Fabiana narrando:
Tava lá, com o Rick e a Ana, já que a Taís tinha ido no asfalto fazer uma consulta. Eu não podia sair daquele lugar. Felipe já tava de olho em mim e, duvido que ele não soubesse que eu tinha vindo atrás do meu irmão. Pra onde mais eu iria? Meu irmão era a única coisa que eu tinha.
Fala aí – o Yuri entra com uma sacola cheia de doces, entregando pras crianças. Elas já começam a comemorar.
Acho que a mãe de vocês não vai gostar disso não, hein? – dou aquela olhada.
Relaxa, tia, a gente vai comer só um, só um – Ana diz, rindo e já devorando o pacote.
Deixa as crianças, Bibi – o Yuri fala, se aproximando de mim. – Teu irmão mandou você entregar teu celular.
Meu celular? – pergunto, confusa.
Isso mesmo. Você tá fugindo de polícia, a gente precisa dar uma olhada no seu celular. Eu encaro ele, sem acreditar.
Fala sério. Isso só pode ser coisa do tal Nem, né? – respiro fundo e me levanto, indo até o quarto. Pego o celular e o carregador e entrego pra ele. – Depois quero ele de volta, ele é novinho, viu?
Relaxa. Depois teu irmão desenrola outro pra você. Esse não vai voltar, não – ele diz, sorrindo.
Devolve, Yuri! Tem as minhas fotos, tudo da minha vida lá – insisto.
Esquece, Bibi. Foto com quem? Com o delegado? O cara quase te matou! Tu tá toda acabada. – Ele começa a rir e faz sinal, saindo da casa.
Eu me jogo no sofá, cruzando os braços, enquanto vejo as crianças destruírem o pacote de doce todo. A Taís vai me matar quando souber disso, e eu vou mandar ela vir pegar o Yuri.
Taís entra em casa, e os dois saem correndo pro banheiro, a sacola de doce ainda nas mãos, e eu começo a rir.
Estão comendo doce? – Taís pergunta, e eu olho pros dois.
Yuri e teu marido – ela solta, rindo. Eu balanço a cabeça, negando.
Olha, peguei uns panfletos pra você – ela me entrega, e eu pego os papéis.
Valeu – eu olho os cursos.
Online. Vai dar pra você fazer – ela diz, e eu ainda tava pensando no que fazer.
Ele já deve saber que tô aqui – confesso, preocupada. – Tô com medo dele vir atrás de mim, e sei lá, colocar vocês em perigo.
Relaxa. Artur não te deixaria ficar longe dele, sabendo que você precisa de ajuda – ela me olha com calma. – E, se for pra ficar com medo, o medo é que você está com vida, porque, se não fosse irmã do Artur, você já tinha morrido. Já corre solto por aí quem você é, então é normal o povo ficar de olho torto. Eu a encaro, sentindo aquele peso nas palavras dela.
Eu preciso falar com Artur, ver se tem um jeito de eu sair daqui, sem o Lucas me achar – digo, desesperada.
Pelo que eu já escutei do seu ex-marido, ele é um demônio em pessoa. Vai te caçar onde quer que você vá – ela responde, com firmeza. – Vai por mim, fica com teu irmão. Artur não vai deixar nada de m*l acontecer com você.
Eu olho pra ela, depois praqueles panfletos, e uma sensação de impotência toma conta de mim.