Ponto de vista de terceira pessoa.
O corredor se estendia diante deles, flanqueado por várias portas. Duas se abriram abruptamente, liberando mais seguranças. Um deles empunhava uma arma de calibre pesado e abriu fogo, criando uma zona de supressão impenetrável. Outros dois surgiram portando fuzis de assalto, seguidos por mais dois com submetralhadoras.
O estrondo ensurdecedor dos disparos ecoava, e Kira se movia entre o fogo cruzado — de um lado, os tiros da arma de Chang, do outro, o ataque implacável dos inimigos.
Como combustível derramado sobre o fogo que ardia em seu peito, o caos inflamava o espírito de combate de Kira. Seu olhar frio e calculista, seus passos decididos, transformavam o campo de batalha em palco de sua dança mortal. Leve como uma pluma, ergueu sua monokatana e iniciou uma coreografia letal — a última que seus inimigos teriam o desprazer de assistir.
Seus golpes eram elegantes e quase imperceptíveis. Tão rápidos e precisos que, apenas quando a lâmina já repousava em sua bainha, os corpos começaram a desabar — sem vida e, agora, sem cabeça.
Um silêncio momentâneo caiu, interrompido apenas pelo grito de dor de G.E.S.S.
Logo mais tiros e pequenas aranhas caem ao chão, o garoto está ferido. Por sorte o ácido usado contra ele não foi em um ferimento profundo, foi superficial e Kira consegue juntamente com Chang finalizar as aranhas.
Kira se abaixa para analisar o que são essas aranhas, após um tempo olhando e usando de seu conhecimento, ela reconhece:
"- Essas meca-aranhas possuem um sistema em que lançam ácido para corroer armaduras. Após a armadura ficar destruída no ponto atacado, ela insere suas presas com uma bioarma potente." Kira chuta uma que ainda se movia.
"- Você está em condições de continuar?" Kira pergunta enquanto vai até Logan que está ferido gravemente.
Logan se levanta lentamente segurando um pouco no quadril, onde a área próxima a coxa apresenta muitos estilhaços presos e a carne levemente chamuscada.
"- Acho melhor eu voltar até a médica pelo menos pra os primeiros cuidados." Desabafa Logan, com um tom frustrado.
"- Claro, afinal isso pode piorar rapidamente. Iremos aguardar no laboratório em que está o tanque. Vá junto à médica." Kira já andando até o garoto, o encara.
"- E você como está? Aguenta seguir?"
Kira pergunta de forma fria e incisiva.
O garoto apenas levanta, bate na própria roupa como se tirasse o pö que sequer está presente.
Kira o encara de forma curiosa. O olhando com muito interesse. Kira reconhece quando a pessoa é destemida. E vê que é o caso, só não sabe a motivação dele e o porquê dele não temer a morte. Isso parece intrigá-la.
Se reunindo com Chang, eles resolvem enviar na frente o andróide, como "batedor".
G.E.S.S escaneia a área em busca de acessos remotos. Localiza dois pontos remotos, são duas metralhadoras giratórias. O garoto consegue desativar as metralhadoras.
Ao virar o corredor, podem-se avistar várias portas. Todas contém uma numeração. Investigando porta a porta, Kira se depara com dormitórios, salas de controle, sala de monitoramento, sala de descanso, depósito e uma pequena enfermaria da qual Kira sinaliza para Lucy e Logan adentrarem para Logan receber os primeiros socorros, Lucy após fazer os procedimentos, ajuda Logan a utilizar uma bengala de apoio para se locomover e logo continuam o caminho. Kira os está aguardando na porta do elevador.
Ao se aproximarem, ela os instrui a ficar atrás dela sempre. Usando o cartão ela abre o elevador e adentra, logo os outros também, e então acionam o elevador. O elevador desce de forma veloz e quase imperceptível.
Assim que a porta se abriu, um frio intenso os envolveu, acompanhado por um cheiro forte de produtos químicos e esterilizantes. Um longo corredor se estendia à frente. Quase imediatamente, Kira notou movimentação: um andróide de identificação avançava. Seu objetivo era claro — autenticar ou negar o acesso.
Kira lançou um olhar a G.E.S.S., que já demonstrava apreensão.
— Essa máquina não tem acesso remoto. Não vou conseguir hackeá-la antes que nos detecte.
— E não tem um botão, um plugue, algo simples? — Kira perguntou.
O garoto então sorriu, quase zombeteiro, exibindo os dentes.
Sem dizer mais nada, correu em direção à máquina, que iniciava a varredura sobre Kira. De repente, o sistema se apagou.
— Bem lembrado. Às vezes a gente se perde em problemas tão complexos que esquece das soluções simples: botões, baterias e afins...
Kira mantém seu olhar impassível. Continua o caminho corredor à frente, logo chegam ao final onde tem uma porta. Kira pede para o garoto ajuda, já que a porta parece ter sistema de biometria.
Biometria pura, intransigente, que só cedia ao toque legítimo da carne autorizada: impressões digitais, a dança hipnótica da íris, ou o código secreto gravado no DNA. Era, para muitos, um fim de caminho.
Mas G.E.S.S. não era como os outros.
Com a serenidade de quem ouve a música por trás do ruído, ele mergulhou na arquitetura digital. Seus dedos pairaram no ar, como se dedilhassem as cordas de um instrumento invisível, e seus olhos refletiam linhas de código que dançavam como espectros. Ele não enfrentou o sistema — ele o seduziu.
Encontrou uma falha escondida sob camadas de perfeição, talvez um backdoor esquecido, um eco de comando enterrado no tempo. Forjou o impossível com a sutileza de um artista e, em segundos, a trava cedeu.
A porta deslizou com um suspiro metálico. E, da sombra além, surgiram os predadores.
Dois drones bípedes invadiram o ambiente com a precisão de máquinas e a aparência de pesadelos. Não eram humanóides — seus corpos lembravam louva-a-deus metálicos, com membros articulados e garras longas como foices monofilares, prontas para dilacerar qualquer um que não fosse identificado.
Kira toma a dianteira e já começa o combate prendendo ambas garras em uma chave, aplica a torção e consegue arrancar as duas garras de uma das máquinas. A outra porém está vindo de encontro à Kira e desfere um golpe que se assemelha com um bote. Por sorte esse golpe por ser propelido não carregava muita força de impacto e o golpe mäl arranha a pröteção de Kira. A máquina então analisando a ação muda o modus operandi e se lança num salto com as duas garras em direção à cabeça de Kira num golpe perfurante. Kira se desvia do golpe por milímetros. Quando então a outra maquina, chuta o abdômen de Kira lhe causando dor e um ferimento concussivo. Kira logo se recobra do golpe e avança contra a cabeça da máquina que ainda tem suas garras intactas, ela usa toda sua força para separar a cabeça do tronco com sucesso, só mais uma máquina em combate mas desarmada seus danos são bem mais leves que seria com as lâminas monofilares.
Kira usando sua monokatana ataca contra as pernas do andróide que logo cai sem mais condições de se manter no combate.
No corredor intrincadas linhas quase invisíveis compondo uma rede de lasers, dos quais poderiam destruir uma armadura potente e até mesmo certos tipos de blindagens borgues. Monofios esticados, sprinklers municiados com armas biológicas e cyberpragas, corredores e mais corredores com armadilhas, umas sendo desmontadas pelo G.E.S.S outras sendo necessário desativar manualmente.
Finalmente, alcançaram um imenso laboratório. Havia um sistema de esterilização a vácuo antes do acesso. Banho químico, roupas apropriadas — todo o protocolo de entrada foi seguido para preservar o ambiente estéril.
Kira começa ordenar, cada um em sua posição e função adequadas. G.E.S.S prontamente invade o sistema, Lucy se coloca atrás do tanque criogênico em busca das especificações do mesmo e tirando suas ferramentas começa a trabalhar.
Os arquivos começaram a ser baixados. Um vírus foi injetado no sistema de e-mails da corporação, com o objetivo de infectar qualquer máquina que abrisse as mensagens. Lucy, por sua vez, desacoplava o tanque da base, redirecionando o cabeamento para uma bateria externa — mantendo o suporte de vida estável.
Kira continua de guarda, e vai verificar o perímetro. Kira então resolve junto com Chang ir inspecionar a saída. Aqui tem um elevador exclusivo que leva até a cobertura para necessidade de evacuação de agentes importantes e/ou cobaia indispensável.
Em meio a penumbra Kira aguça os sentidos e capta sons de maquinário sendo acionado. Logo pode-se notar pequenos pontos vermelhos, vários deles. Kira contou pelo menos dez. São cinco andróides de combate, mais pontos apareceram e então vieram os tiros.
Kira se posicionou. Chang procurou abrigo.
— Chang... são muitos. Nem mesmo nós dois vamos dar conta antes de virarmos queijo suíço.
Ela sacou uma granada de Pulso Eletromagnético (P.E.M) e lançou. Nada aconteceu. Os andróides seguiram avançando.
— É... já estava estranho demais. Só três de nós feridos até agora. Haja o que houver, me leve. Nem que reste apenas partes de mim — murmurou Kira, séria e mórbida.
Chang, sem entender completamente o que ela queria dizer, apenas assentiu. Ela era a líder. E confiava que sabia o que estava fazendo.