodô: Deixa meu salve pra ela, quero trocar uma ideia, de novo! - pedi pra Bia. Bia: Pode deixar, viado! - me abraçou.Samantha narrando: Acordei mais tarde, com o Bernardo mexendo no meu cabelo, abri os olhos rapidamente, e me afastei. Bernardo: Boa tarde, maninha! - sorriu. Samantha: Que horas são? - perguntei entre um bocejo. Bernardo: Quase 15:30hr - deu de ombros. Samantha: Nossa! - esfreguei os olhos - Dormi demais! Bernardo: Você tá bem? - me olhou de canto. Samantha: Como se você se importasse, né! - sorri irônica, em seguida me levantei. Bernardo: Lógico que me importo, fiquei preocupado pra caral... - o interrompi. Samantha: Escuta, Bernardo: Tu não tá nem ai pra mim, viu que eu estava bêbada e me deixou ir pro camarote com um traficante, insistiu tanto pra mim ir pro baile, e nem me deu atenção! - cuspi as palavras, impaciente. Bernardo: Ah, agora tu quer dá a b****a pro traficante, e a culpa é minha?! - soltou uma gargalhada - Dá licença! Tu já é grandinha demais, pra mim ter que ficar te cuidando! Samantha: Vai se f***r, você deixa o Tiago falar e fazer horrores comigo! Mesmo assim continua lambendo aquele i****a! - o encarei, indignada. Tiago: Tu só tá assim, porque uma mina de favela conseguiu ser mais gostosa que tu, e colocou uma coleira nele! Ou por que não conseguiu perder o cabaço com ele? - fez uma careta. Samantha: Vai pro inferno! - dei um tapa em seu rosto. Ele me encarou assustado, recuei para trás, não acreditando no que havia feito. Samantha: Vai embora, Bernardo! Sai do meu quarto! - murmurei. Bernardo: p*****a! - me deu um empurrão. Fechei a porta com força, logo que ele saiu. Eu e meu irmão nunca havíamos brigado daquela forma, mas ele não podia ter falado comigo daquele jeito. Fui pro banho, onde fiquei um longo tempo, aproveitei e lavei os cabelos, saí enrolada na toalha, e fui atender meu celular. Número desconhecido. IDL: Samantha: Oi? XxXx: Quem tá falando? Samantha: Quem tá falando?! Tu que ligou pra mim! XxXx: É o Dodô, gata! Samantha: Ah... Oi. Dodô: Pô, me desculpa por ontem! Como tu tá? Samantha: Relaxa, to bem. Não aconteceu nada! Dodô: Queria te ver. Tá suave? Samantha: Olha, Dodô... Ontem não rolou, e quero deixar assim. Tu é um cara maneiro, mas não vai rolar, desculpa! Ele desligou. FDLMinha mãe estava na sala, dei de cara com ela logo que desci. Lavínia: Oi, meu amor. Já vai sair? - sorriu. Samantha: Oi, mãe - depositei um beijo em sua testa - Vou tomar um sorvete, logo eu volto! Lavínia: Tá. Se cuida - beijou meu rosto. Caminhei até o shopping mais próximo, ficava a dez minutos da minha casa. Fiquei andando, observando as vitrines, não estava afim de comprar nada. Parei na praça de alimentação, para comer um açaí, fiz o pedido, escolhi uma mesa e fiquei esperando. Logo chamou minha senha no visor, me levantei e fui pegar, voltei para a mesa, e comecei a comer. XxXx: Coé, posso te fazer companhia? - sua mão tocou meu braço.Olhei surpresa pra cima, era o Cadu. Samantha: Ta me perseguindo? - fiz cara de tédio. Cadu: Não, gata. Só vim tirar um lazer, e te vi aqui! - sorriu sem mostrar os dentes. Samantha: Hum, já estou indo embora! - me levantei. Cadu: Qual foi Samantha? - segurou meu braço. Samantha: Não toca em mim! - me afastei - Qual foi a parte até nunca mais, que tu não entendeu? - arqueei as sobrancelhas. Cadu: Pô, eu vim namoral. Se for pra tu me tratar assim, to vazando! - me encarou. Samantha: Ótimo! - peguei meu celular, e fui andando. Preferi ir para casa, não queria ter o desgosto de vê- lo novamente. Estava na esquina de casa, quando o Corola parou do meu lado, fingi não notar. Cadu: Samantha, entra aqui! - abaixou os vidros. Samantha: Ta maluco? - revirei os olhos - Vai embora! Cadu: To mandando, entra! - alterou a voz. Samantha: Só sabe conseguir as coisas na violência, né! - dei uma risada forçada - Não vou entrar! - continuei andando. Ele fez o contorno com o carro e foi embora, melhor assim. Voltei pra casa, subindo direto para o meu quarto, conectei no WiFi, havia várias mensagens da Ju, ignorei todas. Fiquei no meu quarto o resto da tarde, teve um momento em que me peguei pensando no Cadu, algo nele me chamava atenção, mas ele nunca vai fazer meu tipo, não existe minimas possibilidades disso acontecer. No começo da noite, minha mae veio me chamar para jantar, mas eu recusei, ainda estava me curando da ressaca. Terminei um trabalho do colégio, e fiquei assistindo um filme. Acordei atrasada na manhã seguinte, não tomei banho, para ganhar tempo. Vesti uma calça jeans preta, a camiseta do colégio, escovei os dentes, calcei meu Vans vermelho, prendi o cabelo em um r**o de cavalo frouxo, peguei minha mochila e desci. Marcos: EU JÁ FALEI: NÃO VOU SUSTENTAR VAGABUNDO, LAVÍNIA! - meus pais estavam brigando, obviamente por causa do Bernardo. Lavínia: Calma, meu querido... Ele é só um mocinho ainda, não tem cabeça de gente grande! - como sempre, minha mãe defendendo. Marcos: MOCINHO?! FAÇA MEU FAVOR! PRA GASTAR MEU DINHEIRO, E ANDAR COM O MEU CARRO, ELE É MUITO GRANDE NÉ! - gargalhou irônico. Lavínia: Não admito você falar assim! - seu tom de voz alterou. Meu pai foi pra cima da minha mãe, que colocou as mãos no rosto pra se proteger. Marcos: EU FALO - acertou seu rosto, com um tapa - COMO EU QUISER! - deu outro tapa. Eles provalmente não me viram, era inevitável não chorar, peguei minha mochila e sai de casa correndo, minha garganta ardia com o choro engasgado. Eu não queria ir pro colégio, fiz um percurso sem destino. Era sempre assim, tudo por culpa do Bernardo, que se acha melhor que todo mundo.Eu não conseguia raciocinar direito, meu soluço já estava ficando alto, de tanto que eu chorava. Me doía demais, ver minha mãe, ou melhor, minha família naquela situação. Continuei caminhando em passos rápidos, ouvi um barulho de carro familiar, o maldito Corola parou do meu lado. Cadu: Só pode ser destino! - ele abaixou um pouco o vidro. Não respondi, não queria que ele me visse chorando, continuei andando. Cadu: Samantha, to falando contigo, pô! - jogou o carro na minha frente. Samantha: Me deixa em paz! - o encarei, entre soluços. Cadu: p***a, tu tá chorando?! Qual foi o lance? - abriu a porta do carro. Samantha: Nada, não to chorando, me deixa passar! - pedi. O mesmo desceu do carro, vindo até mim. Cadu: Uma p***a que tu não tá chorando! - segurou meu ombro - Me fala pô, namoral mermo! Eu não consegui responder, voltei a chorar novamente. Pela sua expressão, ele ficou sem reação. Cadu: Entra no carro, vamo vazar daqui! - segurou minha mão. Eu estava frágil demais para recusar, assenti com a cabeça.
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