Prólogo: Conheça o Roteiro
"Roberta", Olivier fechou a mão em punho, enquanto ficava ao lado da cama onde ela estava deitada, observando-o com uma expressão cautelosa, "Vou sair da cidade por alguns dias. Fique aqui, por favor. Se precisar sair, leve um guarda-costas com você."
"Sim, senhor", ela arregalou os olhos para ele e jogou-se de volta na cama, puxando um travesseiro sobre o peito, enquanto o fazia. Seus lábios cheios e macios fizeram um bico diante do tom direto dele. Olivier era a única pessoa que a chamava de Roberta. Ele tinha lido isso em sua etiqueta de nome. Não conseguia deixar isso passar.
Ele arrancou o travesseiro.
"Não se esconda de mim, o que é meu", sua voz era fria e insensível, um tom que contradizia o calor de seu olhar quando ele se inclinou e beijou o seio nu que acabara de expor.
Ele a havia possuído várias vezes na cama durante a noite, no chuveiro, e depois a jogou de volta na cama. Já eram quase nove da manhã, mas por algum motivo, hoje, sua sede por ela estava insaciável. Roberta estremeceu sob seu olhar e, então, lembrou a si mesma que precisava controlar suas emoções. Olivier gostava de s**o, no entanto, neste momento em específico, ela era seu brinquedinho s****l escolhido.
"Você não me possui, Olivier, você está apenas pagando pelos meus serviços. É isso", Roberta jogou as palavras por cima da cabeça dele, "Não me reivindique como se eu fosse um animal de estimação."
"Ótimo, você conhece o roteiro."
"Eu conheço. O mês também acaba na segunda-feira da próxima semana", ele já havia prorrogado seu contrato por um mês antes. Era improvável que Olivier prorrogasse novamente e ela retornaria para seu pequeno cubículo no alojamento, voltaria a trabalhar no café onde ele a havia recrutado e, provavelmente, se tornaria uma solteirona.
Só ela seria i****a o suficiente para se apaixonar por um homem com quem concordou em atuar como acompanhante. Embora "acompanhante" fosse a palavra errada, porque ela não o acompanhou a lugar nenhum fora deste quarto, exceto, por alguns jantares.
"Nós vamos conversar sobre isso quando eu voltar", ele olhou seriamente nos olhos dela, "Se eu não tivesse um voo para pegar, acho que estaria enterrado em você novamente em cerca de dez segundos. Você é linda pra c*****o, chérie."
Roberta olhou além dele para o teto espelhado e sabia para onde ele estava olhando. Cabelos loiros, olhos azuis, uma silhueta em forma de ampulheta, beirando a magreza devido a muitas refeições perdidas. Ela poderia encontrar cinquenta estrelas de cinema na internet com o mesmo rosto, exceto, pelas sardas espalhadas pelo nariz. Não havia nada de especial em sua aparência, na opinião dela, mas de alguma forma, segundo Olivier Villeneuve, o deixava de p*u duro.
"Comporte-se enquanto eu estiver fora. Voltarei no domingo."
"Ok", ela se levantou, apoiando-se nos cotovelos para observá-lo sair do quarto e riu quando ele pediu para ela parar de olhar para a b***a dele.
Era culpa dela que seus olhos sempre estivessem nele? Ele não se exercitaria tanto se não quisesse ser cobiçado.
Bobbie estava deitada lá e considerava como tudo isso havia acontecido. Ela tinha ido à cafeteria tarde da noite, na hora de fechar. Tinha trabalhado um turno duplo, exausta, mas sem escolha, a não ser trabalhar o máximo de horas que pudesse. Sua irmã precisava do dinheiro, afinal, estava morrendo. Estava muito baixa na lista de transplantes para um rim, não encontrando ninguém compatível. Elas tinham a mesma mãe, nenhuma das duas conhecia o pai e, desde que a mãe delas morreu quando eram adolescentes, as meninas estavam por conta própria. Bobbie não tinha educação, treinamento e nem meios para pagar as contas médicas que sua irmã precisava.
Então, Olivier Villeneuve apareceu na cafeteria, irritado com um encontro que ele simplesmente abandonou onde quer que a tivesse deixado em seu carro, exigindo um café e o número de telefone dela. Fez uma oferta que achou que ela não poderia recusar. Trinta mil dólares por trinta dias do tempo dela. No começo, Bobbie recusou o homem rico e bonito que, obviamente, não estava acostumado a ouvir a palavra "não".
Então, todas as noites, durante uma semana, ele parou na cafeteria, tomou uma xícara de café e a olhou, mas nunca mais pediu. No sétimo dia, ela cedeu quando ele aumentou a oferta para sessenta mil dólares, um contrato formal e a promessa de torná-la compensadora. Bobbie sabia que Olivier estava se referindo a algo s****l e finalmente concordou. Em parte, porque o achava extremamente atraente. Principalmente porque, no dia em que ele propôs sua oferta lucrativa, ela tinha recebido outra conta do hospital pelo tratamento de diálise de sua irmã. Depois de fechar a loja, ele a levou para sua suíte de hotel, porque, é claro, um homem rico em Houston simplesmente ficaria em um hotel ao invés de comprar um apartamento.
Desde a primeira noite, ela raramente saía da cama dele. Por vezes, ele a deixava sair para comer, mas na maior parte do tempo, a mantinha no quarto do hotel e geralmente na cama. O homem era insaciável. Para ela, estava tudo bem, o achava revigorante e, quanto mais ele dava, mais ela queria. Era um caminho perigoso.
Jantando no quarto, assistindo às notícias antes de dormir ou sentados tranquilamente lendo, jogar cartas era o passatempo favorito deles. Ele ficou emocionado ao descobrir que Bobbie sabia jogar pôquer e cada jogo se transformava em um jogo de strip poker que ela raramente ganhava. Eram todas atividades comuns de casais normais. Os assuntos da conversa nunca tocavam em temas pessoais, como família ou amigos. Ela frequentemente tinha que lembrar a si mesma que eles não eram um típico casal normal.
Olivier Villeneuve era um empresário bilionário, mas se alguém lhe perguntasse exatamente o que ele fazia, ela teria dificuldade em dizer. Nem conseguia entender o que ele fazia para viver, mas supunha que fosse contador ou algo assim, com base na forma como este homem observava a tela de cotações no rodapé das notícias financeiras. Não estava acostumada a conviver com os ricos e famosos, e o nome dele não era um que ela já tivesse ouvido antes de ele contratar seus serviços. Olivier estava acostumado a ter o que queria, quando queria, e do jeito que queria. Por enquanto, ela era o que ele queria. E esperava que, na segunda-feira, ele a dispensasse. Seu coração já estava partido.
É claro que Bobbie não podia contar a ele. Ela o amava. Estupidamente, tinha se apaixonado por Olivier e pela forma como ele sorria, um pouco torto, com um lado dos lábios sempre um pouco mais alto que o outro. Seus olhos eram castanhos-escuros e seu cabelo era loiro sujo, sempre parecendo bagunçado, cortado curto, e ela se perguntava se não seria cacheado se ele o deixasse crescer.
Duas semanas atrás, ela o pegou observando-a atentamente enquanto lia um e-mail do centro de tratamento, e a maneira como Olivier a olhava a fazia sentir que ele queria mais do que apenas s**o. Se forçou a levantar do sofá e tomar um banho frio, socando a parede várias vezes ao perceber que estava projetando emoção em um homem incapaz. Ele a seguiu para o chuveiro, e fizeram s**o áspero e apaixonado contra as paredes do box.
"Bobbie, você é uma tola", sussurrou para si mesma, enquanto virava de lado e pegava seu celular para perto. Havia uma chamada perdida. Imediatamente, o medo encheu seu peito quando reconheceu o número. Ela ligou de volta rapidamente e sentiu o estômago afundar. Se vestiu e foi para as portas da frente, pulando em um pé, enquanto calçava um par de tênis.
Ela encontrou o guarda lá.
"Preciso ir."
"O senhor Villeneuve disse que você deveria ficar aqui."
"Eu sei o que ele disse, mas preciso ir para o Centro Hospice Pemberley agora", ela passou por ele.
"Senhora", o guarda segurou seu braço e tentou convencê-la a ficar.
Ela girou nos calcanhares.
"Minha irmã está morta. Acabaram de ligar para me contar. Você se importa com isso?"
"Sinto muito. É claro, vamos", ele a escoltou rapidamente pelo hotel e um carro já estava esperando quando chegaram à entrada, "Meu nome é Darian. Gostaria que eu ligasse para o senhor Villeneuve?"
"Não, o que ele vai fazer? Ele não pode trazê-la de volta", ela disse friamente, olhando pela janela.
Sua irmã tinha morrido sozinha, enquanto ela estava deitada. Não que Rosamund se importasse, ela teria ficado feliz por ela, provocando-a e rindo. Ela estava em coma há dez dias agora. Era apenas uma questão de tempo.
Algumas horas depois, havia organizado tudo com o centro de cuidados paliativos, tinha desabado com Darian, segurando-a gentilmente enquanto ela soluçava descontroladamente e estava a caminho do quarto do hotel. Rosamund seria cremada e pronto. Não havia dinheiro para um funeral extravagante e luxuoso, e também não tinham amigos. Sempre foram apenas as duas. Sua melhor e única amiga, e seu único m****o da família, se foi.
Ao entrar na suíte do hotel, ouviu vozes e parou abruptamente, com Darian logo atrás dela.
"Ah, lá está ela, Roberta Caron. A acompanhante paga de Olivier. Ele sempre teve uma queda por loiras", o homem no quarto e olhou para a morena sentada em frente a ele, "Desculpe, Cleo."
"Sem ofensas. Fico feliz que ele tenha tirado isso do sistema antes do casamento", a mulher olhou Bobbie de cima a baixo casualmente, como se sua aparência não a incomodasse, "Embora, normalmente ele escolha algo um pouco menos usado", ela encarou Bobbie, "Você dormiu com meu noivo, o homem que eu amo mais do que qualquer coisa no mundo. Você não passa de uma p********a. Tem sorte de eu ter descoberto isso antes do nosso casamento, senão, teria que ir ao inferno para pagar. Ele é meu! Você vai embora."
"Quem é você e quem deixou você entrar aqui?", Darian deu um passo à frente, protegendo Bobbie.
"Bernard Menard, sou o melhor amigo de Olivier e", ele olhou para Bobbie, "O novo", ele acenou com a mão com um gesto exagerado, "Qual é a palavra que concordamos em usar?", olhou para Cleo com um sorriso irônico, "Patrocinador. Sim, patrocinador", seus olhos percorreram Bobbie de cima a baixo, fazendo sua pele arrepiar instantaneamente.
"Não tenho certeza do que você está insinuando, senhor Menard, mas isso não vai acontecer", Bobbie sentiu seu estômago se retorcer de dor.
"Sua escolha é clara, meu amor. Me dê os últimos cinco dias ou perca o pagamento do mês. Olivier vai se casar no sábado", ele acenou para a mulher à sua direita, "Cleo e eu conversamos com ele esta manhã e ele concordou que esse era o melhor plano de ação", a mulher mostrou um enorme diamante em seu dedo, "Cleo concordou em não cancelar tudo, considerando que você não passa de uma mercadoria para ele."
"Darian, você pode pegar minha bolsa na mesa de cabeceira? É hora de eu partir", não havia como ela entrar no quarto onde ele havia feito amor com ela por horas para pegar suas coisas. Tudo o que Bobbie precisava, era de sua bolsa. O resto poderia apodrecer.
Enquanto Darian entrava no quarto separado, Bernard se aproximou e apertou firmemente os dedos ao redor de seu braço.
"Eu comprei seu contrato, querida, você não vai a lugar nenhum", ela tentou puxar o braço, mas ele a esbofeteou com força, "Prostitutas não têm escolhas!"
Ela o chutou com força nas partes íntimas, seu grito de dor ecoando no quarto, assim como Darian arrancou o homem dela e o jogou para o outro lado do quarto. Ele a empurrou para fora da porta e para o corredor, colocando sua bolsa em suas mãos.
"Já vi pessoas ricas fazendo coisas terríveis, mas esse é o pior monte de besteira que já ouvi. Vamos tirar você daqui."
"Por que ele faria isso?", ela sussurrou tristemente enquanto entrava no elevador, "Quem faria uma coisa dessas? Ele me transferiu como se eu fosse uma posse. Eu não sou um maldito contrato de aluguel de carro!"
"Onde posso te levar para que você fique segura?"
"Eu não tenho para onde ir", sentiu as lágrimas chegarem, "Eu estava morando em uma pensão porque era mais barato do que um apartamento", a verdade era que ela e Rosamund tinham ficado sem-teto mais de uma vez em seus vinte e um anos de vida, "Apenas me leve para a funerária, esperarei pelas cinzas da minha irmã e vou descobrir o que fazer em seguida."
Enquanto ela entrava no carro por insistência do homem e o deixava levá-la para onde ela queria ir, deixou as lágrimas caírem novamente. Dizia o ditado que o que não te mata, te fortalece. Bobbie Caron era um diamante bruto.