Cap: 3 — ANTHONY

1355 Words
Dias atuais... Estou parado a beira da imensa parede de vidro admirando a beleza lá fora, os meus dias são tão corridos que às vezes eu não tenho tempo de parar e apenas observar coisas, esses últimos dias tenho andado meio reflexivo, anos e anos a minha vida tem estado com o controle dela na palma das minhas mãos, nada sai do planejado, não cedo a sentimentos amorosos, exceto o maternal, sou dono da minha vida e das minhas escolhas, me deixar levar por sentimentos nunca mais, me apaixonar nunca mais, fui machucado, deixado, hoje vivo aguardando me redimir, o fardo da culpa é pesado, e volta e meia penso e se eu realmente tivesse agido diferente?. Eu teria meu filho comigo, ele teria 11 anos hoje. Me pego pensando naquele dia. —*— Há 12 anos atrás... Melanie estávamos em pé de guerra, ela ia fazer 4 meses de gravidez e a sua carreira de modelo estava indo de vento e polpa, não queria ela viajando, mas cedi e compreendi que era seu sonho, deixei ela, porém avisei que quando ela tivesse o bebê, ela teria que abrir mão de certos trabalhos internacionais, pois não queria essa rotina para meu filho, brigamos feio e ela cedeu... Fizemos um acordo que ela iria sim, se alguém da família pudesse ir junto, para o bebê não ficar nas mãos de estranhos, sei que tanto a minha mãe quanto a dela ficariam felizes em ficarem com o bebê, assim como eu, ajudaria e apoiaria no que eu pudesse. Estava no meu quarto terminando de me vestir, sairia hoje com uns amigos da faculdade, além de falar de negócios, iria espairecer um pouco, cada dia que passa o meu relacionamento com a Melanie tem se tornado um pouco insuportável, estou terminando de vestir a calça e a Melanie chega quase quebrando a porta, apenas olho e continuo vestido minha camisa, ela passa um tempo olhando eu terminar de abotoar, em meio aos seus olhares raivosos, eu decido quebrar o silêncio. — O que aconteceu Melanie? — Falo calmamente enquanto dobro as mangas da camisa até os cotovelos. Sim, estou em busca de respostas para seu comportamento vil, não tenho dado motivos para chiliques, não estamos dormindo juntos, eu realmente não sinto mais nada por ela, mas estou disposto a tentar fazer dar certo pelo meu filho, somente por ele, e tenho tentando ser carinhoso, estou fazendo o meu melhor. Porém dormir no mesmo quarto que ela nunca, nem com ela... Nem com ninguém. Eu ainda quero e prezo ter a minha privacidade, não gosto muito de dormir com ninguém, sei lá é estranho, a cama tem outras utilidades, dormir com as mulheres que me relaciono sexualmente estava fora de cogitação. Mesmo sendo super bobo e apaixonado pela Melanie, não abria mão de dormir sozinho. Não há mulher no mundo que me faça voltar atrás nessa decisão, se não tive vontade antes, hoje já não tenho mais vontade nenhuma de ser assim, mas vou tentar se maleável pelo meu menino. — Aconteceu que está todo arrumado... Aonde você vai? — Cruza os braços. Arqueei as sobrancelhas e a olho por alguns segundos, com essa forma de ser, ela não conseguiria nada de mim, enfim me dou por vencido, ela está grávida, mamãe falou que elas ficam meio estressadas, então decido ceder. Respiro fundo e lhe respondo: — Sair com Theodoro, vamos encontrar alguns amigos da faculdade. Calma Anthony... Respira... Issoo... Se controla! — E quem vai me impedir Melanie? Que m*l há em sair com meus amigos? Ontem você saiu com as suas e voltou bem tarde a propósito, eu não tive objeções quanto a isso, você pode sair, então não fique me prendendo a esse apartamento, minha vida é faculdade, trabalho e você, hoje que vou me divertir você fala isso? — Então eu vou com você! Ela fala autoritária, e eu que estava chateado, fico pior a ponto de ebulição. — Não! Só irá homens! Portanto você não vai! — Olha Anthony a minha paciência está se esgotando. — Se a sua está, imagina a minha... — Sei o que vai fazer! — O que eu irei fazer? — Ficar com outras! — Está maluca Melanie? — Não, estou totalmente lúcida, se não transa comigo é porque está transado com outras... Seu amigos são solteiros e safados, sabe que não gosto deles. — Me conte um novidade... — Ri mesmo sem humor. — A surpresa seria se você gostasse de alguém. — Eles que não gostam de mim... Eu vou me trocar, pois eu vou. Perdi a paciência que tinha... — Não! Eu já falei que não vou lhe levar, se está entediada ligue para as suas amigas e saia com elas... Ela começa a gritar estérica. E saio do quarto sem nem olhar para trás, pego as chaves do carro, telefone e carteira, pego o elevador sem nem pensar, ela corre, mas a porta está se fechando, só escuto ela gritando meu nome. Realmente estava cansado dessa loucura dela, só queria beber um pouco e desistressar, nunca a trai, não seria agora que o faria... Horas depois, eu voltei para o apartamento, estava precisando disso, calmaria, uma dose de bebida e uma boa conversa com meus amigos... — Melanie. —Bati na porta do seu quarto e ela não estava, liguei diversas vezes, para o seu celular, contatei os seus pais e amigos, e ninguém sabia dela. Depois de uma semana recebi uma Ligação dela, com a pior notícia da minha vida. — Nosso filho morreu! E a culpa é toda sua! Eu não sei o que senti, porém tive que me segurar se não eu ia cair. — Onde você está? — No meu apartamento... — Estou indo aí. Chegando ao apartamento dela, ela estava pálida e com as malas feitas. Já saio entrando, olho as malas e não entendo nada. — Diz que não é verdade! — Sim, é! — Fala seca e fria. — Após você sair, eu senti dores fortes e sofri um aborto. Começo a chorar, meu Deus... — E só agora me conta? — Olha Anthony, eu nem ia lhe contar... Senti no sofá, passo as mãos nos meus cabelos, enterro meu rosto no meio de minhas mãos, eu me sinto um desgraçado e infeliz por deixar meu filho morrer. — Para onde você vai? — Falo meio perdido, ao vê-la pegando as mala. — Viajar... Recebi uma proposta de emprego e só volto daqui há um ano. Vou viver a minha vida Anthony, já que está vivendo a sua. — Eu nunca te trairia... — Eu sei, mas acho melhor assim, está livre Anthony, era isso que queria não é? Fiz aquilo que achei certo, brigar não nós levaria há ligar algum. — Melanie, eu vou esperar você organizar os seus pensamentos, se depois disso ainda ame quiser estarei aqui para você, pelo meu filho... Se precisar de mim estarei aqui para lhe dar um suporte nescessário. Após falar isso ela sai sem ao menos olhar agora trás. Dias atuais... Não sou de viver o passado, porém ele me fez ser mais forte, e vi que me envolver demais não dá certo, na verdade nunca me apaixonei de verdade, me forcei a ter um relacionamento com a Melanie e quis que desse certo, desde o momento que ela perdeu nosso filho, prometi que não me envolveria com ela, me senti culpado, e por meu filho que hoje é um anjo, eu voltaria e formaria uma família com sua mãe, não precisaria dizer que todos da minha família, são contra, dizem que ela abortou meu pequeno, mas não quero pensar que ela seria tão má a esse ponto. Mas me apeguei a isso... Que esperaria ela vencer esse trauma e esperaria por ela, e não abriria meu coração para ninguém, a não ser para ela. As vezes me pergunto o que me leva pensar isso, falta de esperanças no amor e culpa! Meu filho morreu porque eu continuei vivendo vida de solteiro enquanto devia ficar em casa com ela, se agisse certo... Hoje meu menino estaria nos meus braços.
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