CAPÍTULO 37 CRIS NARRANDO O sol já tava se escondendo atrás dos prédios quando eu saí da padaria. Quase seis da tarde. O corpo pedindo arrego, os pés latejando dentro do tênis velho e a cabeça a mil com as contas do mês. Tudo que eu queria era chegar em casa, tomar um banho quente e esquecer que o mundo existia. Mas o mundo não gosta de dar trégua pra gente, né? Tava atravessando a calçada, com a mochila jogada num ombro e o celular quase sem bateria na outra mão, quando ouvi o ronco da moto se aproximando. Devagar. Ritmo estranho. Aquele tipo de aproximação que já deixa a gente em alerta. Olhei de canto, fingindo que não tava nem aí, mas o coração já deu aquela acelerada. Era ele. O mesmo cara da manhã. Aquele da padaria. O do olhar invasivo e sorriso malicioso que me deu nos nervos

