CAPÍTULO 116 DANTE NARRANDO Respirei fundo, firmei o maxilar e dei um passo à frente. O moleque ainda me olhava, meio sem entender nada, mas a educação dele foi a primeira coisa que me pegou de jeito. — Boa tarde, senhor… — ele disse, baixinho, com a voz fraca. Eu travei de novo. "Senhor". Meu filho — ou não — me chamando de senhor. Engoli seco e tentei manter a cara fechada, mesmo com o peito despedaçando por dentro. — Bora entrar logo. — falei, seco, mas não consegui esconder que a voz saiu meio rouca. Ele assentiu e caminhou na frente, com a Laura logo atrás. Eu segui por último, cada passo ecoando pesado no corredor da clínica. A recepcionista, arregalou os olhos e agilizou tudo sem nem pedir documento. Era sempre assim: ninguém enrolava comigo. Já estavam cientes de quem ia vir

