- VIAGEM A EUROPA

1530 Words
Ponto de vista de terceira pessoa Kira retorna à BioCom para entregar seu relatório. Douglas a escuta com atenção, absorvendo cada detalhe. Ela explica seu plano: infiltrar-se na Vortoli para roubar projetos e destruir todas as informações relacionadas ao Berserker, o projeto secreto da BioCom. Enquanto isso, Logan assumirá um papel fundamental na estratégia, simulando que Wladimir teve sucesso no sequestro de Kira. Para tornar a farsa convincente, Logan usará um holograma avançado capaz de replicar perfeitamente a aparência de outra pessoa, criando um disfarce quase infalível. No entanto, ele possui uma fraqueza: certas condições de iluminação podem interferir na projeção, gerando distorções e falhas momentâneas. Enquanto isso, Kira será levada até os laboratórios da Vortoli, "capturada e aprisionada" dentro do tanque, dando continuidade ao plano meticulosamente elaborado. Douglas aprova o plano e garante todos os recursos necessários para a missão. Além de fornecer equipamentos, ele cobre as passagens, hospedagem e qualquer outro custo que possa surgir. Enquanto isso, Chang Liu, ainda hospitalizado, manifesta seu desejo de participar. No entanto, Kira recusa imediatamente. Para ela, uma infiltração exige discrição absoluta, e um Astro não teria utilidade nessa operação. A missão precisa ser executada de forma silenciosa — entrar e sair sem que ninguém perceba até que seja tarde demais. Quando notarem o estrago, será como o Titanic: um pequeno furo levando ao naufrágio. Mas, ao contrário da tragédia histórica, Kira quer uma destruição total. Nenhum sobrevivente, nenhum projeto, nada. Esse é o plano inicial. Chang Liu sente-se magoado com a decisão, mas compreende a justificativa. Afinal, ele quase morreu na última missão, e sua nova perna ainda está sendo cultivada no laboratório para o reimplante. Enquanto isso, Kira entra em contato com Logan para repassar os últimos detalhes e enviar o código de barras necessário para o check-in do voo. No apartamento de Logan, G.E.S.S. ainda lamenta a morte de Lucy. — Poxa, a gente estava começando um envolvimento... Eu sentia que ela gostava de mim — suspira ele, abatido. Ivan, ainda de luto pela perda do amigo, responde com seu humor ácido: — Se teve algum envolvimento, foi só para ela te envolver num lençol branco ou num saco preto. Porque, sinceramente, ela nunca te deu moral. A dor da perda ainda era recente — apenas três dias haviam se passado. O ritual escolhido foi a cremação, com os custos cobertos por Kira junto à administração da cidade. Logan e Ivan não se sentiram à vontade com a decisão, mas optaram por não intervir. No fim, nada mudaria os fatos. Viver nesse futuro é incerto. Balas perdidas sempre encontram um alvo. Explosões, acidentes com veículos vetoriais caindo sobre prédios e outros desastres fazem parte da realidade caótica do mundo em que vivem. Douglas e Alessandro discutiam. Alessandro não achava uma boa ideia Kira viajar até a Europa para invadir a Corporação Vortoli. Douglas, no entanto, demonstrava confiança absoluta no potencial de Kira. Acreditava que ela seria bem-sucedida. Alessandro, por outro lado, sentia um aperto no peito. Ciúmes? Medo? Insegurança? Ele não sabia dizer ao certo. Mas havia algo inegável: toda vez que pensava em Kira, era tomado por uma nostalgia profunda. Algo antigo, enraizado na alma. Depois de refletir, Alessandro formulou um plano. Sem revelar detalhes, avisou Douglas que faria uma viagem a Brasília. Como primeiro secretário, Douglas providenciou tudo sem questionar. Assim, naquela mesma noite de segunda-feira, Alessandro partiu rumo à Brasília para uma reunião. A seu pedido, Aurora o acompanhou. Ao chegar em Brasília, Alessandro participou da reunião com empresários e, mais tarde, jantou com acionistas e empreendedores do setor farmacêutico. Após o jantar, retornou ao hotel, onde, sem chamar atenção, se disfarçou, pegou seus documentos falsos e a passagem já preparada. Com tudo pronto, embarcou no voo para Londres, destino onde Kira provavelmente chegaria em breve. Assumindo a identidade do contato que estava encarregado de auxiliá-la, Alessandro se preparou para garantir que os equipamentos e acessórios necessários fossem transportados clandestinamente evitando a alfândega. Tudo estava minuciosamente organizado. Em breve, Kira se encontraria com o contato em uma pista de pouso para jatos particulares, onde receberia os contêineres com tudo o que solicitara: armas de fogo, explosivos, armaduras, um tanque de suspensão de vida, rádios de comunicação via satélite, entre outros itens essenciais para a missão. Disfarçado, Alessandro já estava no local. Quando avistou Kira ao longe, sentiu o coração acelerar, as mãos suarem e a garganta secar. Engoliu em seco, tentando manter a compostura. Não compreendia por que aquele turbilhão de sensações tomava conta dele. O cheiro dela... durante toda a semana, aquele aroma o enebriara, despertando nele desejos incontroláveis e levando-o a incontáveis momentos de autossatisfação. Kira logo se depara com a figura. Era um homem peculiar—usava uma máscara com filtro de gás que cobria o nariz e a boca, lentes inteligentes sobre os olhos, um chapéu incomum que lembrava Van Helsing e um longo impermeável marrom-escuro. Havia algo enigmático nele. Ele sorriu para ela, e sua voz saiu distorcida, um claro esforço para evitar ser reconhecido. Apontando para os contêineres, disse: — Aqui está, conforme combinado. Agora, vou levá-los ao hotel onde estarão já hospedados e deixarei meu contato direto, caso precisem me acionar com urgência. Seu tom emanava eficiência, mas também uma sutil preocupação. Kira o encarava, um misto de entendimento e curiosidade estampado no olhar. Havia algo naquele homem que lhe parecia familiar. Ela o analisava — a altura, a postura, o modo de falar. Não sabia exatamente o que era, mas algo nele a intrigava. — Obrigada. Quem foi mesmo que lhe colocou em contato comigo? — perguntou, tentando extrair alguma informação que a ajudasse a entender melhor quem era aquele homem misterioso. — Obviamente, foi a BioCom que me enviou como um agente de apoio — respondeu ele, como se fosse algo irrelevante. Mas para Kira, não era. Aquela informação importava. Ela percebeu que ele não podia dar detalhes, e isso bastava por ora. Saber que contaria com o apoio de um facilitador era um alívio, especialmente porque Logan não poderia ajudá-la ali — sua rede de contatos naquele país era inexistente. O homem começou a se afastar, mas ainda a observava. Alessandro percebeu que Kira suspeitava de algo. Talvez não tivesse certeza, mas seu olhar atento denunciava que buscava pistas. Agora, com seus equipamentos e todo o aparato necessário, Kira contava com o suporte do G.E.S.S e de Logan. Logan assumiria a identidade de Wladimir K. Vortoli, enquanto uma equipe de técnicos aleatórios auxiliaria no disfarce, operando o tanque de suspensão de vida onde Kira estaria "aprisionada". As engrenagens começaram a se mover. G.E.S.S iniciou a invasão ao sistema da Vortoli — uma verdadeira fortaleza digital. Enorme. Por sorte, eles haviam conseguido alguns dados valiosos com os cientistas e com o Wladimir original, o que lhes permitia saber exatamente onde estavam armazenadas as autorizações e leituras biométricas. Agora, precisavam alterar os registros para que, ao escanear Logan, o sistema retornasse os dados de Wladimir. Simultaneamente, G.E.S.S também inseria as informações dos técnicos que acompanhavam Logan na missão. Logo, todos embarcaram nos veículos de transporte previamente preparados. Os técnicos manusearam Kira com cuidado, acomodando-a dentro do tanque de suspensão. G.E.S.S rapidamente ajustou as configurações, garantindo que os dados exibissem a ilusão de um coma induzido. Enquanto isso, Logan já operava sob o disfarce de Wladimir K. Vortoli. Com a voz controlada, ele iniciou o contato: — Michelle Vortoli, minha querida irmã, estou levando a cobaia para os laboratórios. É uma pena que esteja viajando. Seria importante você nos receber. — Sua frustração era fingida, mas convincente. Do outro lado da linha, a resposta veio carregada de um entusiasmo perturbador: — Não se preocupe, irmão. Confio que saberá apresentá-la devidamente ao nosso grupo. Eles estão ansiosos para dissecá-la, embora, se o que dizem os arquivos for verdade, isso poderá levar muito, muito tempo. O tom de excitação em sua voz era quase palpável. Logan manteve a compostura. — Sim, assim que chegarmos, iniciaremos os testes. Quando você voltar, já teremos alguns resultados satisfatórios. Ele encerrou a ligação, mas seus olhos permaneceram fixos no tanque onde Kira estava. Ele e Ivan já haviam testemunhado sua impressionante capacidade de regeneração antes, mas agora, após ouvir as palavras de Michelle, Logan teve a desconfortável sensação de que conhecia apenas o refrão de uma música complexa— e que a melodia completa poderia ser muito mais sombria do que imaginava. Eles adentraram a garagem do subsolo -4. O laboratório secreto para onde Kira seria levada ficava ainda mais abaixo, no subsolo -8. Sem hesitação, seguiram diretamente para o elevador que daria acesso ao laboratório. Tudo ocorria conforme o planejado. As câmeras registravam cada movimento da equipe, ao mesmo tempo em que escaneavam e identificavam cada integrante. Por enquanto, nada fora do esperado. O plano seguia sem contratempos. Agora, restava saber se tudo permaneceria tranquilo dentro do laboratório. G.E.S.S monitorava tudo com atenção. Ele sabia que era provável a existência de mainframes dedicados às redes locais do laboratório, o que exigiria uma configuração manual quando chegassem lá. Essa possibilidade o deixava inquieto—mas, de um jeito peculiar, também animado. Por algum motivo, essa missão na Europa parecia empolgá-lo mais do que o normal.
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