Giorgia
Eu não conseguia conter o enorme sorriso no meu rosto o tempo todo enquanto o comissário de bordo nos conduzia até nossos assentos na cabine da primeira classe. Atlas conseguiu me sentar ao lado dele, embora ainda houvesse um corredor largo entre nós.
Era um luxo total, com assentos enormes e espaçosos que se estendiam até uma posição reclinável, TVs individuais e até pequenas prateleiras para colocar coisas, para que eu não precisasse manter todas as minhas coisas amontoadas na mesa da bandeja.
— Alguma coisa que eu possa trazer enquanto esperamos para decolar? — Talvez fosse só minha imaginação, mas parecia que os funcionários eram mais educados na primeira classe.
— Champanhe — eu disse corajosamente, e ouvi Atlas rir.
— São dois, por favor — Atlas interrompeu.
— Claro. — Ela sorriu antes de se afastar, e eu aproveitei o momento para continuar admirando o assento, ainda incrédula de que era meu. Atlas pegou minha bagagem de mão com delicadeza e a colocou no compartimento de bagagem acima do meu assento. Levantei um dedo em protesto, mas, quando percebi, ele já havia terminado o trabalho. Não consegui nem pronunciar uma palavra.
— Parece bonito, mas a melhor parte é sentar nele — brincou Atlas.
Virei-me para vê-lo se jogar no assento, cruzando as mãos atrás da cabeça e com um sorriso irônico no rosto.
— Ah, sim, é isso mesmo.
Eu era mais cuidadosa na minha abordagem, cautelosamente manobrando para sentar, como se fosse quebrar alguma coisa. A cadeira era o paraíso — macia, de couro marrom, no qual eu simplesmente afundei. Era tão confortável que não consegui evitar um longo suspiro de satisfação.
A comissária de bordo reapareceu, entregando a cada um de nós uma taça de champanhe, e eu me virei para ver Atlas se inclinando em minha direção, preparando-se para um brinde.
— A que estamos brindando?
Ele olhou para o lado, estreitando os olhos enquanto considerava o assunto.
— Essa sim é uma ótima pergunta. Que tal... experimentar coisas novas?
Eu sorri.
— Gostei disso.
Estendemos as mãos pelo amplo corredor e batemos nas bordas das taças antes de levantar a taça de espumante aos lábios, a bebida tão saborosa que soltei um gemido de apreciação. Os outros passageiros entraram em fila e, dez minutos depois de recebermos nossas bebidas, o piloto entrou no sistema de som para nos avisar que estávamos prestes a decolar.
A vista da minha janela me proporcionou uma visão incrível de Nova York lá embaixo. Observei-a enquanto decolávamos, a extensão das luzes laranjas parecendo infinita. Sorri enquanto tomava meu drinque, sabendo que voltaria em alguns meses para começar a carreira dos meus sonhos.
Atlas me avisou que ele passaria o voo dormindo ou cuidando de coisas diversas no laptop dele.
— Você vai trabalhar? O objetivo da aposentadoria antecipada não é que você não precise mais fazer isso?
Ele riu baixinho.
— Bem, nenhum de nós realmente parou de trabalhar. Todos temos projetos paralelos que nos mantêm ocupados. Senão, eu enlouqueceria.
Com certeza, em poucos minutos ele já tinha seu MacBook sobre a mesa, com uma expressão séria enquanto trabalhava em alguma coisa. O que ele disse fazia total sentido — você não chega a ser bilionário sendo preguiçoso. A menos, é claro, que você tenha nascido assim.
Ele trabalhou e eu bebi, finalmente pegando o cobertor do pequeno compartimento embaixo da TV e me enrolando nele. Era divino, um contraste total com o cobertor áspero do voo para Newark.
Assim que me acomodei, abri a seleção de filmes na TV, escolhi A Princesa Prometida, um dos meus filmes favoritos, e tomei meu champanhe enquanto assistia. De vez em quando, com o canto do olho, olhava para Atlas, que já havia terminado seu espumante e voltado para o uísque. Enquanto ele bebia e trabalhava, tive que admitir que a expressão séria e focada em seu rosto era meio sexy.
Pare com isso, Giorgia. Você absolutamente não pode ter esses tipos de pensamentos. Atlas pode ser sexy, mas isso não importa. Você está ali para fazer um trabalho.
Deixei o pensamento se instalar na minha mente. Mesmo sabendo que era verdade, eu ainda não conseguia evitar olhares furtivos para o tio gato da minha melhor amiga. Ele era bonito, engraçado e charmoso, com uma atitude cheia de energia que era totalmente contagiante. Eu simplesmente teria que aprender a apreciar tudo isso em um contexto platônico, por mais difícil que parecesse no momento.
Terminei o filme e desfrutei de um jantar surpreendentemente bom para uma refeição de voo. Com o estômago cheio, meus olhos começaram a ficar pesados. Desliguei a TV e reclinei meu assento, afundando ainda mais no couro macio enquanto adormecia, pensando na aventura que estava por vir.