Lágrimas no casaco

1494 Words
Os olhos de Ravi brilharam ao ouvir aquela frase, sem dúvida deve ser uma das suas aventuras favoritas, eu como uma boa leitora e espectadora estava amando ouvir cada história mesmo que de algum modo eu já as conhecia, mas havia algumas coisas na minha lista do que eu amo e elas eram: 1° Minha irmã, desde que Margo nasceu eu senti que era meu dever mantê-la segura, longe dos olhares estranhos e mãos grandes. 2° Livros e histórias, dependendo do dia da história e de quem a está contando, era simplesmente fascinante e tranquilizante, acho que por isso Ramona está nessa lista. 3° Ramona ela cuidava de mim uma das poucas pessoas que faziam sem ser por obrigação se não a única. 4° Controle, quanto mais controle eu tinha sobre as situações melhor eu me sentia por isso que esse pequeno salto para outra galáxia acabavam comigo, só tantas coisas acontecendo que eu nem ao menos conseguia entender. 5° As meninas do orfanato tão pequenas e sempre tão alegres, Tabata… eu queria poder saber mais sobre ela espero ter a chance. Bem essa era minha lista antes de tudo agora sinceramente não sei mais até onde esse conflitos são meus ou dela. —Pequena não está me escutando? —Diz Ravi, mordendo os lábios de ansiedade pela história que ele iria desenrolar. —Sim… Eu me perdi em alguns pensamentos, mas já estou aqui. —Está tudo bem? —Pergunta Anánke colocando a mão sob a minha. —Sim. —Falo dando um sorriso envergonhado, ele aperta minha mão e logo a solta. —Vamos deixar essa história para amanhã… Já está tarde e sinto que vão precisar de energia. —Diz Zhìzhě recolhendo as panelas. —Temos mesmo? —Sim governador. —Ressalta o sábio, todos começamos a juntar as coisas e levar para dentro, Ravi estava ligeiramente embriagado e falava coisas sem sentido, até que se jogou no sofá e acabou dormindo, por fim eu desço pela última vez para conferir se tudo já foi guardado. E encontro Anánke para olhando para as luas de um jeito enquanto jogava uma adaga para o alto e a pegava. —Eu não sei se quero ou não saber o que se passa em sua mente. —Digo enquanto me aproximo com suavidade, seu silêncio um tanto constrangido fazia com que eu entendesse que estava pensando nela. —Está tudo bem, imagino ser difícil… —Para! Eu não quero mais fazer isso… —Ele fala centrando seus infinitos olhos azuis nos meus densos e escuros olhos. —Não quer mais fazer o que? —Coloco meu cabelo atrás da orelha, Deus sabe o quanto eu critiquei personagens principais por fazerem isso só pode ser piada interna. —Te magoar, eu tenho uns 284 anos mais velho que você… —Seu olhar fica distante e frio. —Não faça isso! Não me trate como essa criança… essa criatura frágil e pequena que você, Maha e até mesmo Ravi enxergam, a muito tempo eu não sou criança, eu aprendi a cozinhar com seis anos, eu me tranquei no banheiro com oito quando namorado da minha mãe tentou… —Eu estava tentando segurar tudo o que eu podia de lágrimas, mas elas transbordavam sem ao menos me pedir permissão, o homem à minha frente parecia buscar formas vans de me acalmar, até que a dor da lembrança me jogou ao chão, então suas mãos me seguraram antes que meus joelhos baterem na grama. —Ele… —Tudo bem, está segura agora. —Ele fala me puxando contra seu peito, minhas mãos cerradas batiam contra seu corpo. —Não… porque eu não posso proteger minha irmã daqui… porque eu sinto um ódio tão forte correndo em minhas veias que torna meu sangue nocivo a mim mesma. —Eu adoraria ter a chance de dilacerá-lo com minhas próprias mãos. —Suas mãos seguraram meu corpo como se precisasse ser uma bengala me mantendo de pé. —Zhìzhě estava certo, eu tenho medo… Que vejam meus pensamentos, que vejam minhas fraquezas, o quão quebrada, errada e perdida eu sou— Começo a me soltar de seus braços que mesmo pouco relutantes se dem. — Não sou frágil, não quero aparentar ser… Eu sou forte, muito forte é que só de pensar que tudo o que eu passei, todas coisas que eu vivi, as pessoas que eu amei, as que eu odiei, as que me machucaram só de pensar que tudo isso foi ou é para ser completamente anulado, porque não escolheram uma família para mim? Porque ela? Porque? O tanto que eu tentava me entender me deixava mais confusa e estilhaçada, minha fonte de dor era o progenitor da minha maior fonte de amor, eu estava me sentindo vazia de novo… Foi quando eu senti sua respiração tão próxima a minha, tão tensa quanto, a sensação de ter seus olhos tão próximos ao meu, aquela tranquilidade que era passada para mim através de seu olhar meigo e empático, um vento frio vem em nossa direção e com uma mão ele abre o botão de prata em formato de rosa e me puxa para perto para me proteger do vento ali no calor de peito, em meio a músculos e cicatrizes, eu finalmente encontro um lugar para chorar, até que escuto alguns passo se aproximando. —O que vocês estão fazendo ai? —Diz Ravi coçando os fios dourados de seu cabelo, limpo rapidamente as lágrimas torcendo para que ele não as tenha visto. —Nada… eu apenas estava com frio. —Respondi me afastando de Anánke. —Sei… —Diz Ravi, ajeitando o cabelo. —Ele está sem camisa e alias porque você não entrou? —Porque você é tão metido? —Pergunta Anánke empurrando o amigo. —Então… vamos? —Vamos. — Responde Anánke ao loiro, antes seus olhos fitam os meus se certificando de que estava tudo bem, eu balanço a cabeça e dou um pequeno sorriso do tamanho que eu conseguia dar naquele momento, do jeito que eu treinei muitas vezes em frente ao espelho, ele mexe em seu anel procurando alguma resposta e sem a encontrar apenas me olha mais uma vez eu respiro fundo tentando não me afundar seguro a mão de Ravi e seguimos para dentro escuto o som da espada saindo da bainha e perfurando o chão, sabia que o que doía nele era ver o rosto da mulher que ele ama sofrendo desse jeito. Por alguns segundos me pergunto se não seria melhor deixar que a rainha tomasse conta apenas deixar de existir se não seria a melhor decisão, até lembrar da pequena criança que depende de mim na terra, eu olho por segundo para trás e vejo o chamado magnífico enchendo aquela bela árvore de cicatrizes com a lâmina afiada de sua espada, a precisão de apenas arranha-la sem tirar pedaços, apenas pequenas cicatrizes me fez lembrar a minha mãe. De como suas palavras doces, poemas, danças, como seus grandes olhos verdes e cabelos ondulados castanhos faziam com que todos a acharem que era anjo como sua voz era angelical, e da pior maneira possível ela trai todos que a amavam, até não restar mais nada, até todos saberem que a face angelical era apenas um disfarce para todas as loucuras sem fim, minha mãe era aquela pessoa que amar dói. Ela tinha três sonhos ser livre, rica e usar todas drogas do mundo, acho que pelo jeito que partiu ela conseguiu a última parte, lembro-me dela chorando sentada cadeira com o rosto sobre a mesa é a minha primeira lembrança como pessoa minha mãe chorando, com uma arma ao lado naquela época eu era muito pequena para entender o que acontecendo, então apenas abracei a sua perna, ela me levantou sentando me em seu colo. —Querida, eu sinto muito. —Foram as palavras dela alisando meu cabelo. —Achei que eu fosse mais forte...infelizmente não sou, vou… eu prometo tentar ser uma mãe melhor. —E ela cumpriu por 1 ano ficou sem beber, fumar ou cheirar, até conhecer o Lucas e depois Mateus era o mais legal quando ela estava muito m*l ele fazia a comida para mim e colocava na tv globinho, assistimos desenho e comíamos, ele tinha uns DVDs piratas também com filmes da Barbie e de super-heróis, eu não sei porque eles terminaram… depois veio o Edgar ele nunca entrava eu o via da janela tinha uns 30 anos o que significava ser pelo menos 10 anos mais velho que minha mãe e por fim… —Ei, salvadora está me escutando? —Diz Ravi passando a mão diante de meus olhos. —Desculpe estava viajando em meus pensamentos. —É claro… —Ele diz animado se referindo ao que havia visto a pouco. —Não sei o que fez com ele, mas eu só o vi assim uma ou duas vezes. –Assim como? —Perdido, frustrado e profundamente machucado.
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