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1572 Words
Diana Hoje o dia estava bem tenso, mas nada que um café não ajudasse. Estava cuidando de alguns inquéritos, estamos planejando uma operação para prender uma facção de milicianos, o duro é que essa gente é mais perigosa do que os próprios traficantes. Hoje me designaram para atender uma moça que havia sofrido violência doméstica, gosto de atender esses casos pois sou uma das poucas mulheres aqui, e nada melhor do que uma mulher lidar com outra, ainda mais nessas situações onde a vítima muitas das vezes estão fragilizadas, assustadas e oprimidas. Fui prestar o atendimento e me deparei com uma moça muito machucada, me senti mall com aquela cena mas não pude deixar transparecer, seu rosto estava inchado devido aos hematomas deixados pelo machão, realmente fiquei horrorizada com isso, sei que essa é minha função e que lido com esse problema diariamente, porém nunca deixo de ficar chocada com o que vejo por aqui. Minha vontade é treinar mulheres para que elas saibam lidar com esse tipo de valentões covardes. Se tem algo que eu não suporto é violência doméstica, meu sangue ferve lidando com esse tipo de ocorrência. A moça é bem jovem, aparenta ter uns 23, 24 anos no máximo, os olhos dela estavam roxos, havia hematomas também pelo seu corpo e o traste fez questão de cortar os cabelos da moça de uma maneira que só ela cortando o mesmo bem curto pra dar um jeito no estrago. Olhei aquilo e pensei, se fosse na minha frente eu teria acabado com o cretino no mesmo momento, sou emotiva com algumas coisas e não suporto covardia, piorou contra uma mulher indefesa. Tentei passar um pouco de tranquilidade para ela, fiz o que podia para acalmá-la, ela estava com medo de retaliações da parte do homem que a agrediu por ela está o denunciando, algo muito normal nesses casos de violência doméstica. Quando percebi que ela já estava mais calma, comecei meu trabalho – Quero que confie em mim, estou aqui para te ajudar, ok? Agora me diz, qual o seu nome? – Eu me chamo Walquiria. -falou de cabeça baixa. – Walquiria, qual o nome do seu agressor? -perguntei com voz baixa para que ela pudesse confiar em mim. – Eduardo. – Você sabe o porque ele te agrediu? – Ele é muito ciumento, é louco, não trabalha, eu que sustento a casa enquanto ele só reclama. Se ele souber que vim até aqui, ele vai me matar, eu quero ir embora. -ela fala tentando se levantar, seguro em sua mão e a conduzo para se sentar enquanto as lágrimas voltam a se derramar pelo seu rosto. – Quero que se acalme minha querida, não precisa ter medo. Quero que confie em mim, vamos fazer de tudo pra ele pagar por essa agressão. -vi ela se negar com a cabeça e muitas vezes é assim, não temos esperança quando se trata das leis do nosso país e as vítimas sabem disso. Não digo por todas pois sempre existem as exceções, mas muitas querem fazer a denúncia, querem ficar livres dos seus agressores, mas também sabem que muitas das vezes é pior fazer a denúncia, já que nossas leis são fracas e os que deveriam ser punidos ficam ilesos. Eles voltam a bater, abusar e espancar, enquanto as vítimas ficam presas em um relacionamento abusivo, poucas conseguem sair desse tipo de relação e ainda tem aquelas que infelizmente só conseguem sair mortas. Então antes de julgar uma mulher que sofre violência com vários Porquê, tente se pôr no lugar dessa vítima, você sabe o quanto é difícil lidar com um homem abusivo? Sabe o quanto é difícil lidar com os julgamentos que a cercam? Não julgue sem saber o que essa mulher vive e o que ela sofre. Ninguém merece ser espancado ou ser humilhado. – Moça eu sou nova, não quero morrer nas mãos dele, eu moro no morro, mas não procurei o dono de lá porque sei que eles vão sentenciar ele a morte e eu não quero levar essa culpa comigo para o resto da vida. -tentei respeitar seu pensamento, quis ser razoável para convencê-la a prosseguir com a denúncia, a moça estava tremendo e a todo momento olhava para os lados. – Ele mora com você? – Morava, mas eu falei que ia denunciá-lo para os cara do morro então ele saiu fugido. Sei que vocês não acreditam mais me sinto protegida onde moro, sei que lá ele não vai me importunar, meu medo mesmo é que eu trabalho no asfalto, então tenho medo dele me matar fora do morro, porque no asfalto não tenho proteção alguma, não tenho chances contra ele se ele for atrás de mim. -ela tinha o olhar caído, amedrontado e eu conseguia sentir o pavor em suas palavras, aquilo estava mexendo comigo, tem casos que a gente tem vontade é de virar segurança particular da pessoa para que ela viva com o mínimo de segurança. – Onde você mora? -questionei. – No morro do alemão. -engoli seco quando a ouvi, respirei fundo e tentei me manter neutra com aquelas palavras e continuar passando a segurança que ela precisava naquele momento, prossegui com meu trabalho mais a todo instante ouvia aquelas palavras em minha cabeça. – Olha, você fez o melhor pode ter certeza, o boletim de ocorrência foi feito, agora você passará pelo exame de corpo de delito e com certeza vamos pedir a prisão do agressor, está bem. – Obrigada investigadora? -vi que ela tentou ler meu nome na minha identificação. – Diana, investigadora Diana. – Muito obrigada Diana, você é muito acolhedora, nunca pensei que me sentiria tão bem em falar com uma policial. – Que isso minha querida, estamos aqui pra ajudar, e antes de eu ser uma policial eu sou mulher, não se cale, nem se amedronte diante de uma situação dessas, estamos combinadas? -a olhei lhe dando um breve sorriso, me senti bem ao ouvi-la. – Estamos, muito obrigada, já vou indo. – Até mais Walquiria, cuide dos hematomas. -observei ela sair e fiquei abismada de como uma pessoa pode ser r**m ao deixar o rosto de uma jovem naquele estado. Meu turno acabou, o Henrique estava me esperando para irmos até a sala do delegado para o meu desgosto. – Não dá pra ir embora sem olhar na cara desse velho nojento? -perguntei a ele que negou com a cabeça. – Melhor não Diana, vamos ver logo o que ele quer, eu vou com você não se preocupe. -respirei fundo e bati na porta do delegado, ele pediu para que eu entrasse, só parece não ter gostado muito da presença do Henrique. – Olá vossa excelência, como o senhor me pediu, estou aqui. -me aproximei enquanto ele olhava atravessado para o Henrique. – Já vi investigadora, inspetor qual sua função nessa reunião? -perguntou ríspido. – Vim acompanhar a Diana, ela não está se sentindo bem, pretendo deixar ela em casa assim que terminar por aqui. – Então podemos deixar essa conversa para outra hora, quando a investigadora estiver melhor. Podem se retirar. - Henrique o olhou com surpresa e viu que o velho realmente voltou a me cercar, ele não tinha boas intenções com aquele pedido, velho nojento. – Licença senhor, até amanhã. -me levantei e saí seguida do Henrique, o velho ficou com cara de poucos amigos. – Você viu Henrique, fala que não dá vontade de perder o resto da paciência com esse velho e acertar sua cabeça com um tiro de fuzil. -bufei de raiva batendo a mão na mesa, estou exausta com isso, esse velho nojento ainda vai me pagar. – Diana você precisa seguir em frente, se acalma vai, vou te deixar no seu destino, ele não vale a pena minha amiga. – É, e que destino. -sorri pra ele que me deu um abraço, para mim o Henrique é como se fosse da família, é como um irmão, a única família que me restou. A Vanessa esposa dele, está se adaptando comigo, mas é sempre muito cordial quando me recebe em casa, no começo ela morria de ciúmes de mim, eu e Henrique sempre conversamos bastante, mas nada além de amizade, nunca tivemos nada um com o outro, ele sempre me respeitou e eu sempre respeitei ele. Ela confundia as coisas no início e implicava com isso, mas não a julgo, hoje em dia ela entende e está cada vez mais próxima de mim, e eu agradeço por isso. – Você é como uma irmã pra mim Diana, vou te proteger até o fim custe o que custar. – Obrigada, você e a Vanessa são minha família. -falei amável e senti meus olhos se encherem de lágrimas e olha que isso é raridade no meu caso. O Henrique deu uma de Uber e me deixou perto da entrada do morro, passei a barreira e vi alguns olhares distintos em mim, coisa que antes não acontecia. Fingi demência e subi, senti que estava sendo observada quando cheguei na porta de casa, ouvi barulho de moto e olhei para o outro lado, me assustei, vi aquele homem monstruoso parando em minha frente, ele desceu da moto e eu congelei ao vê-lo vindo em minha direção. Pôr instinto olhei para minha bolsa que continha a minha arma e a segurei com mais firmeza. – Entaum é aqui a tua goma Leydi. Te achei! -engoli seco enquanto tentava respirar normalmente. TO LASCADA!
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