O beijo é bagunçado, molhado e h******l.
Esse homem me conhece desde os sete anos. Ele me criou, me treinou e me viu crescer. Ele também ordenou que eu matasse uma infinidade pessoas.
É um doente. Um desequilibrado.
- Você ainda não sabe como fazer do jeito que eu gosto – diz ele ofegante. – Mas vou te ensinar como, e você vai ser perfeita como em tudo que você faz.
- Já chega - sibilo.
Ele me olha com deboche.
- Ah, então você decide quando eu devo parar? – ele ri alto e da um t**a na minha cara.
Com força o suficiente para me derrubar no chão.
Se eu fosse humana, talvez tivesse caído. Mas por muita sorte, eu não sou.
Foda-se o plano inicial de chegar até o rei por dentro.
Eu não vou ser estuprada para colocar esse plano ridículo em prática. Eu sempre tive um plano B mesmo.
Ryan está beijando meu pescoço e descendo aquela mão imunda até minhas partes íntimas.
Minha pele fica em brasas – literalmente.
E cada parte de seu corpo que tocava minha pele, é queimada.
Como se ele estivesse tocando uma panela que estava no fogo.
Ele se afasta com uma mistura de medo e curiosidade e eu apenas abro um sorriso viperino para ele.
- O que foi Ryanzinho?
Bolhas já começaram a surgir em suas mãos, braços e lábios.
- Não reconhece sua Rainha quando a vê? – ronrono.
- Minha rainha? – cospe ele.
Ele me olha de cima abaixo com desprezo e um pouco de orgulho do tipo “olha como a deixei vulnerável”.
Imagino a cena: cabelos desgrenhados, lábios inchados e p****s a mostra.
Com apenas um estalo, reassumo minha forma.
A armadura vermelho e preto sobe pelas minhas pernas abraçando meu corpo, o tecido me deixa praticamente invulnerável, com apenas as mãos e a cabeça para fora, os punhos da parte de cima terminam em V, para proteger a parte de trás da mão.
Botas extremamente resistentes abraçam meus pés. Todo esse traje foi projetado para mim juntamente com minha espada.
Caminho até o espelho atrás da mesa de Ryan para ver meu rosto.
Que saudade.
Saudade dos meus olhos e cabelos vermelhos.
Meus olhos, cujas pupilas assumem formato de fogo quando estou muito estressada, e mudam do azul cobalto, para o violeta, vermelho, preto, verde... Depende do elemento que estou manipulando.
Meus longos cabelos estão ondulados e selvagens, exatamente como sou por dentro.
Abro um sorriso branco para meu reflexo.
Em seguida olho para trás. Ryan continua parado.
- Nada m*l né? – pergunto a ele por cima dos ombros.
A surpresa em seu olhar é tão satisfatória quanto o que estou prestes a fazer.
Dou a volta na mesa.
- Estou muito curiosa para saber o que você pretendia fazer Grande Mestre – continuo naquele tom provocativo.
Vou até ele e imito o movimento com os dedos em seu pescoço – mas, diferente dele, tenho longas unhas que são praticamente inquebráveis, e vou descendo até o começo de sua camisa, deixando um filete de sangue.
Farejo o ar.
- Seu sangue cheira a podridão, exatamente igual a você – digo a ele.
O seguro pelo pescoço para que me olhe nos olhos.
- Infelizmente não posso mostrar misericórdia – digo com desdém. – Não sou a rainha boa aqui – dou uma risadinha afetada. Estou falando com ele como se fossemos amigos. Íntimos.
Num tom que tenho certeza que o irrita profundamente.
- Não pode mostrar misericórdia por quê? Eu te criei menina. Te fiz ser o que é. Sem falar que você matou muitas delas para mim – fala, ríspido.
- Matei? – pergunto. Em seguida dou uma risada rouca. – Quantos anos você acha que eu tenho criatura? Você me criou? – mais uma risada.
- O que você quer v***a? Se vai me m***r, faça logo.
- Você não da ordens a mim. Você foi um meio para um fim – abro um sorriso viperino para ele. – E esse é o seu. Vou aproveitar para deixar um recadinho para o seu Rei.
Ele tenta disfarçar o medo com uma cara desdém. Mas posso sentir o medo dele. O cheiro preenche o ar a nossa volta, um que agora, grita aos meus ouvidos.
Rasgo sua blusa de uma vez.
Ele se assusta com a brutalidade.
- Sabe, há uns dias presenciei uma sessão de tortura. E aprendi alguns truques – uma piscadinha.
Em seguida, cravo as unhas em seu peitoral e as desço até o umbigo.
Corto o ar de seus pulmões para que ele não possa gritar e ele apenas arfa e solta um ruído.
Não cravei as unhas profundo o suficiente para estripá-lo. Não. Ainda não quero matá-lo.
- Você rasgou a pele das minhas com tanta facilidade – digo, enquanto abro um talho em seu braço.
Devolvo o ar apenas o suficiente para que ele não morra sufocado e acabe com a minha diversão.
Corto.
Devolvo o ar.
Corto.
Devolvo o ar.
Nos envolvo em uma bolha para evitar que sejamos interrompidos.
Chuto suas pernas e escuto o osso quebrar.
- Ops, esqueci que minha força não tem precedentes – debocho.
- Eu vou te m***r – diz ele, e faz uma força impressionante para tal.
Arregalo os olhos e digo:
- Vai? – dou uma gargalhada de sua cara.
Patético.
Ryan está ficando roxo e seus olhos, muito vermelhos. Tem sangue para todo quanto é lado e ele logo vai morrer de hemorragia.
- Acho que suas veias estão estourando. Que pena, ser humano é uma bosta – digo a ele.
Deixo que ele arfe em busca de ar, mas só um pouco.
Um pouquinho de esperança.
Ele é burro o suficiente para confundir isso com misericórdia.
- Bom, acho que está na minha hora.
Me agacho ao seu lado e escrevo – com as unhas e muito lentamente – em suas costas:
A Treze.
Corto o ar de vez e cravo as unhas em suas costas.