Clara Menezes
Já se passaram mais alguns dias desde que fechei o caderno da Lila pela última vez.
Dias em que decidi não tocá-lo, não porque não queira respostas, mas porque precisava respirar por um tempo. Precisei olhar para o Mateo e encontrar forças para não me deixar afogar naquele turbilhão de revelações. Mesmo assim, o medo não me largou. Já são dias de confusão e de ideias que não param de me deixar maluca e sério, pensei em muita coisa.
Quase não consegui trabalhar e quase fiz besteira.
Sonhei tantas vezes que tiravam o Mateo de mim. Sonhei com vozes que eu não conhecia, dizendo que ele não era meu, que eu não tinha direito. E o choro dele é de angustiar. Acordei suada, ofegante, com o coração acelerado, e ainda com a sensação de braços vazios, mesmo com ele dormindo no berço
