CAPÍTULO 56 CAROL NARRANDO Acordei com a luz entrando forte pela fresta da cortina. Peguei o celular no criado-mudo e a tela acendeu: 10h02. Passei a mão no rosto e senti a pele quente, ainda marcada pelo choro da noite. O espelho não ia mentir: os olhos inchados, vermelhos, denunciavam o quanto eu tinha me acabado no banho e depois no travesseiro. Levantei devagar, os pés gelados tocando o chão, e fui direto pro banheiro. Liguei o chuveiro e deixei a água esquentar, enquanto me olhava no espelho. A menina sorridente que eu costumava ser parecia não existir mais. No lugar, tinha alguém que carregava uma confusão que não cabia no peito. Entrei debaixo da água e fechei os olhos. O vapor subiu, e com ele veio a lembrança do beijo. As mãos dele na minha cintura, a voz rouca dizendo que ia a

