9. Julia

1162 Words

O relógio marcava 01h42 quando ouvi a batida na porta. Seca. Rápida. Uma, duas vezes. Sentei na cama num pulo, o coração já acelerando como se tivesse pressa de me avisar que alguma coisa não ia terminar bem. O morro lá fora estava em silêncio, aquele silêncio denso da madrugada em que até os cachorros parecem dormir. Só o ventilador girava devagar, espalhando ar quente em círculos lentos. A cidade dormia, e eu sabia: o perigo sempre vinha no sono dos outros. Levantei devagar, pés descalços no chão frio, sentindo cada passo como se fosse um estalo no escuro. Fui até a porta, o estômago revirando. Espiei pelo olho mágico. Mas eu já sabia. Kay estava ali, encostado como se tivesse vindo pedir um copo d’água. Boné virado pra trás, camisa de manga dobrada, a cara mais limpa do mundo. Como s

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