5 - Bela casa

1411 Words
Giorgia Georges pressionou um botão no teclado do portão, e as portas se abriram lentamente. Meu coração começou a disparar de expectativa, ansiosa para ver o que se revelava além. Quando Georges passou por elas, pude ver meu primeiro vislumbre da propriedade. O edifício principal me chamou a atenção imediatamente, a estrutura erguida nas colinas com vista para o mar. As linhas elegantes e angulares da casa contrastavam fortemente com as colinas acidentadas, e as fachadas de vidro davam a impressão de estar me aproximando de um palácio futurista. A estudante de artes em mim absorveu a vista do edifício, apreciando as linhas retas e os ângulos agudos. Era impossível não notar a atenção aos detalhes em cada aspecto do seu design. As fachadas estavam ligeiramente inclinadas para a frente, dando a impressão de que o edifício estava prestes a saltar para o oceano. A interação entre sombra e luz chamou minha atenção, com a estrutura branca e rígida do edifício parecendo brilhar sob os raios de sol, projetando padrões no chão abaixo. Era impressionante, e sorri ao pensar no arquiteto que projetou o lugar, dedicando tempo para criar tal efeito. Quando chegamos à casa, a magnitude da propriedade capturou minha atenção. A grama era perfeitamente bem cuidada, verde e vibrante. Havia um jardim esculpido e até mesmo uma piscina infinita cintilante que parecia transbordar da borda da colina. O efeito era incrível: uma vasta propriedade que, de alguma forma, parecia escondida e remota. Havia algumas outras construções no terreno — uma que parecia ser uma casa de piscina, outra, uma casa de hóspedes. Uma estrutura semelhante a um armazém me dava a impressão de ser uma garagem. — Eu peguei isso pelo olhar no seu rosto. Você gostou do que viu? — Atlas disse enquanto Georges parava o carro em frente à casa. — É... eu nem sei o que dizer. Vocês realmente sabem viver. Atlas riu baixinho. — Vamos, estou ansioso para te mostrar o lugar. Ele abriu a porta e saiu, virando-se suavemente e me oferecendo a mão. Eu a agarrei, sentindo a tensão se dissipar enquanto seu toque me envolvia. Eu queria que ele fizesse mais com aquelas mãos, que as passasse por todo o meu corpo, entre as minhas pernas... Foco no trabalho. Foco no trabalho, p***a. Recuperei os sentidos quando saí do carro, com o enorme edifício surgindo diante de mim. Enquanto Georges pegava as bolsas, segui para o final da propriedade, perto da piscina de borda infinita. A vista era deslumbrante. Diretamente abaixo, havia outras grandes propriedades, a colina descendo até Louveciennes ao longe, com a praia logo abaixo. — Agora, parece que estamos um pouco longe da praia — disse Atlas enquanto se aproximava de onde eu estava. — Mas vê aquela trilha ali embaixo? — Ele apontou para o lado, para uma pequena área fechada. — Entre em um dos carrinhos de golfe e você estará na praia em cinco minutos, o que te leva direto para a cidade. E sim, nossa parte da praia é particular. — Ele então apontou para outra trilha que subia mais alto nas colinas. — E bem lá em cima está a vista mais linda que você já viu esperando por você. É simplesmente outro passeio rápido no carrinho de golfe ou uma caminhada agradável de trinta minutos — o que você preferir. Dei a mim mesma mais um momento para absorver tudo. — Vai levar um tempo para me acostumar com isso — disse. — Passei os últimos dois anos espremida num apartamento minúsculo em Chinatown com outras duas garotas. — Você vai ter tempo, não se preocupe. Acostumar-se a viver assim também foi um ajuste para mim, para ser honesto. Mas de qualquer forma, vem, vamos avisar aos meus irmãos que estamos aqui. Dei mais uma olhada na vista incrível diante de mim, querendo gravar aquela imagem na memória antes de nos virarmos e começarmos a voltar para a casa. — Então, vocês todos vivem aqui juntos, certo? Ele me lançou um sorriso malicioso. — Pensar que três homens adultos compartilham a mesma casa assim é um pouco esquisito? Minhas bochechas ficaram vermelhas. — Não, não acho estranho. Mais... incomum. — Incomum é uma boa maneira de chamar algo estranho. Eu também aceitaria excêntrico. Eu ri, e Atlas me acompanhou. — Quer dizer, não é algo que se veja todo dia. Admito que é um pouco estranho. Mas trabalhávamos juntos há tanto tempo que praticamente morávamos juntos, de qualquer forma. Trabalhávamos na casa de Átila do amanhecer ao anoitecer, desabafávamos lá quando estávamos exaustos e acordávamos para fazer tudo de novo. Eventualmente, chegou a um ponto em que parecia e******o para mim e para o Artem termos nossos próprios lugares. Então, construímos isso. — Ele apontou a mão em direção à casa. — Funciona para nós, há tanto espaço aqui que passamos dias inteiros sem esbarrar um no outro. — E o Brian gosta? Ele sorriu. — Ele adora. Quando construímos este lugar, ele estava bem no meio dos nossos pensamentos. Nenhum de nós conseguia imaginar como seria para uma criança da idade dele perder os pais, então queríamos construir uma casa onde ele se sentisse confortável, com muito espaço para brincar. — O que aconteceu com os pais dele? — Perguntei, com os olhos brilhando assim que a questão saiu. — Desculpe, não quero me intrometer, se não for da minha conta. — Não, isso é seu direito. Você vai passar o verão aqui, então já sabe o que está acontecendo. O que o Atila te contou sobre o Brian? — Só que ele era a pessoa de quem eu cuidaria, que ele estava aqui há apenas alguns meses, que vocês eram loucos por ele, mas não achavam que teriam o tempo que ele merecia. Tudo verdade. Estamos todos muito ocupados e ainda tentando descobrir como conciliar as coisas para encontrar uma rotina que funcione para todos nós, principalmente para o Brian. Estamos nos ajustando, mas, mesmo assim, queríamos alguém que pudesse se concentrar cem por cento no pequeno, dar a ele a atenção que ele precisa enquanto resolvemos o resto. Ele esfregou a nuca com a mão enquanto desviava o olhar, como se tentasse encontrar as palavras certas para dizer. Ou, talvez, reunindo coragem para abordar um assunto difícil. Georges e dois criados que haviam saído da casa estavam ocupados descarregando nossas malas e levando-as para dentro. — Os pais dele, Jared e Cindy... é doloroso até falar sobre isso. Balancei a cabeça. — Você não precisa discutir se for doloroso. — Não, você deve saber. Átila só contou que eles passaram, certo? — Certo. Mas não como. — Acidente de carro. Eles estavam indo pela 405, ao norte de Santa Monica, quando foram pegos por uma tempestade repentina e bateram. O carro desgovernou e bateram direto em um caminhão em movimento. Ambos morreram na hora. — Oh meu Deus. Isso é horrível. Ele assentiu. — Não consigo imaginar uma tragédia pior. Graças a Deus que o Brian não estava com eles. — Fez uma pausa, parando um momento para se recompor, como se a ideia de algo acontecer com o Brian, mesmo que hipotético, fosse demais para ele suportar. — De qualquer forma, a Cindy era a chefe do nosso departamento jurídico, o que significava que ela era próxima o suficiente para o Átila ser padrinho do Brian. E eles não tinham outra família em quem confiassem. — Então agora ele está aqui com vocês. Atlas sorriu. — É, é mesmo. É uma loucura como ele está aqui há pouco tempo, mas mesmo assim não consigo imaginar a vida sem ele. Crianças são meio mágicas assim, né? A maneira como ele falava e o sorriso em seu rosto não deixavam dúvidas sobre o que sentia por Brian. Antes que pudéssemos continuar a conversa, uma voz vinda de um alto-falante preencheu o ar. — Vocês vão ficar conversando aí o dia todo ou vão entrar e dizer oi? Eu sorri, reconhecendo a voz de Átila. — Desculpe! — Atlas acenou com a mão no ar. — Só mostrando um pouco o lugar ao nosso convidada. — Entre e relaxe um pouco — disse outra voz, tão grave quanto as demais. — Tem uma algo aqui esperando por você. Atlas fez um gesto com a mão em direção às portas da frente. — Podemos? — Vamos. Juntos, fizemos nosso caminho até as portas da frente da propriedade, Atlas abrindo-as enquanto ele me encarava.
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