CAPÍTULO 4

1905 Words
CAROLINA LELIS Faltavam alguns minutos para meu turno acabar. Me enfiei em uma despensa de produtos de limpeza, estava fazendo meu trabalho, organizando o que havia sobrado. Depois dali, casa! Banho! Comida! E até que fazer isso não era tão r**m. Era sexta feira, isso me alegrava, minha primeira semana de trabalho estava terminando. Por isso estava cantarolando uma música. Foquei na caixa ao lado, onde coloquei todos os vidros e fechei. Suspendi a caixa e a coloquei no lugar. Já havia organizado quase tudo, agora era colocar algumas coisas enfileiradas e, pronto. Arrumação das coisas que fazem arrumação. Era até fácil tudo por ali, pois não estava bagunçado. — Não tem mais nenhuma caixa para erguer? — Uma voz baixa, séria e grossa, ecoou pelo ambiente. Peguei o meu avental enquanto me virava, deparando-me com um homem. A primeira coisa que notei foi a mandíbula, e logo a pele com uma cor bronzeada. Meu cérebro mandou os sinais para meu corpo e as palavras para minha boca. — Você? Muito m*l-educada, Carolina! Isso são modos? Senti algo me faltar. Como era mesmo o nome daquilo que me fazia viver? Lembrei! Ar! — Sim. Não achou que deixaria pra lá o restante da nossa conversa, achou? Era ele. Lorenzo Maldini. De chefe tinha tudo, mas de descarado também. Encarei seus olhos e engoli o nó que se formava em minha garganta. Percebi que gostava da cor escura dos olhos dele. A última dose de bom senso estava sendo injetada nas minhas veias. Mantive a cabeça firme, buscando pensar que ele não estava sem “camisa”, nem com a “calça” do outro dia. Não! Ele estava... bonito, com uma expressão séria. Eu não estava gostando do jeito que ele me olhava. Nem de seu visual. Homem de negócios... Luxuoso... Calça bem alinhada... — O gato comeu sua língua? — ele disse, se aproximando de uma das bancadas e se encostando enquanto dobrava as mangas da camisa branca que usava com um colete por cima, apenas para o deixar mais vistoso para os olhos da maníaca que, no caso, era eu. Do que ele estava falando mesmo? Gatos que malham? Concentre-se, Carolina. Força, mulher. — Gosta de gatos? — O senhor precisa falar comigo? Ele me olhou e sorriu. Estava bem, era grande e os músculos saltavam sob o tecido fino da camisa. Fiz de novo. Eu arderia no fogo do inferno. — Queria conferir se estava bem. — Ele me analisou, parando seu olhar nos meus s***s. Sabia quando alguém os observava. — Não tive tempo de conversar com você. Lorenzo desviou o olhar dos meus s***s e lembrei que o uniforme nem era decotado. Mas a imaginação dele podia ser grande. Enorme. Colossal. Eu esperava que Lorenzo Maldini não os estivesse imaginando. Seria maldade se estivesse fazendo isso. Homem como ele, ou qualquer outro, que deixa você empolgada demais, pode ser perigoso. Comecei a achar que o queria dentro de mim. Mas só a achar. Era muito Lorenzo em um ambiente só, Deus! O cara tinha aquele rosto moldado, sério, com lábios de fazer os piores momentos de sua vida... fazer você pedir por mais. — Muito obrigada pela preocupação, mas estou bem. — Não se enrolou com nenhuma porta? — perguntou, sorrindo e me analisando. Peguei as coisas e andei na direção da porta, ajeitando os últimos produtos. Tudo sob a vigilância dele. — Por que camareira? Parei e me virei. — Oi? — Por que esse trabalho? — Porque eu preciso. — Sua irmã não trabalha? — O quê? Como sabe sobre isso? — Sei de muita coisa, Carolina Lelis. Tudinho que eu preciso saber. Posso te levar para casa? Ele propôs depois de bancar o agende do FBI, como se me conhecesse ou quisesse conhecer. Eu estava trabalhando. Precisava me livrar das perguntas, já que de fato ele parecia saber da minha vida. Eu não tinha por que esconder nada de ninguém, mas a pergunta, vindo dele, me deixou surpresa. Tinha que reagir à esperteza dele. — Sr. Maldini, conhece o filósofo Jagger? Eu era louca de fazer isso, mas se ele estava brincando comigo, faria o mesmo com ele. Nunca que o deixaria estar por cima. Nunca. — Você não respondeu a minha pergunta, Carolina Lelis? — E qual foi? — Aceita uma carona para casa? O gostoso estava indo fundo, achando que eu cairia, cederia ao seu charme. Ha ha ha Eu cairia, mas ele não precisava saber. Homens já têm ego grande demais. O senhor a minha frente também. Vamos vencê-lo pela dureza e cansaço. Nosso primeiro encontro não foi dos mais normais. Eu havia olhado demais, mas ele pedia para ser olhado, vestindo aquela roupa. Com aquele tanque que era maravilhoso. Era grande. A pele quente, molhada. O pacote de camisinha indicando grande... Bem, a culpa não foi minha. Sou uma pervertida. Ele também. Encontrá-lo daquela forma, depois de, supostamente, estar malhando, fazendo algum exercício. Não fui a culpada. Se estivesse de cueca eu também olharia. Sem culpa alguma. Mas não queria algo com o Sr. Dono De Tudo. — Bem, o senhor não conhece o filósofo. — Dei um sorriso e o encarei sem medo. — Mas ele já disse isso: você não pode ter sempre aquilo que quer... Bingo! Aquilo era só para me deixar mais confiante. Era algo que eu faria de novo. O encarei e vi seu semblante. Se eu perdesse o emprego, estaria perdida. Mas, dar um fora no senhor gostoso... Me sentia bem fazendo isso. Ele balançou a cabeça, seu cabelo tinha uma cor linda, era preto, chamativo. A sala em que estávamos era iluminada somente pela luz, nada de natural. — Você me conhece, Carolina? — Eu não gostava da calma dele. Caramba! — Não, senhor, não o conheço. Agora preciso me retirar, se não se importa. — Espera. Filho da p**a! Deixe-me sair. Eu não vou chegar perto de você, sentir seu perfume. Isso não, por favor. — Acho melhor seguir as regras, senhor Maldini. — Carolina, eu fiz as regras, mas as ignoro. — Aí já é problema seu. — Nosso problema, querida. Nosso. Ele deu um sorriso e minha calcinha... minha calcinha estava a ponto de pagar sua sina com aquele homem. O debochado ainda sorria da minha cara. — Melhor tirar esse sorriso do rosto. Não irei para a cama com você! — Cuspi as palavras. — Isso é imprudência. Quebrar regras não é comigo. O senhor é imprudente de tentar algo. — Não quando tenho pessoas que seguem essas regras. Aí surge um pouco de prudência — argumentou e eu só precisava sair, mas era teimosa. Ele ficou em silêncio por um segundo, olhou o relógio em seu pulso e suspirou. — Você acaba de perder o ônibus. Meu queixo caiu e entrei em pânico, completamente. Definitivamente, ele jogava sujo. — O... que... Seu filho da mãe! — xinguei, fazendo isso muito mais em pensamento. Saí pela porta apressada, passando por alguns funcionários e logo entrando no complexo. Olhei para o relógio e percebi que devia estar entrando no ônibus, já angustiada por saber que passaria duas horas esperando o próximo. Já não adiantaria trocar o uniforme com tanta pressa. Eu acho que há uma primeira vez para tudo, porque ali estava eu. Tinha acabado de perder o ônibus por conta de um cara m*l-educado, um tanto arrogante e gostoso. Ele calculou isso. Instantes depois eu me sentava no banco do ponto de ônibus e colocava a bolsa no colo. A única coisa que eu sabia com certeza, era que eu precisava continuar no emprego. Um homem quando quer algo, faz tudo que pode para atrapalhar nossa vida. Ele fez isso por que quis? Um bom motivo para ficar longe. Babaca! Peguei o celular e disquei para Camila, abaixando o telefone lentamente quando um carro preto parou na minha frente, os vidros escuros, sem reflexo de ninguém. Naquele carro só poderia ser um homem, uma pessoa, o que me deixou irritada. Cadê o tijolo? Eu o ignorei por ser um descarado. Ele vai te f***r, Carolina. O vi sair e me olhar, mesmo de longe pude perceber seu sorriso debochado novamente. Deu a volta e me encarou. Respira, Carolina. Ele é só um conquistador barato. — Aceita uma carona? Que merda é essa? Que coisa sem fundamento é essa? — Não! — respondi. — Você não precisa esperar pelo ônibus — ele rebateu, dando-me um sorriso perfeito. Eu queria deixa-lo banguela. — Já disse que não. — Você vai entrar nesse carro. Não fiz você ficar aqui ? Faço você aceitar meu pedido. — Você me atrasou — confirmei, mas queria deixar claro que ele não mandava em mim. — Mas eu sou paciente. Não vou a lugar nenhum com você. Ele respirou fundo, parecendo estar quase calmo. Bufei, com raiva, sabendo que nunca tinha sido tão paciente na p***a da minha vida. Homem nenhum me fazia de trouxa. — Entre — o moreno pediu, estendendo a mão. — Eu não estou no meu “trabalho”. — Olhei fixamente para ele. — Você não manda em mim. Sabia que posso te mandar para o inferno? — Isso está me excitando de tal maneira... Ande, aceite e não reclame. Já era para... para nós... — Você vai enfiar seu p*u no seu r**o! — Olha a boca suja, linda. — O encarei, perplexa, admirando o homem sexy parado na minha frente, com um sorriso divino. — Se não aceitar, posso esperar aqui com você. Se contenha, Carolina! — Você não faria isso — desdenhei, vendo o quanto o homem podia me enlouquecer. Fascinada naqueles olhos pretos que me encaravam. — Eu não quero nada com você, não gosto desse tipo de brincadeira. — Vamos, linda, preciso que entre. Não vou fazer nada — afirmou ele e senti seu olhar sobre todo meu corpo. Aceitar ou não? Minha mente foi aberta e dentro dela foi implantada a ideia de aceitação. — Bem, sei que vai aceitar. Disse ele com uma cara de safado. Foco, Carolina. — Eu vou furar seus pneus se não sair da minha frente! — Aí vou ser obrigado a ir de ônibus com você, sentar do seu ladinho. Melhor, posso ir de ônibus com você. Ele fez menção de se sentar, mas parou e ficou me olhando. — O que você quer? — Quero leva-la para casa, Carolina. Como amigo. — Amigo? — Sim, sou homem de família e bem respeitoso. — E eu sou a Xuxa! — Então vai aceitar? — Não vou te dar nada. — Não me lembro de ter te pedido nada. Só quero te dar uma coisa, Carolina. — Ele fez uma pausa. — Uma carona. Filho da mãe! — Eu aceito. — Ótimo — ele disse e se afastou o suficiente para abrir a porta, então voltar a me olhar. — Entre, Carolina. Apenas faça isso. Eu me levantei e olhei para ele por segundos decisivos. Você não pode entrar. Ele sabia o que queria. Sabia o que estava fazendo e agia sem medo de falhar. Espere o ônibus. — Não vai acontecer nada, Sr. Maldini. — Fiz você perder o ônibus, o mínimo que posso fazer é ajudá-la a chegar a casa no horário e em segurança. — Olho para ele, chocada. — Vai negar? O desgraçado debochou de mim. Entrar naquele carro me parecia perigoso. Olhar para Lorenzo era perigoso.
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