CAPÍTULO 128 LAURA NARRANDO Eu andava de um lado pro outro dentro do apartamento, as roupas jogadas na cama, a mala aberta, e minha cabeça um caos. O barulho da rua entrava pela janela, mas parecia distante. Tudo que eu conseguia ouvir era a voz dele, grossa, firme, cravada na minha mente: — Arruma as coisas. Amanhã tu e o Daniel vão pro morro. Morro. Favela. Como o Dante teve coragem de me falar isso? Quinze anos longe do filho e agora queria arrancar a gente daqui e enfiar no meio de tiro, de bandido, de guerra? Bati a gaveta com força, as lágrimas já escorrendo sem controle. Eu não acreditava. Não podia ser verdade. — Não, não… — murmurava pra mim mesma, jogando umas camisetas na mala. — Ele não vai fazer isso comigo… não vai. Eu queria gritar, socar as paredes, mas só conseguia

