Andrew Lancaster Estou na janela da minha sala, como em quase todas as manhãs. As mãos afundadas nos bolsos da calça social, o corpo inclinado levemente para frente, os olhos fixos no que se movimenta lá embaixo. Do alto desse prédio, de um dos pontos mais altos da cidade, a vida parece microscópica: carros que não param, buzinas, passos apressados, centenas de desconhecidos com destinos que jamais saberei. Todos correndo, vivendo, lutando por alguma coisa. Às vezes, observo isso como quem olha para uma colmeia. Uma máquina viva. Mesmo vendo isso todos os dias, não me canso. A vista é a mesma, mas as sensações mudam. Hoje, sinto um incômodo. Sou o único herdeiro do nome Lancaster. Um império que começou com o suor do meu avô e que se transformou em uma engrenagem perfeita de luxo, p

