CAPÍTULO 64
CAROL NARRANDO
Assim que ele saiu do quarto, fechando a porta com aquele jeito dele que nunca é leve, meu corpo desabou. Segurei o choro até não dar mais, mas quando o silêncio tomou conta do quarto, as lágrimas vieram de vez. Caí sentada na beira da cama, as mãos no rosto, soluçando sem conseguir controlar.
— Que merdä, pai… — murmurei entre os soluços. — O que tu foi fazer comigo?
O meu peito doía. Não era só medo. Era raiva. Raiva dele ter me deixado sozinha nesse mundo de dívidas e ameaças. Raiva por ter largado um rastro que agora queimava em mim.
Apoiei os cotovelos nos joelhos, o corpo inteiro tremendo, e chorei mais. Quanto mais eu lembrava das palavras do Dante, mais parecia que eu tava presa num buraco sem saída.
– Tu não pode ir embora.
– Eles tão de olho em t
