CAPÍTULO 48 CRIS NARRANDO O dia já tava me pesando nos ombros. Eu tava atrás do balcão da padaria, mexendo na vitrine de pães como quem mexe no automático. O calor da fornalha batia no rosto e o cheiro de pão fresco, que normalmente me fazia sorrir, hoje só me lembrava o quanto eu queria estar em casa, deitada. A clientela ia e vinha, cada um com seu bom dia ou com aquela cara fechada de fim de expediente. Eu respondia no mesmo tom, sem muito ânimo, mas tentando manter a educação. A mão já doía de tanto pegar saco de pão, cortar frios e passar troco. O relógio pendurado na parede parecia de propósito andar mais devagar. Ainda faltavam duas horas pra eu poder largar e a fila não diminuía. Peguei o pedido de um senhor, montei rápido, sorri de canto e chamei o próximo. — Cris, pega mais

