O envelope chegou ao meio-dia, selado com lacre de cera n***a e entregue por um motorista de luvas brancas. Layla reconheceu o brasão antes mesmo de abrir – o emblema da família Al-Fayed, os rivais mais antigos de Zayn.
Dentro, um cartão de convite gravado a ouro:
**"O Baile das Máscaras
Palácio Al-Fayed
Traga sua mais preciosa joia"**
Zayn cerrou os punhos ao ler, fazendo o papel tremer.
—Não vamos.
Layla pegou o convite de suas mãos, passando os dedos sobre o relevo.
—É exatamente o que eles esperam que você diga.
Os olhos de Zayn escureceram como uma tempestade no deserto.
—Você não sabe o que esses homens são capazes.
Ela ergueu o queixo, o pingente de asas brilhando contra sua garganta.
—Então me mostre.
O vestido chegou ao entardecer – um deslumbrante modelo vermelho-sangue que parecia pintado em seu corpo. Decotado nas costas, com fendas altas em ambas as coxas e mangas longas justas que terminavam em luvas de renda.
—Pareço perigosa —Layla observou no espelho, girando para ver como o tecido se movia como líquido.
Zayn aproximou-se por trás, vestindo um smoking preto com detalhes em vermelho. Suas mãos desceram pelas curvas do vestido, parando na cinta liga onde a faca de cozinha estava presa – seu pedido especial.
—Você *é* perigosa —corrigiu ele, mordiscando seu ombro—. Eles é que não sabem ainda.
Aisha apareceu na porta, vestindo um terno branco impecável.
—Prontos para a guerra?
Zayn prendeu uma máscara de gato dourada no rosto de Layla.
—Prontos para dançar.
O Palácio Al-Fayed era um pesadelo dourado. Cristais pendurados refletiam luzes em tons de âmbar, criando a ilusão de que tudo ardia. Homens em trajes caros e mulheres em vestidos transparentes circulavam como sombras, suas máscaras escondendo mais do que revelavam.
—Sheikh Al-Mansur! —um homem alto com máscara de lobo saudou—. Trouxe sua... propriedade para exibição?
Zayn sorriu, mostrando todos os dentes.
—Minha noiva, na verdade.
A declaração ecoou pela sala como um tiro. Layla quase tropeçou, mas os dedos de Zayn apertaram os seus – um código. *Plano em movimento.*
O homem da máscara de lobo – Rafiq Al-Fayed – riu, os olhos percorrendo o corpo de Layla como moscas em carne podre.
—Que interessante. Vamos dançar?
A orquestra tocava uma valsa lenta quando Rafiq puxou Layla para o salão. Suas mãos eram garras sob as luvas, explorando cada curva do vestido como um ladrão testando fechaduras.
—Seu dono cometeu um erro —sussurrou ele, seu hálito azedo de uísque—. Ninguém traz um tesouro para a toca do lobo.
Layla sorriu por trás da máscara, girando em seus braços como uma chama.
—Talvez ele saiba que o lobo está brincando com fogo.
Seu pé "acidentalmente" pisou no dele, fazendo-o rosnar. Quando ele a puxou mais perto, ela sentiu a lâmina escondida em sua cinta liga queimar contra a coxa.
*Mais perto...*
*Só um pouco mais...*
A música parou bruscamente.
—Acho que essa dança é minha —Zayn apareceu como uma sombra, separando-os com uma mão no peito de Rafiq—. A noite está só começando.
No terraço privativo, longe dos olhares curiosos, Rafiq finalmente mostrou suas garras:
—Você acha que pode simplesmente cancelar nossos contratos? Que pode sair impune?
Zayn serviu-se de um uísque, indiferente.
—Os negócios mudam.
—*Nossos* negócios não! —Rafiq esmurrou a mesa, fazendo os copos tremerem—. Você deve lealdade aos Al-Fayed!
Foi então que Layla riu.
O som era tão inesperado que ambos os homens viraram-se para ela.
—Desculpe —ela disse, tirando a máscara—. É só que... você realmente não entende, não é?
Seus dedos dançaram sobre a cinta liga.
—Zayn não está quebrando contratos por fraqueza.
A faca brilhou sob a luz da lua quando ela a puxou.
—Ele está fazendo isso porque *pode*.
Rafiq recuou, mas foi tarde demais – Zayn já estava atrás dele, um punhal pressionado contra sua garganta.
—Aqui está meu novo contrato —sussurrou Zayn no ouvido do rival—. Você desaparece. Seus negócios sujos desaparecem. Ou na próxima festa...
A lâmina pressionou mais forte.
—...sua filha dança com minha lâmina.
O carro silencioso deslizou pelas ruas de Dubai, levando-os de volta ao palácio. Layla ainda tremia de adrenalina, o vestido vermelho manchado de suor e medo.
—Você não ia matá-lo —percebeu subitamente.
Zayn olhou para ela, seus olhos finalmente mostrando o cansaço.
—Não. Mas ele não sabe disso.
Aisha, ao volante, riu.
—Por isso que eu adoro jogos de poder.
Layla olhou para o pingente de asas refletido no vidro escuro.
—E agora?
Zayn pegou sua mão, beijando cada junta.
—Agora você me mostra como é dançar sem máscaras.
No quarto, sob a luz de velas, Zayn tirou o vestido dela como se fosse uma segunda pele. Suas mãos reverentes percorreram cada marca deixada pelo espartilho, cada arranhão da noite.
—Você foi perfeita —sussurrou, ajoelhando-se diante dela.
Layla enterrou os dedos em seus cabelos.
—Mostre-me.
E ele o fez – com a língua, com os dentes, com dedos que conheciam cada centímetro de seu corpo como um músico conhece seu instrumento. Quando finalmente a levou para a cama, foi com uma intensidade diferente – não a posse de antes, mas uma *adoração* que fez Layla gritar seu nome até ficar rouca.
—Eu te amo —ele confessou entre seus corpos suados, os olhos negros finalmente abertos, vulneráveis.
Layla puxou-o para mais um beijo.
—Eu sei.
Na manhã seguinte, enquanto o sol nascia sobre Dubai, Zayn enrolou os dedos nos dela.
—Case comigo. De verdade.
Layla olhou para o pingente de asas sobre a mesa de cabeceira, depois para o anel que ele segurava – um diamante n***o cercado por rubis como gotas de sangue.
—Só se pudermos reescrever todas as regras.
Ele sorriu, o verdadeiro sorriso que só ela conhecia.
—Já estamos.
Quando o anel deslizou em seu dedo, Layla soube:
Algumas correntes não se quebram.
Elas se transformam em laços.
A luz do sol filtrou pelas cortinas de seda, pintando listras douradas sobre os corpos entrelaçados. Layla acordou primeiro, seu corpo dolorido da noite de paixão e perigo. O anel de diamante n***o pesava estranhamente em seu dedo – um lembrete de que tudo aquilo era real.
Zayn dormia profundamente ao seu lado, seu rosto relaxado de uma forma que ela raramente vira. Suas mãos, tão capazes de violência e ternura igualmente intensas, estavam abertas sobre o lençol como se finalmente tivesse se rendido ao descanso.
Layla não resistiu – inclinou-se e beijou a palma de sua mão.
Os olhos negros de Zayn abriram-se instantaneamente, mas desta vez sem a habitual tensão de alerta.
—Bom dia, futura Sra. Al-Mansur —ele murmurou, a voz rouca de sono.
O coração de Layla acelerou.
—Isso soa...
—Perfeito? —Zayn completou, puxando-a para cima de seu corpo.
Ela sentiu seu m****o já duro pressionando contra sua coxa.
—Eu ia dizer "assustador" —mentiu, esfregando-se contra ele.
Zayn riu, um som profundo e raro que fez seu peito aquecer.
—Mentira patética.
Seus dedos encontraram seu sexo ainda sensível da noite anterior.
—Você adora ser minha.
Layla não pôde argumentar – não quando seus dedos habilidosos a fizeram gemer alto o suficiente para ecoar pelo quarto.
A banheira de mármore estava cheia de água tão quente que quase queimava, espuma perfumada cobrindo a superfície. Zayn lavou cada centímetro do corpo de Layla com uma devoção que beirava o religioso – suas mãos massageando os músculos tensos de suas costas, seus lábios beijando as marcas vermelhas deixadas pelo espartilho.
—Você estava magnífica ontem —ele confessou, lavando seu cabelo com movimentos suaves—. Quando você puxou aquela faca...
Layla virou-se dentro da banheira, sentando-se sobre suas coxas.
—Foi quando você percebeu que estava se casando com a mulher errada?
Zayn puxou-a contra seu corpo, fazendo a água transbordar.
—Foi quando percebi que finalmente encontrara a certa.
Seu beijo sabia a menta e promessas.
Aisha já os esperava na varanda, vestindo um robe de seda vermelha e um sorriso sardônico.
—Finalmente! Eu estava começando a pensar que teria que invadir o quarto.
Zayn serviu café para as três, um gesto tão simples que deixou Layla sem fôlego. Quantas vezes ela o vira sequer servir a si mesmo?
—Então —Aisha mastigou um pedaço de torrada com calma teatral—. Quando será o casamento?
Layla engasgou com seu suco de laranja.
—Nós... não falamos sobre isso ainda.
Zayn pegou sua mão sobre a mesa, o anel n***o brilhando sob o sol.
—Um mês. Tempo suficiente para planejar tudo do seu jeito.
—Tempo suficiente para você mudar de ideia —Layla provocou, embora seu coração batesse como um tambor.
Os olhos de Zayn escureceram.
—Eu te esperaria uma eternidade se precisasse.
Aisha tossiu.
—Por favor, continuem. Eu adoro café da manhã com açúcar *extra.
Foi quando Aisha mencionou os preparativos que a primeira nuvem apareceu no horizonte.
—O contrato pré-nupcial precisará ser revisado, é claro —ela disse, passando manteiga em outra torrada.
Layla congelou.
—Contrato?
Zayn parecia tão surpreso quanto ela.
—Aisha, não haverá contrato.
A irmã dele quase deixou cair a faca.
—Zayn, você não pode ser sério. Suas propriedades sozinhas valem—
—*Não haverá contrato* —ele repetiu, os olhos fixos em Layla—. Ou é tudo nosso, ou não é nada.
Layla sentiu algo quente se expandir em seu peito.
—Eu não preciso da sua fortuna, Zayn.
Ele beijou seus dedos.
—Mas eu preciso que você tenha tudo o que é meu.
Aisha levantou as mãos.
—Estou cercada de românticos. Deus me ajude.
Naquela noite, Zayn levou Layla para os jardins à luz das tochas. No centro, um pequeno lago refletia a lua cheia como um espelho prateado.
—Eu tenho uma pergunta —ele disse, tirando algo do bolso.
Era um pequeno pingente – uma asa idêntica à que Layla usava, mas em ouro.
—Você usará isso comigo?
Layla tocou o colar em seu próprio pescoço.
—Qual é a pegadinha?
Zayn sorriu, aquele sorriso perigoso e lindo que a fazia derreter.
—Nenhuma. Apenas... —ele abriu o pingente, revelando um minúsculo compartimento— ...um lembrete.
Dentro, um pedaço de papel dobrado. Layla abriu com mãos trêmulas:
**"Se um dia suas asas quiserem voar, este pingente conterá sua liberdade.
Sempre.
-Z"**
As lágrimas queimaram seus olhos.
—Isso é...
—Loucura? —Zayn completou, prendendo o colar em seu próprio pescoço—. Ou talvez apenas amor.
Quando ele a beijou sob a lua, Layla soube:
Algumas correntes não se quebram.
Elas se transformam em asas.