A última criança saiu correndo pela porta com o chinelo quase caindo do pé. A mãe gritou alguma coisa lá da rua e a voz ecoou pelas paredes descascadas.
Fechei os olhos por um segundo, só pra sentir o silêncio. A sala estava vazia, finalmente. As cadeiras empilhadas, os papéis organizados no canto, o ventilador desligado. Era fim de expediente e o corpo já dava sinais disso.
Me espreguicei, peguei minha bolsa e fui apagar as luzes. No corredor, ainda havia um restinho de sol entrando pelas frestas da janela. O morro tinha essa coisa de mudar de cheiro e som quando o dia ia embora.
Estava prestes a trancar a porta da frente quando ouvi o som de passos.
Quando me virei, ele já me olhava. De longe. No meio da calçada que descia pro beco, de boné escuro, camisa preta e aquela expressão que
