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1616 Words
Lili Harris O meu casamento é em dois dias. Eu fui avisada através de um certo bilhete entregue pelos homens que vigiam a porta e o senhor Gustavo Baldoni confirmou tudo. Por causa disso, eu já comecei a deixar as minhas coisas no ponto da mudança. Vieram deixar umas malas reforçadas aqui e eu já fui guardando as minhas coisas para não esquecer de nada. Eu não quero deixar nada meu para trás, porque eu gosto das minhas roupas e objetos, e claro, eu não faço ideia do que o meu futuro marido irá querer me dar. É, até nisso eu pensei. — Os seus vestidos estão limpos. — Dina aparece aqui no quarto com algumas roupas nas mãos. — Tem mais alguma coisa que acha que deva ser lavada? — Não. Era apenas isso mesmo... obrigada. — Eu recebo as peças e sinto o cheirinho de roupa limpa. — Ansiosa? — Eu negö. — Nervosa e tensa... eu não faço ideia do que esperar de um casamento sem o noivo presente. — Comento e me sento. — Será que ele é um bom homem? Ela não sabe responder e o silêncio começa. Graças a Deus, Dina ficou bem depois daquele ataque e por sorte foi apenas um tranquilizante mesmo. Ela voltou a trabalhar hoje, três dias depois do ataque e ela se mostra bem. Nós conversamos sobre o assunto e ela ficou chocada com o desfecho e com a ousadia das mulheres. Ela me contou que as três mulheres não eram experientes em algo elaborado e isso, quem disse foi um dos homens lá fora. Na investigação, viram que elas tinham um negócio próprio de beleza e foram contratadas por Flávio logo depois. Ou seja, Flávio estava ou ainda está vigiando Gustavo Baldoni por minha causa e ele quer me pegar. Eu morro de medo só de imaginar se ele um dia conseguir. — Eu vou te ajudar com a preparação. Eu posso fazer um penteado simples com uns grampos e spray. Posso fazer uma maquiagem leve já que será de dia e... eu conheço uma mulher que faz unhas e depilação. — Eu fico pensando. — Eu juro que ela é de confiança... tem coisas que eu não sei fazer, mas pode dar certo assim. — Confia mesmo nela? — Dina confirma. — Tudo bem... se o senhor Baldoni não intervir, tudo bem por mim. — Eu vou falar com ele. E vai ser uma chance de ela ganhar um bom dinheiro. — Dina fica satisfeita. — Eu sei que o seu casamento é bem diferente, mas eu desejo que seja bom para você... acho que Alex Baldoni pode te dar tudo que você não teve ainda. — Eu quero acreditar nisso... quero mesmo. — Eu me sento na cama. — Não tem como você me mostrar uma foto dele? — Desculpa, mas eu não posso entrar com celular aqui... — Eu não fico tão surpresa. — Eu imagino que dê muito medo, mas eles são uma família que prezam pela segurança. Eles são muito ricos, bilionários para ser exata e... se eu não engane, já foram atacados anos atrás. — O que aconteceu? — Fico mesmo curiosa. — Os detalhes não foram divulgados, mas eles fazem de tudo para que nada passe por eles. Por isso o senhor Gustavo ficou tão furioso com o ataque aqui dentro. — Eu começo a lembrar. Ele realmente ficou furioso quando entrou. Ele gritou comigo e ordenou que eu saísse na mesma hora. Ele estava mais sério que o normal e a minha força foi correr para longe dali. Eu ainda tenho pesadelos com aquele dia. Eu não dormi naquela noite, fiquei revivendo tudo e me considero uma sortuda por não ter me machucado. Foi mesmo uma sorte. Aquele tiro poderia ter me acertado, ou ela poderia ter aplicado aquilo em mim e conseguido me levar. Ou, poderia ter ocorrido um confronto maior e ter me machucado de alguma forma. Não gosto nem de pensar nessas coisas. Eu não tenho preparação com nada. — Alguém chegou... — Dina vai saindo do quarto e eu fico na espera. Eu não ouço mais nada por um tempinho e decido ir ver o que é. Eu já fico em alerta e isso é culpa daquele ataque. Aqui na porta, dá para ouvir apenas uns cochichos e é incoerente. Mas, logo eu vejo a Dina e me assusto. — O senhor Baldoni está aqui. — Ela avisa. — Ele quer falar com você. Eu vou na mesma direção e eu o vejo de pé retirando o seu blazer. Ele parece bem mais calmo agora. Parece que ele gosta de usar terno com chapéu preto, porque ele sempre aparece assim e parece aquele estilo social antigo da década de 1900. É diferente, mas é elegante. Ele é um homem alto, não tem barba e noto umas tatuagens nas mãos. Quer dizer, já notei antes. Hoje ele tem um charuto na boca e ao me ver, ele sorrir pequeno e solta a fumaça com domínio. — Como vai, Lili? — Eu apenas aceno e mostro um riso pequeno. — Se recuperou do susto? — Um pouco... eu nunca passei por nada daquilo. — Respondo com a voz falhada. — Imagino! Flávio foi ousado e descobri recentemente um dos nossos que se vendeu... ele passou informações de você. — Eu fico petrificada. — Naquele dia, Flávio ficou na espera de duas coisas... a primeira, era que se desse certo, você estaria com ele sem muita dificuldade. A segunda, era que, se desse errado, eu iria lhe tirar daqui para irmos a outro lugar e seríamos emboscados no caminho. — O meu coração erra a batida de vez. — Eu tive que pensar bem antes de descobrir tudo... ele está desesperado. Principalmente por saber que você não tem mais ninguém além de mim que foi através de um acordo. — Eu fecho os olhos por um momento e tento normalizar a tensão que só cresce. — Eu não vou mentir, Lili... a situação é delicada. Se um dia ele colocar as mãos em você, saiba que você conhecerá o infernö na terra... eu só não repito o que ouvi dele por respeito a você. Eu cambaleio aqui e tenho o suporte da Dina. Eu estou tremendo toda, a respiração já fica desconexa e eu já não ouço bem nitidamente. Eu estou apavorada! Eu lembro do ataque, dos tiros, dos corpos e sangue que teve bem aqui. Eu escapei por bem pouco. — Eu tenho feito de tudo para camuflar as coisas... apenas nós aqui sabemos a data do casamento. E claro, o advogado escolhido por Alex e ele é de extrema confiança. Então, assim que a cerimônia e assinatura dos papéis se encerrar, você será levada ao jatinho com destino à Londres. — Eu fico apenas ouvindo. — Não podemos perder um minuto sequer e não deixar rastros... por sorte, Flávio está inerte a isso. Bom, eu vim aqui para você assinar o acordo pré-nupcial. — Ele abre uma pasta e me entrega vários papéis. Eu recebo ainda me tremendo e começo a dar uma olhada com muito sacrifício. É muita coisa e as lágrimas me atrapalham toda. Pelo começo, eu vejo algo bem oficial e formal sobre a união e tem os meus dados aqui. Leio sobre estamos cientes e adepto ao casamento, aqui fala sobre eu pertencer à família Baldoni, sobre onde vamos morar e algumas observações. Aqui tem a data do casamento e diz explicitamente que, o casamento só acaba se um dos dois morrer. Ou seja, sem chance de divórcio de nenhum lado. Tem condições como: eu ser a esposa da casa que cuida do marido e que faça de tudo para manter a imagem dele intacta. Deverei ser praticamente invisível na maior parte do tempo e jamais posso estar envolvida com algum escândalo. Eu terei que ir sem me recusar a viagens com ele, caso ele precise, ir a eventos se necessário e nunca lhe cobrar de nada já que terei tudo. Tem muitas condições explicadas aqui. Iremos morar juntos, mas sabendo que ele passará boa parte fora. Eu terei de tudo dentro do limite e o que sempre é citado aqui, é que eu terei proteção e segurança. Moraremos numa mansão muito bem protegida e em caso de eu sair, serei acompanhada de homens e não haverá debate sobre isso. Tem uma hora que canso de ler tanta coisa. Esse Alex é bem exigente. Nunca cobre nada de seu marido. Nunca o enfrente. Jamais o aborreça. Nunca esconda nada dele. Nunca se neguë a ele. É claro que são em outras palavras, mas a minha mente resume. Também tem detalhes sobre eu ter “privilégios”. Eu poderei comandar a casa como eu achar bom. Poderei decidir quem trabalha na casa, poderei sair sem muita dificuldade, eu terei um cartão próprio para as minhas necessidades, terei consultas regulares para estar ciente da minha saúde e tudo mais. Logo começa a falar de filhos e a exigência é que sejam pelo menos dois. Aqui, tem um texto enorme de explicações e sinceramente, eu não leio tudo. O importante eu sei: dois filhos e se vier mais, melhor ainda para ele. Eu vou passando as folhas vendo por cima mais do que se trata e ao não ver opção, eu começo a assinar tudo. Essa opção. Eu estou presa a esse homem para a minha própria segurança. É, presa e não tem volta. Bom, só a morte pode me libertar e isso se fixa na minha cabeça assim que finalizo aqui. Estou presa a um contrato com o bilionário mais exigente e desconhecido dessa vida. Mas, mesmo assim, eu assino.
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