Cheguei em casa no fim da tarde, com a cabeça estourando e a garganta seca. O barulho do morro lá fora parecia mais alto do que nunca, cada buzina e cada grito atravessava minha pele como faca. Joguei o casaco na cadeira, larguei o celular no sofá, e fiquei alguns minutos só respirando, tentando convencer o corpo de que ainda tinha controle sobre alguma coisa. O silêncio durou pouco. O celular vibrou. A tela acendeu. O nome que aparecia não era Caio. Era o que ele sempre quis que fosse: Kay. "Ela sabe. Mas eu só quero saber se você ainda é minha." Li uma vez. Depois outra. Depois de novo. Cada releitura me deixava com o coração mais acelerado, como se aquelas palavras fossem dinamite prestes a explodir na minha mão. "Ela sabe." Três palavras. Curtas. Mortais. Mas o que realmente me

